Slash – Living The Dream | Resenha

Slash – Living The Dream | Resenha

slash living the dream 2018

Nota: 6

E cá estamos nós, outra vez, acompanhando o lançamento de mais um disco de um dos maiores guitarristas da história. Slash dispensa apresentações. Sua cartola, junto com sua cabeleira, são marcas mais do que registradas no universo do rock n’ roll, a tal ponto que, nem mesmo Gene Simmons conseguiria buscar essa patente para seu imenso arsenal de produtos carimbados com o logotipo do Kiss. O músico é praticamente uma entidade e, sendo assim, seus seguidores esperam sempre o máximo de seu potencial. “Living The Dream”, no entanto, não nos proporciona esse sentimento. O quarto disco solo de Slash, e terceiro com o grupo Myles Kennedy & The Conspirators, é repetitivo e cansativo.

Quatro anos já se passaram desde o lançamento de “World On Fire” e seis desde a chegada de “Apocalyptic Love’. Durante esse tempo, Slash e sua trupe decidiram investir e trabalhar exaustivamente na fórmula de “não mexer no que está dando certo”, a questão no entanto é que isso está soando cada vez mais preguiçoso.

Musicalmente, o disco não foge nem um pouco daquilo que o guitarrista nos trouxe recentemente e isso não é necessariamente algo ruim. O problema é que isso vem se tornando cada vez mais cansativo. A sempre mesma fórmula rítmica e melódica de outros tempos se repetem de tal forma que, após terminar a primeira escuta do disco, o ouvinte não consegue se lembrar de nada do que ouviu. São doze faixas extremamente repetitivas, sem nenhum fraseado ou refrão de impacto.

Outro problema notável no disco é o seu trabalho de produção e gravação. Slash decidiu pela primeira vez não investir nos tradicionais recursos analógicos e optou por gravar o disco de forma inteiramente digital. Segundo o guitarrista, o motivo foi meramente financeiro. “Finalmente me permiti optar pela forma digital. Usa-se menos equipamentos e gasta-se menos tempo”, declarou o músico em entrevista recente.

Optar por recursos digitais não seria um contra, tendo em vista que a maioria dos artistas em atividade atualmente faz o uso de tal tecnologia. “Living The Dream”, no entanto, escancara a sua má utilização. Ilustrando para uma forma de simples entendimento, imagine o esboço de uma estrela, dessas que desenhamos de forma simples com cinco traçados em um papel. Agora inclua um círculo no meio dessa estrela, quase que como um pentagrama, deixando boa parte das pontas de fora. A impressão que temos no disco é justamente essa, de que o trabalho foi podado. Instrumentos soam mal timbrados e possuem a sonoridade digital totalmente escancarada.

https://www.youtube.com/watch?v=rlbqAgUnIps

Apesar de incomodar a ausência de peso no disco, por outro lado aqui temos Slash fazendo o que sabe de melhor. Sempre esbanjando técnica, o músico entrega seus riffs e solos com a mesma facilidade de sempre, fazendo com que grande parte das canções soem exatamente como desculpa para exercícios de guitarra. Nesse quesito não temos do que reclamar.

Os dois primeiros singles lançados, “Mind Your Manners” e “Driving Rain”, são canções que se destacam perante a grande lista de fillers que o álbum possui. Outras faixas, como “My Antidote”, por exemplo, até chegam a parecer que vão nos levar para algum lugar, mas acabam ficando para trás na sempre mesmisse e repetição. “Lost Inside the Girl” e “Serve You Right” são dois dos maiores exemplos de um Slash pouco inspirado em tentar surpreender os ouvintes. Duas canções totalmente dispensáveis. “Boulevard Of Broken Hearts” encerra o disco da maneira mais entediante possível.

No fim, a capa do trabalho serve perfeitamente como ilustração para o que teremos por trás do encarte. A exatamente grafada mesma caveira, pintada com diferentes cores, servem para representar qualquer uma das doze faixas do disco. Todas com a mesma fórmula, apenas coloridas diferentemente.

Slash que me perdoe, mas “Living The Dream” é um disco desnecessário. A relevância do álbum para a discografia do guitarrista é a mesma que “Monsters” (2012) possui para a carreira do Kiss: zero. O trabalho não incomoda, mas também não emociona. Não que Slash tivesse que reinventar a roda ou algo do tipo, mas com essa excessiva fórmula de mais do mesmo, o guitarrista está muito longe de voltar a pendurar sua cartola na lista de melhores álbuns do ano.

Vamos torcer para que o músico realmente retorne para o Brasil no ano que vem, pois suas apresentações ao vivo costumam ser inquestionáveis. Aliás, vamos sonhar um pouco mais alto. Vamos torcer para que Slash esteja com seu máximo potencial reservado para composições do Guns N’ Roses, ao lado de Axl Rose e Duff McKagan.