L7 compensa espera de 25 anos com show avassalador em SP

L7 compensa espera de 25 anos com show avassalador em SP

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Fotos: Drico Galdino

O L7 tem uma linda história com o Brasil desde quando esteve por aqui em 1993. As garotas roubaram a cena no extinto Hollywood Rock, quando tocaram ao lado do Nirvana. Seu show foi considerado um dos melhores daquela edição. Com a explosão do álbum “Bricks Are Heavy”, singles como “Monster” e “Pretend We’re Dead” rolavam exaustivamente em rádios e com clipes na MTV. Porém, alguns anos depois o grupo entrou em hiato.

Para alegria dos fãs, a banda norte-americana anunciou no início de 2015 o retorno com a formação original após 14 anos de “férias”. Donita Sparks (vocal e guitarra), Suzi Gardner (guitarra e vocal), Jennifer Finch (baixo e vocal) e Dee Plakas (bateria) estavam ansiosas para voltarem aos palcos. As primeiras datas de shows e o lançamento do documentário “Pretend We’re Dead” mostraram que elas estavam realmente de volta.

Assim como nós brasileiros queríamos reviver aquele momento novamente, o L7 também estava louco para retornar ao Brasil. No final de 2015, o grupo então fez uma campanha nas redes sociais para tocar por aqui. Donita e Dee chegaram a se apresentar no país em 2009, mas a repercussão não foi das melhores.

O fã-clube da banda realizou um abaixo-assinado e também campanhas nas redes sociais, até que surgiu a notícia de que teríamos o L7 no Brasil! Houve uma repercussão positiva por conta dos shows, só que a notícia era fake. Os fãs frustrados entraram em contato com a banda e receberam a notícia de que realmente a informação era falsa. Mas finalmente, em junho deste ano, a produção da Powerline anunciou a vinda das meninas.

Uma das apresentações da turnê foi agendada em São Paulo, no Tropical Butantã. Para manter o clima nostálgico, a Pin Ups, da Alê Briganti, seria uma das bandas de abertura. Naquele antigo Hollywood Rock, a vocalista esteve presente nos bastidores do festival com João Gordo, o qual teve um relacionamento na época. O casal ficou amigo de Kurt Cobain e chegou a sair de balada na Rua Augusta.

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Há poucos dias do show, a Powerline divulgou a presença do Soul Asylum também como abertura, aproveitando o cancelamento de um festival que aconteceria em Sorocaba onde a banda tocaria. O clima “noventista” estava presente no ar. Essa energia se manteve até a chegada da apresentação, que ocorreu no último domingo (02). O público, boa parte na faixa dos 30 anos, compareceu em peso no Tropical Butantã. A maioria com suas camisas xadrez e camisetas de bandas de Seattle. Mais grunge que isso impossível.

A galera entrava aos poucos no Tropical Butantã, enquanto as bandas Deb and The Mentals e Pin Ups se apresentavam. Por volta das 20h, já com a casa praticamente cheia, foi a vez do Soul Asylum subir ao palco. Conforme comentou em entrevista conosco, Dave Pirner e companhia fizeram um setlist reduzido comparado com os shows anteriores, porém, não deixou de lado os sucessos da década de 1990.

A apresentação começou morna com canções como “Misery” e “I Will Still Be Laughing”, mas foi crescendo ao longe da performance. O momento alto do show foi durante a sequência dos sucessos “Somebody To Shove”, “Black Gold” e “Runaway Train”. A balada, clássico absoluto do Soul Asylum, foi cantada a pleno pulmões por todos os presentes. Era nítida a alegria de Pirner por conta da recepção positiva da plateia.

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Se o público estava um pouco contido com os shows até aqui, o cenário mudou completamente quando o L7 entrou no palco. Às 21h40, Donita, Jennifer, Suzi e Dee enfim acabaram com a ausência de 25 anos na capital paulista. A performance começou com “Deathwish” e “Andres” levando a galera à loucura, com direito a coreografias entre Donita e Jennifer. Na sequência, foi a vez dos sucessos “Everglade” e “Monster”, cantados por todos os cantos do Tropical Butantã. As quatro garotas, todas com mais de 50 anos, continuam com a mesma disposição de antes. Dee inclusive está recuperada após quebrar o braço direito este ano.

Durante o show, Donita pediu algumas vezes para acenderem as luzes no público, como forma de conversar olhando para os fãs. A cantora ainda perguntou quem esteve naquele janeiro de 1993, quando a banda tocou no Hollywood Rock. Pelas mãos levantadas, muitos ali foram aos lendários shows.

A atitude rock n’ roll do L7 no palco continua presente no palco, tanto pelas chacoalhadas de cabeça como também pelas músicas novas. Apesar de todo o clima de nostalgia da noite, o repertório contou com as recentes faixas “I Came Back to Bitch” e “Dispatch From Mar-a-Lago”. A última com direito a críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Do álbum “Bricks Are Heavy”, o mais popular da carreira das meninas, também estiveram presentes “Shitlist” e, claro, “Pretend We’re Dead”, grande clássico do quarteto.

Depois desse show uma coisa ficou praticamente certa: teremos o L7 novamente no Brasil e não será daqui a 25 anos. O entusiasmo e energia das garotas no palco proporcionou esse pensamento. Outro fator para chegar a esse raciocínio é que o próximo álbum de inéditas delas deve ser lançado em 2019. Por enquanto, o que podemos dizer é: obrigado L7 pela bela noite grunge!

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Setlist:

Deathwish
Andres
Everglade
Monster
Scrap
Fuel My Fire
One More Thing
Slide
Crackpot Baby
Must Have More
Drama
I Came Back to Bitch
Shove
Freak Magnet
(Right On) Thru
Dispatch From Mar-a-Lago
Shitlist

Encore:
American Society
(Eddie & The Subtitles cover)
Pretend We’re Dead
Fast and Frightening