Jack White e Kasabian agitam primeiro dia do Lollapalooza Brasil

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Kasabian (Foto: Divulgação)

O primeiro dia do Lollapalooza Brasil não foi um dos melhores em se tratando de line up. Para piorar, a data contou com dois desfalques internacionais. Os irlandeses do Kodaline tiveram problemas com o visto e foram substituídos de última hora por Marcelo D2. Poucas horas antes do início do festival, Marina and The Diamonds, uma das grandes atrações, também cancelava sua participação, destruindo assim o sonho da massa hipster que ajudou nas vendas dos ingressos.

A tarde começou boa com a experimental banda indie Alt-J, que fizeram um show soturno em uma tarde cinza no palco principal. Logo depois, dividindo o público, foi a vez de St. Vincent e Kasabian fazerem a vez. Por logística de distância, acompanhei o show do Kasabian que estava em sua melhor fase com o álbum “48:13”, mesmo tocando no palco Onix (secundário). Tom Meighan, Sergio Pizzorno e companhia percorreram todos os cinco discos, passando por “Bumblebee”, “Days Are Forgotten” e “Club Foot”. Essa última foi o ápice do show, levando milhares de órfãos de Oasis ao delírio, assim também como os amantes da música eletrônica ao fazer um cover de “Praise You”, do Fatboy Slim. Com a plateia na mão, o show poderoso do Kasabian se redimiu daquele fiasco em 2007 e o cancelamento em 2012. O grupo encerrou com a classe e estupenda “L.S.F.”.

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Robert Plant (Foto: Divulgação)

No palco principal, porém na condição de abertura, Robert Plant caiu de paraquedas no Mainstage Skol, onde a plateia era formada por jovens que nem sabiam a importância do Led Zeppelin. Sua antiga banda colaborou em grande parte dos grupos novos do festival. Com esforço desnecessário, o show foi morno, aquecido apenas com os maiores hits de sua icônica banda. Ao menos “Whole Lotta Love” e “Rock and Roll” não passaram despercebidas graças a jogos como Guitar Hero.

Acredito que apesar da diversidade do festival e por toda a contribuição que Robert Plant tem na historia da música, foi um erro primário colocá-lo em um evento jovem hipster. O Sr. Plant foi muito mal aproveitado e sabemos que ele é bem mais do que uma abertura para um pupilo como Jack White.

Com o seguimento de DJ que o festival empurrou goela abaixo, o nome do dubstep da noite, Sonny John Moore, conhecido nas pistas por Skrillex, fez seu set faraônico, passando por várias músicas que ele produziu e remixa. A rave foi à loucura quando a faixa “Express Yourself”, do produtor e também DJ Diplo, foi executada. As luzes e a baseline de fãs fez o Onix sentir saudades do extinto Skol Beats.

Do outro lado, no Palco Axe, a banda dos irmãos Kongos segurava a onda no horário da perdedora de voos Marina and The Diamonds. Com boas covers, que foi de Beatles a New Order, o show foi excelente para tampar o buraco negro deixado pela moça. Teve gente achando que a banda sul-africana era de músicos da cantora. Pretensiosamente falando, eles foram ótimos.

Outro ponto negativo foi o longo tempo para montar o palco de Jack White. O show do Robert Plant acabou por volta de 19h40 e desse horário até às 21h19 o Mainstage ficou parecendo uma zona fantasma, sendo que a média são de 30 minutos para montar um palco e nesse caso desperdiçaram quase 90 minutos. Esse período pelo menos deu para aproveitar em filas de intervenções que iam desde corte de cabelos, fotos, videokê, tatuagens, montanha-russa e/ou tenda eletrônica do Perry.

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Jack White (Foto: Divulgação)

Após a longa espera o topetudo Jack White subiu com sua banda para encerrar a primeira noite do festival. Agora sim, com guitarra afiada, baixo e bateria, “Icky Thump” foi a primeira faixa em uma versão destruidora, parecia que a guitarra tinha vida própria ao ser espancada por um solo monstruoso contemporâneo, seguindo por “High Ball Stepper” e “Lazaretto”.

Jack White é aquele roqueiro esperto, dono e envolvido em várias bandas. Apesar de alternativo, intercalou sucessos de cada uma dessas bandas sem esquecer do White Stripes. Durante o show, rolou “Hotel Yorba”, “Cannon”, “Dead Leaves  and The Dirty Ground”, “Screwdriver”, “We’re Going to Be Friends”, “Black Math” e uma versão muito boa de “Fell in Love With A Girl”, parecida com o cover da cantora Joss Stone. The Racouteurs também foi lembrado e cantado aos gritos em “Steady, As She Goes” e “Top Yourself”.

Muita gente se movia rumo ao Palco da boy band Bastille, que estava agitando no mesmo horário. As garotas estavam aos prantos cantando “Flaws” e “Of the Night”. Dois grandes hits estavam em execução, de um lado dava pra ouvir “Seven Nation Army”, em flashmob, e do outro “Pompeii”. Mais à frente, uma multidão saindo bem antes do festival acabar.

Não dá para dizer que a primeira noite foi a pior das edições do Lollapalooza, mas de perto a mais pedante de todas elas. O que fica na memoria é aquele clima gostoso do festival, de reencontrar amigos de outros estados, tirar aquelas fotos memoráveis enquanto alguns shows ruins rolavam.