Carisma e técnica marcam apresentação do Mr. Big em São Paulo

Carisma e técnica marcam apresentação do Mr. Big em São Paulo

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Fotos: Marcos Chapeleta

Dois anos após a sua última passagem pelo país, o Mr. Big retornou a terras canarinhas. Divulgando o seu mais recente trabalho “Defying Gravity”, o grupo se apresentou no último sábado (19), no Tom Brasil, em São Paulo, com um repertório cheio de clássicos. A abertura ficou por conta de Geoff Tate (Queensryche), que esteve acompanhado por um super time nacional: Felipe Andreolli (baixo), Léo Mancini e Dalton Santos (guitarras), Eduardo Cominato (bateria) e Bruno Sá (guitarra e teclados).

Com poucos minutos de atraso, o Mr. Big subiu ao palco da casa na capital paulista. Sem aquele papo de deixar o melhor para o final, o grupo abriu o jogo com a acelerada “Daddy, Brother, Lover, Little Boy”, levando os presentes à loucura. Como se não bastasse a sua insanidade, Paul Gilbert e Billy Sheehan usufruíram das “palhetadas” de uma furadeira elétrica (isso mesmo!) no meio da faixa. A dobradinha inicial teve sequência com “American Beauty”, do álbum “What If” (2010). “São Paulo, estamos aqui juntos como um só!”, disse o vocalista Eric Martin em seu primeiro contato com a plateia.

O show continuou com “Undertow”, também do penúltimo álbum do grupo. “São Paulo, faça barulho”, pediu o vocalista. “Eu não consigo falar português, é muito difícil para mim”, brincou Eric antes de questionar que algo estava faltando no palco. Foi então que Pat Torpey apareceu, se posicionando em uma bateria ao lado do instrumento central. Enquanto o público o ovacionava, “Alive and Kickin” foi executada. Destaque para Gilbert, que solou sua guitarra com a boca. ‘Temperamental’ veio a seguir.

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Diagnosticado com um nível avançado de Parkinson, Pat Torpey é um exemplo de superação. Apesar de não conseguir se apresentar em sua bateria durante um show completo, Pat trabalha em estúdio como produtor do instrumento, garantindo assim que as faixas soem como se ele mesmo estivesse tocando. Além disso, Paul declarou em entrevista que Torpey é essencial para as harmonias vocais do grupo, sendo assim o Mr. Big escolheu continuar a excursionar com o músico, que passa grande parte do show na percussão acompanhando Matt Star, baterista que o substitui.

Voltando ao show, o grupo apresentou uma sequência de clássicos. Primeiro foi a balada “Just Take My Heart” (executada com Pat na bateria principal), que foi seguida por “Take Cover”. “Green-Tinted Sixties Mind”, um dos maiores sucessos do grupo, fechou a tríplice. No fim dessa, Eric cantou à capela um trecho de “I Feel Good”, de James Brown. “Eu me sinto bem, e louco também. Vocês me conhecem, né”, brincou o vocalista para a alegria dos presentes. Antes dos integrantes deixarem o palco para o momento virtuose de Paul Gilbert, a banda executou as faixas “Everybody Needs A Little Trouble” e “Price You Gotta Pay’”. Nessa última, Sheehan arranhou com uma gaita.

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Assim como muitos brincam, o Mr. Big faz total jus ao apelido de “Dream Theater do hard rock”. Todos os integrantes, incluindo Matt Star, são máquinas de técnica e virtuose. A harmonia entre Billy Sheehan e Paul Gilbert é notória, disputando o holofote para si toda vez que fazem soar uma nota. Pat Torpey, exemplo de superação, faz o que pode dentro de suas limitações, nos remetendo ao caso do Def Leppard, que seguiu em frente após o acidente que fez o baterista Rick Allen perder o braço. Além disso, destaca-se também a total simpatia e carisma de Eric Martin. Se muitas das bandas do hard rock da década de 1980 pararam no tempo e mostraram ser limitadas, o Mr. Big mostra ser, e estar, mais gigante do que nunca, literalmente “desafiando a gravidade”.

Apesar de mais de uma hora de show ter se passado, ainda haviam muitos clássicos a serem executados. “Take a Walk”, do álbum de estreia, viria a seguir, antecipando a loucura dos presentes com “Wild World”, clássico de Cat Stevens e um dos singles de maiores sucessos do Mr. Big. Um dos momentos mais esperados do show, tanto para aqueles que estavam ali pela primeira vez, quanto para quem já havia assistido o grupo ao vivo, era o momento solo de Billy Sheehan. Virtuosidade e técnica caminharam juntos a suas caras e bocas, sempre brincalhão, assim como todos os integrantes. Ainda teve tempo para tocar “Addicted to that Rush”, antes da banda se retirar do palco pela primeira vez.

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De volta para o encore, Eric Martin apresentou os seus companheiros para o público. Destaque para o momento de Pat Torpey. “Aqui temos uma verdadeira lenda”, disse o vocalista enquanto os presentes aplaudiam com emoção o baterista, que não escondia um enorme sorriso em seu rosto. Com certeza o momento mais emocionante do show. Para sua própria apresentação, Eric brincou: “E eu sou aquele que quer ficar com você”, em referência a faixa que viria a seguir, o grande sucesso “To Be With You”. “Obrigado pelos mais de 4 mil presentes que estão aqui”, agradeceu o frontman. Na reta final, vieram as faixas “Colorado Bulldog” e “1992”. Ainda antes de se retirarem do palco, o Mr. Big executou uma empolgante versão de “Baba O’Riley”, clássico do The Who.

Sair de casa para assistir o Mr. Big é sempre garantia de diversão. Não foi a toa que os ingressos para esse show encontravam-se esgotados. Além de carisma e simpatia que todos os integrantes do grupo esbanjam, técnica é o que não falta em cima do palco. Com três excursões pelo Brasil em menos de 7 anos, vamos torcer para que o grupo continue mantendo a média e sempre retornando para mais alguns espetáculos. Com duas horas impecáveis de show, o Mr. Big deixou mais uma vez a sua marca na história de grandes shows que o país presenciou.