The Maine elogia público brasileiro: ‘Vocês têm uma energia muito louca’

The Maine elogia público brasileiro: ‘Vocês têm uma energia muito louca’

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A banda norte-americana The Maine encontra-se atualmente no Brasil para uma série de shows e nós do Ligado à Música tivemos a oportunidade de entrevistar alguns de seus integrantes: o vocalista John O’ Callaghan e o guitarrista Jared Monaco.

Promovendo o seu mais recente trabalho, “Lovely, Little, Lonely”, sucessor de “American Candy'” (2015), o The Maine iniciou a turnê brasileira no último sábado (15), no Tropical Butantã, em São Paulo. Sem perder a sua essência, o novo álbum do quinteto americano está sendo muito bem aclamado pela crítica mundial, que não deixa de mencionar o amadurecimento do grupo.

Completando uma década de banda este ano, os músicos conversaram sobre o festival que fizeram como forma de comemoração, sobre a inspiração do mais recente disco e também sobre o Brasil.

Confira abaixo como foi o bate-papo e um trecho do acústico exclusivo.

Ligado à Música: O The Maine completou 10 anos de existência neste ano de 2017 e vocês celebraram com o 8123 Fest em janeiro. De onde surgiu essa ideia de fazer o próprio festival?

Jared Monaco: Essa era uma ideia que tínhamos já havia algum tempo, mas fazer um festival é algo que requer muito trabalho duro. Então nós queríamos ter a combinação de todos que conhecemos e nos ajudaram durante esses 10 anos, todos no mesmo lugar. Nós convidamos todas as bandas que excursionamos juntos durante esse tempo, muitas delas de longe e que aceitaram vir até Phoenix, muitos fãs de diversos lugares, inclusive aqui do Brasil. Foi maravilhoso.

John O’Callaghan: Eu acho que foi ideia do Pat, junto com alguns managers. Foi um jeito um pouco egoísta de celebrar os nossos 10 anos, tipo, ‘vamos fazer o nosso próprio festival’ (risos). Foi bem divertido. E olhando de hoje, como tudo aconteceu, nos surpreende muito o resultado e a maneira como nos sentimos realmente em um festival.

Jared Monaco: Nós já tocamos em muitos festivais e não nos sentíamos como se estivéssemos em um, entende? Alguns foram bem chatos e entediantes (risos).

Ligado à Música: E vocês só fizeram uma data, certo? Não chegaram a pensar em levar o festival para outros lugares? Talvez uma ‘turnê mundial do egoísmo’? (risos)

John O’Callaghan: Seria maravilhoso (risos). Na verdade foi nosso manager que fez absolutamente tudo, enquanto ficávamos sentados vendo o resultado, por tudo que já passamos até hoje. É algo que definitivamente gostaríamos de poder celebrar todos os anos, ou talvez de dois em dois anos. É definitivamente algo que amaríamos fazer. Mas não para esse próximo janeiro, estamos com uma agenda louca. Não sei, talvez tenha que ser algo em Arizona mesmo. Sempre vamos até as pessoas, por que não deixar que elas venham até nós as vezes? (risos)

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Ligado à Música: Depois de 10 anos de estrada, vocês acham que evoluíram como uma banda em si? Digo, qual é a diferença de entrar em turnês agora, para o que era quando vocês começaram?

Jared Monaco: Acho que nos sentimos muito mais confortáveis agora. Quando começamos haviam muitas coisas que não tínhamos feito ainda. Não necessariamente medo do desconhecido, mas falta de informação em algumas coisas e situações. Não posso dizer que não me sentia confortável na época, mas com certeza agora eu me sinto muito mais, estamos fazendo isso à algum tempo e sabemos como queremos subir ao palco. Não temos medo de abrir para nenhuma banda, de excursionar e etc. É algo que aprendemos com o tempo, ganhando experiência.

John O’Callaghan: Acho que nós começamos assim como todos que montam uma banda.

Ligado à Música: Fazendo festa o tempo todo? (risos)

John O’Callaghan: Exatamente (risos). Mas eu sinto que agora nós podemos realmente dizer que nos sentimos como uma verdadeira banda, sabe? Aprendemos como realmente queremos gravar e viajamos por diferentes lugares do mundo. Acho que não me sinto mais inseguro em dizer: ‘eu canto em uma banda’, não é mais uma coisa de garagem.

Ligado à Música: Agora falando sobre o trabalho mais recente de vocês, ‘Lovely, Little, Lonely’. Qual foi a inspiração da banda para compor esse disco?

John O’Callaghan: Em termos gerais, acho que o que queríamos era gravar um álbum que soasse coeso. Nós sentíamos que nossos álbuns anteriores não necessariamente soavam como uma única ideia, entende? Era uma faixa ali, outra aqui, sabe? Como se fosse uma compilação de ideias em um único disco. E quando nós fizemos esse álbum, claro, da forma que alguém ouvir está ótimo, mas foi um trabalho feito para ser analisado do início ao fim, cronologicamente. Estamos muito orgulhosos do resultado.

