The National – Sleep Well Beast | Resenha

The National – Sleep Well Beast | Resenha

SLEEP WELL BEAST – THE NATIONAL

Nota: 9

Em tempos de Internet e “vazamentos” – propositais ou não – é preciso cada vez mais criatividade para chamar a atenção na hora de lançar um novo trabalho. Os norte-americanos do The National decidiram disponibilizar, alguns dias antes do lançamento oficial, todas as músicas de “Sleep Well Beast”, sétimo álbum da banda, na íntegra, mas gravadas ao vivo.

Nessa sexta-feira, dia 08, o disco chegou às principais plataformas de streaming em sua versão de estúdio. Já fazia quatro anos desde “Trouble Will Find Me”, o que acabou gerando uma grande expectativa por parte dos fãs e da crítica também. Mas, logo na primeira audição, já é possível ter certeza de que valeu a pena esperar.

E o que acontece é que, a cada vez que o ouvinte retorna ao início das 12 faixas, o disco parece ficar ainda melhor. Na verdade, quando o primeiro single, “Guilty Party”, apareceu, há alguns meses, já deu para acalmar o coração, sabendo que eles estavam de volta com a mesma essência e melancolia que os acompanha desde o início, há quase 20 anos. No entanto, ouvidos mais atentos também detectaram que havia algo mais. Sim! Não se trata apenas de mais um disco como os outros, o que – é bom que se esclareça – já seria bom demais!

Em “Sleep Well Beast”, a banda do vocalista Mett Berninger chega apostando em um lado mais experimental, tanto nas letras quanto na sonoridade. Talvez seja esse o motivo para o maior intervalo entre discos da carreira do The National. Precisavam de tempo para se “reinventar” sem deixar para trás tudo o que conquistaram até aqui.

A bateria de Bryan Devendorf é, sem dúvida, um dos destaques do álbum, que ganhou contornos eletrônicos expressivos. “I’ll Stil Destroy You”, “Walk It Back” ou a faixa que dá nome ao álbum, são canções em que a bateria eletrônica e os beats quase monótonos se arrastam e dão o tom, o que já era perceptível no single “Guilty Party”. Mas esse é apenas mais um ingrediente adicionado à velha fórmula utilizada pelo The National

Há espaço para a psicodelia e suas guitarras distorcidas em faixas agressivas como a sensacional “Turtleneck”, em que o espírito rock n’ roll mais visceral aparece de forma violenta, como talvez nunca tenha sido ouvida no repertório da banda.

As letras, mais uma vez transbordando poesia, abordam temas como ansiedade, melancolia e as dificuldades da vida moderna. Abrindo os trabalhos, “Nobody Else Will be There” vem angustiada, sofrida, mas cheia de beleza. Outra que se destaca nesse sentido, é a linda balada “Carin At The Liquor Store”, escrita a quatro mãos com a esposa de Berninger, Carin Besser, adornado por um belo arranjo com piano e falando sobre as dificuldades do casamento.

Mas, a faixa que melhor expressa tudo o que “Sleep Well Beast” quer dizer seja “I’ll Destroy You”. No início, se apresenta como uma melodia quase pop. Vai ganhando camadas e mais camadas de som, até se transformar em completamente, terminando com arranjos orquestrais e a ótima performance de Bryan Devendorf “destruindo” a bateria.