Tarja Turunen esbanja simpatia em belo show em São Paulo

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Foto: Bullino

Com uma aula de carisma e simpatia, a cantora finlandesa Tarja Turunen, ex-Nightwish, se apresentou no último sábado, 24, no Tom Brasil, em São Paulo. A turnê do álbum “Colours in the Dark” já havia passado pelo país no ano passado, mesmo assim, o público compareceu em peso naquela noite friorenta na capital paulista.

Antes da atração principal, a banda Mad Old Lady ficou responsável de animar o público que chegava aos poucos no local. O grupo, formado pelo vocalista Eduardo Parras, também frontman da Dr. Pheabes, banda que participou de diversos shows internacionais pelo país, foi o mesmo que abriu o último show da finlandesa em São Paulo, sendo assim já possuíam certa simpatia com a plateia.

O repertório da banda contou com músicas de seus dois discos, “Viking Soul” e “Power of Warrior”. Com o foco lírico voltado para temas como contos medievais e combates entre guerreiros, a banda demonstrou extrema competência e agradou o público com músicas como “Too Blind to See”, “Prison” e “My Heart”. Essa última, uma belíssima balada que de acordo com o vocalista foi a música responsável em levar a banda até uma gravadora. Ainda teve espaço para um cover de “Enter Sandman”, do Metallica. Um momento curioso no show aconteceu quando o mascote do grupo, um lobo com vestimentas medievais, apareceu no palco carregando uma espada. Antes de terminar o show de abertura, que durou aproximadamente 45 minutos, o finlandês Timo Kaarkoski (guitarra) ensinou o público a dizer “Tarja eu te amo” em sua língua nativa (Me rakastamme Tarja Turusta). O Mad Old Lady encerrou o setlist com a faixa “Someone”.

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Mad Old Lady (Foto: Bullino)

Depois de alguns minutos de atraso, comparando com o previsto, as luzes do palco se apagaram e o palco foi coberto com fumaça cenográfica. Sem aquele papinho de deixar o melhor para o final, o espetáculo teve início com “The Phantom Of The Opera”, clássico de Lloyd Webber e uma das músicas que mais marcaram a carreira da vocalista em sua passagem pelo Nightwish. O público estava eufórico e a banda subiu ao palco com enormes sorrisos em seus rostos. Sorrisos que os brasileiros já estão acostumados em ver porque temos uma das plateias mais barulhentas do planeta. Os primeiros cumprimentos de Tarja vieram logo ao término da abertura do show: “Boa noite, São Paulo, estou muito feliz por estar aqui”, disse a vocalista. “É tão lindo ver vocês de novo, obrigado por essa oportunidade, vamos quebrar tudo”, completou.

Dando sequência ao show, foi a vez de “500 Letters”, segundo single do álbum “Colours in the Dark”. Durante a música, um dos clássicos da fase solo da vocalista, o público encheu bexigas coloridas, tornando um dos momentos mais bonitos do show. A banda tocou em seguida as faixas “Little Lies” e “Falling Awake”. Nessa última, uma fã jogou ao palco uma blusinha para a filha de Tarja, que tem apenas três anos. A vocalista sorriu e mostrou o presente para a câmera, que possuía uma estampa com a frase “Mãe, a sua majestade vai durar para sempre”. Ao término da música, a artista interagiu com a plateia novamente, dessa vez de forma mais profunda: “Vou dizer mais uma vez, obrigado pelo apoio que vocês têm me dado durante tantos e tantos anos, tem sido uma jornada maravilhosa”. E completou: “É tão incrível vir de tão longe para um país quente como o Brasil e eu amo tanto isso, vocês são como a minha quarta casa”. Arrancando gritos e aplausos do público, a vocalista agradeceu mais uma vez pela presença de todos e disse que “I Walk Alone” seria dedicada à eles. O repertório da noite foi basicamente o mesmo do ano passado, já que a turnê ainda era a mesma do álbum lançado em 2013.

