Tarja Turunen: Diva encanta fãs em apresentação inesquecível em SP

Tarja Turunen: Diva encanta fãs em apresentação inesquecível em SP

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Fotos: Camila Cara

Tarja Soile Susanna Turunen: eis um nome singular e de personalidade, carregado por uma figura singular e de muita personalidade. A importância deste nome no cenário da música internacional é vital não só para a vertente que o mesmo representa, no caso o metal, como também para o universo dos vocais femininos como um todo. Tarja Turunen é uma grande influência ao redor do mundo quando o assunto é o lírico, tanto por sua histórica carreira junto ao Nightwish quanto por seus projetos paralelos e, hoje, por sua carreira solo. São mais de duas décadas dedicadas a encantar o público com seu timbre peculiar e potência vocal invejável, além da imensa criatividade musical que temos vistos nos últimos anos de carreira solo. A cada retorno nota-se uma evolução latente no trabalho de Turunen e, em definitivo, sua última passagem por São Paulo reiterou o fato com uma apresentação muitas vezes melhor que a anterior em 2017.

No mesmo local, Tom Brasil, os fãs mais fiéis foram presenteados com praticamente duas horas de espetáculo, que exibiu uma diva inspirada e em plena forma (vocal e fisicamente falando), além de sua enérgica e contagiante presença de palco. Os músicos  Kevin Chown (baixo), Timm Schneiner (bateria), Christian Kretschmar (teclado), Alex Scholpp (guitarra) e Max Lilja no violoncelo, em nada deixaram a desejar na execução das músicas e complementaram o show com uma dose extra de energia.

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As primeiras notas de “No Bitter End”, cravadas às 22h, deram início ao set sob uma chuva de gritos para a vocalista que, como de costume, invadiu saltitante o palco, e sem delongas encaixou “500 Letters”. Entre rápidas saudações, Tarja expressou alegria em estar de volta e desde o começo se pôde notar nela uma empolgação autêntica muito mais intensa nesta visita. “Demons In You”, no original um dueto com Alissa White-Gluz, não contou com os guturais da belíssima vocalista do Arch Enemy, porém, o que a canção perdeu em peso, compensou em energia na execução ao vivo.

“Little Lies” e “Eagle Eye” passaram rápidas para finalmente a musa fazer jus ao seu codinome “Diva” e interpretar a música de mesmo nome com uma coroa negra e brilhante na cabeça, personificando a verdadeira “Rainha das Trevas”. “Calling From The Wild” encheu os ouvidos de todos com os primeiros agudos mais ousados da noite e foi encerrada com alguns minutos a mais de um intenso instrumental.  Já devidamente aquecida, era chegada a hora de “Supremacy”, um dos desafios mais aguardados pelos ouvintes e como era de se esperar, Tarja não decepcionou em deixar todos embasbacados com o alcance das altíssimas notas.

Tão esperado quanto os agudos, o medley de Nightwish com “Tutankhamen”, “Ever Dream”, “The Riddler” e “Slaying the Dreamer”, encaixadas de uma forma genial, provocou o maior coro do público até o momento e levou os fãs da antiga banda da cantora ao êxtase. A única ressalva é a ausência (por motivos óbvios) dos peculiares vocais de Marco Hietala em “Slaying” e também na faixa “The Phantom Of The Opera”, uma grata e inesperada surpresa, tocada pela primeira vez na perna brasileira dessa turnê (que sorte a dos paulistas!). Nem é preciso dizer que este foi o momento mais alto do show e que quem não morreu de infarto, morreu desidratado de tanto chorar ou sem ar tentando acompanhar os vocais da humilde vocalista, que acrescentou ao final da execução frases como “Eu sonhava quando era mais nova em alcançar estas incríveis notas altas” e “ainda estou aprendendo”, o que provocou uma humorada consternação geral.

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O set acústico foi um dos diferencias entre o show de 2017 e esse, com um lindíssimo mix de “Until Silence”, “The Reign”, “Mystique Voyage” e “House of Wax”, seguido pelo já esperado cover de “Lanterna dos Afogados”, no qual Tarja mostrou uma significativa melhora em sua dicção.

Os outfits da cantora são um show a parte desde a época do Nightwish e suas intermináveis trocas de roupas são marca registrada, bem como a rapidez dessas trocas que impressiona tanto quanto seu invejável guarda roupa, que nessa noite desfilou entre sobretudos incríveis, corset decorados com spikes e até mesmo um vestido todo em látex. Ufa!

A parte final do show contou com as faixas “Love To Hate” e “Victim Of Ritual” e ainda a essa altura nem público, nem palco esmoreceram. No bis, “I Walk Alone”, cantada em uníssono pela casa, foi seguida por “Innocence” e “Die Alive”, contrastantes em suas épocas de lançamento, “The Shadow Self” (2016) e “My Winter Storm” (2007), respectivamente. “Until My Last Breath” marcou o derradeiro momento entre fãs e ídolo, despedindo mais uma ótima apresentação da finlandesa que já fez de terra brasilis sua segunda casa.

Algo a se admirar em Tarja Turunen é seu orgulho e dramaticidade que são seus por direito diante de semelhante talento, mesclados com simpatia e humildade. Sua trajetória agitada, cheia de altos e baixos, servem de inspiração para músicas cada vez mais lapidadas e incríveis e mais com a cara, e a alma da cantora. Prova de que a pequena fênix não irá cessar de se renovar e sempre alçará vôos mais altos, bem como seus agudos inigualáveis.