Royal Blood – How Did We Get So Dark? | Resenha

Royal Blood – How Did We Get So Dark? | Resenha

Royal Blood - How did we get so dark

Nota: 8,5

Esqueça aquela história de “síndrome do segundo álbum”, como alguns costumam chamar a dificuldade que as bandas enfrentam para manter o nível alto após uma estreia avassaladora. A dupla britânica Royal Blood já entendeu que não precisa provar nada para ninguém até porque, sua legião de fãs só faz crescer desde as primeiras apresentações. Em “How Did We Get So Dark?”, lançado no último dia 16 de junho, Mike Kerr (baixo e vocal) e Ben Thatcher (o bateria) reaparecem tocando ainda mais pesado e mostrando uma sonoridade mais madura.

Com produção de Jolyon Thomas, o disco traz dez faixas em menos de 40 minutos, e devem ser ouvidas de uma só vez. Potente e vigoroso, o álbum só confirma que o Royal Blood, que já foi elogiado por ninguém menos que o mestre Jimmy Page, é uma das melhores surpresas vindas da terra da Rainha nos últimos anos. Não é por acaso que nas próximas semanas estarão entre as atrações de peso de festivais como Glastonbury e Roskilde.

Descomplicado, sem muitas firulas e indo direto ao ponto, “How Did We Get So Dark?”, ao contrário do que o título poderia sugerir, não tem nada de soturno, pelo contrário. São músicas, em sua maioria, animadas, e que levam o ouvinte a marcar o ritmo o tempo todo, seja com os pés no chão ou balançando a cabeça, como se estivessem diante do palco.

Entre os destaques do repertório está a faixa “Don’t Tell”, que surge como tentativa de apresentar uma balada, brincando com distorções e efeitos de forma brilhante, deixando pouco espaço para o romantismo. E são essas distorções, já presentes no trabalho de estreia, e o peso garantido ao baixo de Mike, que muitas vezes podem confundir os ouvidos menos atentos com o som de uma guitarra, que fazem o duo chegar mais longe. “She’s Creeping” é um bom exemplo dessa característica tão marcante em ambos os discos desses britânicos.

“Hook Line & Sinker”, escolhida como primeiro single, também merece destaque por seu peso e distorção. Ainda que a dupla não tenha seguido o caminho mais fácil de uma repetição do que deu certo no primeiro álbum, as influências que marcaram sua estreia ainda se fazem bastante presentes. “I Only lie When i love You” faz uma boa ligação entre os dois discos, trazendo de volta uma pegada mais clássica, remetendo a nomes como Rolling Stones.

E é esse mix de influência que vai do clássico ao indie, misturando Led Zeppelin a The Hives ou White Stripes, que torna o som dos caras tão interessante. A faixa “Hole In My Soul”, por exemplo, surpreende com um contorno de teclados bem pouco comuns para Mike e Ben, deixando em segundo plano os riffs grudentos e contagiantes, para dar lugar à novas experiências.