Alanis Morissette proporciona viagem no tempo em único show em São Paulo
Fotos: Reprodução/Instagram/Iris Alves
Os fãs brasileiros finalmente receberam Alanis Morissette, na última terça-feira (14), com sua turnê comemorativa dos 25 anos de Jagged Little Pill, álbum lançado em 1995. São Paulo foi escolhida como a única cidade da América do Sul a receber o show especial, que teve ingressos esgotados no Allianz Parque. A cantora canadense não se apresentava por aqui há 12 anos.
Pitty fez a abertura da noite e a escolha não poderia ter sido melhor. Forte e importante representante do rock no Brasil, assim como Alanis, as suas composições trazem questionamentos e provocações necessárias. E o momento não poderia ser mais especial, já que ela está em turnê celebrando 20 anos do trabalho de estreia, Admirável Chip Novo. Se era nostalgia que o público esperava sentir, ela fez seu papel em nos transportar ao início dos anos 2000. Sucessos como “Teto de Vidro”, “Máscara”, e “Equalize” estavam entre suas escolhas, além de “Memórias” e “Me Adora”, de outras fases da carreira.
No final do show da Pitty já não era possível ver um espaço vazio dentro do estádio, e a ansiedade estava presente nas trocas de olhares e sorrisos. Um clipe com diversos momentos de vida de Alanis Morissette foi o sinal de que a apresentação ia começar, e euforia era só o que sentia em volta. A adolescência de grande parte do público certamente teve a canadense como exemplo. Em um tempo em que era preciso traduzir no dicionário as músicas para entender o que estávamos cantando, sua capacidade de colocar em palavras as emoções, pensamentos, dúvidas, e dar suporte para a formação de opinião de muitos jovens. A viagem no tempo foi muito maior do que cantar uma música preferida, foi mais profunda.
Alanis entrou no palco vestindo um casaco de paetês, que logo tirou e ficou a vontade de camisetão e calça, sendo a potência que a gente conhece e esperava. Uma estrutura sem grande produção e efeitos, e nem precisava. A sintonia entre a banda, a energia que a levava de um lado para outro sem parar, e o prazer em nos conduzir por essa viagem no tempo foram mais do que suficientes para que a noite tenha sido perfeita. Não tinha como não se empolgar com a entrega dela. E é inexplicável como a música tem esse poder de atravessar o tempo, de ressignificar interpretações e experiências. É um sentimento que não precisa de muitas palavras, e digo isso porque a cantora não conduziu conversas além de agradecer com frequência ao público e aos seus parceiros de banda.
A apresentação teve hits do começo ao fim, com “Hand In My Pocket”, “You Learn”, “Head Over Feet”, “You Oughta Know” e “Ironic”. Nessa última, uma homenagem a Taylor Hawkins foi feita com imagens do baterista no telão. Ele participou da turnê de Jagged Little Pill em 1995, antes de fazer parte do Foo Fighters, e faleceu em 2022.
Foram 1h30 de show, músicas cantadas em coro, pessoas trocando cumplicidade no olhar e na voz. Com “Thank U”, Alanis se despediu, e como sempre trazendo alguma reflexão, a mensagem final veio com a projeção de tweets com motivos pelos quais os fãs se sentem gratos. Por esse retorno tão aguardado pode ter certeza que sim, Alanis. E volte em breve!
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