Megadeth – Dystopia (Universal)
Nota 9
Finalmente o gigante Megadeth disponibilizou ao mundo o seu 15º álbum, denominado “Dystopia”. Nesse novo trabalho, a banda consegue mesclar de forma interessante elementos dos seus álbuns mais clássicos, que adicionadas a algumas características pessoais de seus novos integrantes, trazem de volta a grandeza do grupo.
Sejamos sinceros, os álbuns “TH1RT3EN” (2011) e “Super Collider” (2013) chegam a beirar a mediocridade se compararmos com aquilo que o Megadeth proporcionou ao mundo da música um dia. Após dois lançamentos pífios, o futuro da banda parecia incerto, ainda mais depois do ano de 2014 onde Chris Broderick e Shawn Drover abandonaram o barco. Não bastasse o péssimo momento da banda, Dave Mustaine ainda sofria com problemas pessoais. Sua mãe, que ficou desaparecida durante praticamente um mês, havia sido encontrada morta. Diante desse momento obscuro, tanto na vida profissional como na pessoal do vocalista, nem os fãs mais otimistas pareciam esperar algo da banda.
Mais uma virada de ano passou, chegamos em 2015 e finalmente foi anunciado que o Megadeth estava de volta. Chris Adler, baterista do Lamb of God, e Kiko Loureiro, guitarrista do Angra, foram anunciados como novos membros do grupo, que além de tudo estava entrando em estúdio para a gravação de um novo disco. Apesar dos rumores acerca do novo lançamento terem sido obviamente bem recebidos, as expectativas após o péssimo “Super Collider” ainda não eram das melhores. Diante das duas opções possíveis, sendo uma delas um novo fracasso e a decaída definitiva do Megadeth e a outra o ressurgimento de um gigante, felizmente a banda seguiu pelo lado positivo, conseguindo surpreender e mostrar que estamos falando de Dave Mustaine e não de um músico qualquer. “Dystopia” não precisaria de muito para superar os seus dois antecessores, mas o que temos em mãos nesse 22 de janeiro é muito mais do que isso. O Megadeth conseguiu lançar o seu melhor álbum desde o clássico “Countdown to Extinction”, de 1992.
Muito se era questionado sobre a liberdade que Kiko e Chris teriam no processo de composição do álbum, por ser dois profissionais extremamente técnicos. Mas nesse ponto nós também fomos surpreendidos. Sem descaracterizar a sonoridade da banda, e sim acrescentando diversos elementos e características próprias, ambos os músicos mostraram que vieram para somar e não para ser mais um dos fantoches de Mustaine. Os três previamente lançados singles “Fatal Illusion”, “Dystopia” e “The Threat Is Real” contém claramente caracteristicas de obras anteriores do Megadeth, mas mesmo assim de alguma maneira eles parecem soar moderno. “Death From Within” se destaca pelo vocal rouco de Mustaine e pela agressividade passada em seus riffs, enquanto “Post-American World” soa como se tivesse sido retirada do “Youthanasia” de 1994.
A faixa mais longa do disco, “Poisonous Shadows”, que curiosamente foi inspirada na série “Vikings”, se inicia com um belíssimo arranjo e vai crescendo de forma lenta, até chegar em seu refrão pegajoso e terminar somente com o piano de Kiko e os vocais de Mustaine. “Bullet To The Brain”, que tende a figurar entre as preferidas dos fãs, segue a mesma fórmula, se iniciando de forma lenta, mas dando abertura para uma faixa de peso e com um belo dueto de guitarras em seu solo. Em “Conquer Or Die”, o instrumental acústico de Kiko Loureiro traz à tona a diversidade cultural que o músico carrega em sua bagagem, proporcionando quase dois minutos iniciais de pura melancolia, seguidos por mais dois minutos de personalidade e peso, que servem como uma ponte para o momento mais agressivo do disco, com “Lying In State”. Nos momentos finais do álbum, temos “The Emperor”, a faixa mais comercial e acessível do disco, provavelmente a canção para ser tocada nas rádios e “Foreign Policy”, uma versão obviamente mais pesada do que a originalmente composta pela banda Fear.
Vale destacar também a produção do álbum que finalmente acertou em sua mixagem, deixando as guitarras soando como um soco para quem as escuta, ficando apenas um pouco atrás dos vocais. Pela primeira vez em anos, o Megadeth conseguiu dar aos fãs o que eles realmente queria, ainda estamos em janeiro e pode ser muito cedo para dizer isso, mas já temos um dos fortes candidatos a figurar as listas de melhores álbuns do ano.
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