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Foto: Bullino

Mesmo com a crise econômica que o país vem passando, a casa estava praticamente com capacidade máxima. Os méritos disso são de Tarja. Pode parecer estranho, mas a explicação para isso é bem simples. Além de possuir um talento inquestionável e uma carreira musical bem sólida, um dos fatos que mais agradam a plateia nos shows de Turunen, é seu carisma em cima do palco. A vocalista demonstra simpatia de sobra, sorrindo o tempo todo, dançando e interagindo com os fãs e com os companheiros de banda, fazendo de sua presença de palco um dos pontos altos dos shows.

Em “Anteroom of Death”, foi uma das músicas que o público “disputou” o posto de vocalista com Tarja. Nesse momento, a cantora abriu uma bandeira do Brasil. Ao fim de “Never Enough” a finlandesa saiu do palco e deixou os holofotes apontados por alguns minutos para a banda que a acompanha. Com direito a batalha de solos entre os dois guitarristas e até mesmo a um pequeno solo de bateria, o grupo que conta com Pit Barrett (baixo), Alex Scholpp e Julian Barrett (guitarras), Guillermo De Medio (teclado) e Nicolas Polo (bateria), demonstrou incrível técnica e competência, conseguindo atenção e interação da plateia sem aquele cansaço que temos normalmente em alguns desses momentos.

Tarja voltou ao palco para “Dark Star” com outro figurino, dessa vez voltado para o roxo, azul e vermelho que acompanham a arte do seu mais recente trabalho, “Colours in the Dark”. Antes de seguir com “Neverlight” e “Until Silence”, a artista perguntou se as pessoas estavam dormindo. Obviamente a plateia fez barulho e a vocalista disse que era assim que ela gostava. O público ainda fez um alto coro de “Tarja eu te amo”, conseguindo arrancar agradecimentos da finlandesa e até mesmo um “meu coração está batendo forte”.

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Foto: Bullino

“É hora de algo especial, espero que vocês gostem”, disse a vocalista. Foi a vez de “No Bitter End”, canção ainda não lançada e que estará em seu próximo álbum, previsto para 2016. Apesar de ser uma música nova, alguns fãs já sabiam cantá-la por inteira, provavelmente por ter assistido vídeos de outros shows ou algo do tipo. Depois de se declarar fã de James Bond, Tarja cantou o tema “Goldfinger”, originalmente gravado por John Barry para o filme “007”.

Ao fim da música ocorreu um dos momentos mais engraçados do show, a vocalista foi presenteada com uma boneca de pelúcia “versão Tarja Turunen”. Logo após fazer pose com a boneca para a câmera, ela disse que possui uma grande coleção de “bonecas Tarja’s” e que sempre tenta levar todos os presentes que recebe de seus fãs para casa. Antes de sair do palco com a banda, a vocalista agradeceu mais uma vez e tocou “Deliverance”.

Na reta final do show, Tarja voltou novamente com outro figurino, dessa vez uma espécie de capa preta que ela usa no clipe da música que estaria por vir, “Victim Of Ritual”, outro single de sucesso de seu último trabalho. Se no repertório ainda faltava alguma coisa do Nightwish, para a euforia de grande parte dos fãs que estavam no Tom Brasil, “Slaying The Dreamer” foi muito bem recebida e devidamente acompanhada pela plateia.

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Foto: Bullino

“Die Alive” e “Until My Last Breath” fecharam o repertório previsto para a noite, mas a atmosfera do espetáculo estava tão boa, que a banda ainda executou uma versão de “Over the Hills and Far Away”, originalmente gravada por Gary Moore. Detalhe que a alegria de Tarja era tamanha, que ela desceu na grade para tocar nos fãs que, por mais incrível que pareça, foram bem respeitosos.

Mais uma vez, Tarja encerrou um belíssimo espetáculo na cidade de São Paulo e provou mais do que nunca que não deve nada para o seu passado no Nightwish. O público deixou o Tom Brasil com um enorme sorriso de satisfação no rosto pelo o que assistiu. Uma banda extremamente competente e uma aula de simpatia por parte da vocalista. O grupo encerra a turnê pelo Brasil nesta quarta-feira, 28, em Porto Alegre.