Ligado à Música: Sobre o processo de composição do álbum, como funcionou? A maneira que vocês costumavam compor no primeiro disco, por exemplo, é diferente da forma com que fazem agora?

John O’Callaghan: Bom, pra falar a verdade eu acho que a forma de compor esse disco foi bem similar com a do primeiro. Na época que havíamos saído do colégio e decidimos montar uma banda, eu usava o mesmo computador para as gravações que eu usava para estudar. Éramos uma banda de garagem e quando ouvíamos as demos, elas soavam muito mais vivas do que apenas um violão e voz. Já saiam com bateria e baixo, tudo encorpado e com a ideia pronta, entende? Acho que no meio do processo de composição você já sabia qual direção estava seguindo.

Jared Monaco: E nesse álbum de agora nós já estávamos com esse sentido de direção. Sabíamos exatamente o que queríamos fazer e apenas levamos isso as gravações.

Ligado à Música: E se vocês tivessem que definir o álbum em uma simples frase para quem não o escutou ainda, como fariam?

John O’Callaghan: Acho que eu definiria como um álbum que possui um sentimento agradável e ao mesmo tempo desconfortável em seu inteiro.

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Ligado à Música: Quando vocês pensam no Brasil, quais são as três primeiras coisas que vêm na cabeça?

John O’Callaghan: Acho que eu diria excitante.

Jared Monaco: Com toda certeza.

John O’Callaghan: Acho que eu diria humanizado também, sabe? Com bastante calor humano. Não sei como definir isso. Talvez pegajoso se encaixaria melhor. E por último algo para representar felicidade.

Jared Monaco: Euforia?

John O’Callaghan: Isso, euforia. Tipo, um sentimento de que você não consegue parar de sorrir e que chega até a doer? (risos)

Jared Monaco: Fazemos shows em muitos lugares e em alguns isso é difícil de acontecer. Quero dizer, aqui vocês têm uma energia muito louca, não temos que tentar forçar nada. Quando voltamos e temos que tocar em alguns outros lugares e cidades tem vezes que isso não acontece.

John O’Callaghan: Exatamente. Bom, então ficamos com excitante, pegajosos e euforia.

Ligado à Música: Falando no Brasil. Quando vocês vieram pra cá a primeira vez, em 2011 se não me engano, vocês podiam imaginar o sucesso e o hype que o The Maine teria por aqui? Digo, vocês tocaram em um lugar bem pequeno na época e logo depois já estavam de volta, gravando um DVD ao vivo e tudo mais.

Jared Monaco: Nós não achávamos que seria da forma que foi. Pra falar a verdade as vezes eu fuçava os tweets dos fãs pelo mundo sobre a banda e na época lembro que pensei, ‘isso vai ser interessante’ (risos). E depois que viemos pela primeira vez, aliás, até mesmo na primeira vez, nós ficamos assustados com a recepção, no aeroporto e tudo mais. Isso não tinha acontecido com a gente em qualquer outro lugar. Existem alguns lugares que somos muito bem recebidos, mas aqui é diferente, é bem excitante.

John O’Callaghan: E isso é muito especial. Não só aqui, mas em outros lugares. Nós criamos relações com os fãs, sabe? E ano pós ano continuamos vendo os mesmos rostos em mesmos lugares. É mais do que uma única vez, é mais do que um DVD ou um show, entende? E pra nós isso é o que faz valer a pena.

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Ligado à Música: Pra terminar. Se pudessem escolher uma forma de comemorar os 20 anos da banda, sem depender de aceitação de managers ou algo do tipo, qual seria a forma perfeita? (risos)

John O’Callaghan: Qualquer uma? (risos)

Ligado à Música: Qualquer uma, desde tocar na Lua até uma ‘make world emo again world tour’ (risos).

Jared Monaco: Essa seria uma ótima ideia (risos).

John O’Callaghan: Bom, podendo ser até uma ideia louca ou não… deixa eu pensar. Acho que eu sempre sonhei em tocar em alguns lugares diferentes, sabe? Não sei, talvez o Madison Square Garden.

Ligado à Música: O Metallica tocou na Antártida (risos).

John O’Callaghan: Isso! Ou talvez como o Zeppelin que tocou nas ruínas da Pompeia.

Jared Monaco: Na verdade foi o Pink Floyd.

John O’Callaghan: Exato! Existem alguns lugares que seriam interessantes. Talvez em um vulcão ou algo do tipo (risos). Vocês já viram aqueles caras que andam de caiaque nos vulcões? Seria insano.

Jared Monaco: No espaço seria legal, quem sabe não conseguimos isso daqui algum tempo?

John O’Callaghan: Mas já fizeram isso.

Jared Monaco: Sério?

John O’Callaghan: Não (risos).

Jared Monaco: Bobagem (risos).

Ligado à Música: Realmente acho que não (risos). Bom, gostaria de agradecer a oportunidade e a entrevista.

John O’Callaghan: Nós que agradecemos, obrigado.

Jared Monaco: Valeu!