Iron Maiden ensandece mais de 42 mil pessoas no Allianz Parque

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Foto: Camila Cara/89 FM

Mais uma vez, o Iron Maiden mostrou porque é considerado a maior banda de heavy metal de todos os tempos. Com um público de mais de 42 mil pessoas no Allianz Parque, os britânicos, que encerraram a turnê latino-americana nesse sábado (27), mostraram estar em plena forma mesmo depois de mais de 40 anos de carreira.

O show que estava marcado para as 21h, começou com 20 minutos de atraso. Mas ninguém pareceu se importar porque a recompensa chegaria através de um belo espetáculo. Prestes a começar, os auto falantes do estádio vibravam com “Doctor, Doctor” do UFO, banda que inspirou e ainda inspira a donzela de ferro de diversas formas, e com as vozes de cada um dos fãs que sabiam que ali tinha dado a largada.

Muitos dos presentes provavelmente assistiram diversas apresentações do Maiden, afinal o grupo sempre está de passagem pela América do Sul. Mas uma coisa era certa: o público sabia que a partir do momento em que os vocais de Bruce Dickinson soassem no estádio, todos iriam se arrepiar como se fosse a primeira vez. “If Eternity Should Fail”, faixa que foi eleita pelos brasileiros a melhor música do ano de 2015, em enquete online, foi a responsável por proporcionar essa sensação.

Bruce surgiu no meio da escuridão em um cenário totalmente místico, com direito a tochas e muita fumaça, em cima de uma espécie de um altar centralizado no palco. O vocalista, que no ano de 2015 foi diagnosticado com câncer na língua, fez a sua voz ecoar por toda a arena, mostrando estar em plena forma e totalmente recuperado. Não demorou muito para que os outros integrantes da banda se juntassem a Dickinson. “Scream for me, São Paulo” (Grite para mim, São Paulo), pediu o britânico antes da banda dar início à próxima faixa “Speed Of Light”.

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Foto: Camila Cara/89 FM

Não precisou de muito tempo para o Iron Maiden mostrar para o que veio. A presença de palco de Steve Harris enquanto cavalga o seu baixo com extrema maestria, a facilidade e a naturalidade com que o trio de guitarra formado por Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers fazem duelos de solos incendiários, a simpatia de Nicko McBrain que se esconde por trás de seu enorme set de bateria enquanto realiza viradas e dita o acompanhamento da banda, e claro, Bruce Dickinson, uma maquina de agudos e falsetes, que não para de correr e pular pelo palco. Desde os primeiros segundos de palco, o grupo deixa explícito como consegue arrastar multidões depois de tanto tempo. Não é a toa que são um dos maiores (se não o maior) nome do heavy metal mundial.

Na sequência, Bruce pediu para a plateia colocar as mãos para cima. “Esse é o nosso último show do Brasil, vocês são mais de 40 mil e nós guardamos o melhor para o final”, disse o vocalista. Adrian Smith com seu violão ovation surge nesse momento para as primeiras notas da clássica “Children Of The Damned”, do álbum “The Number of the Beast”, que completou 34 anos de seu lançamento essa semana. O primeiro canto (de muitos) de “Olê, olê, olê, olê… Maiden, Maiden” acontece.

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Foto: Camila Cara/89 FM

Dickinson anunciou que a turnê estava sendo realizada para a divulgação do recém-lançado disco “The Book Of Souls”. “Essa é uma triste história sobre um homem engraçado”, disse antes de “Tears of the Clown”. A faixa é uma homenagem ao ator e comediante Robin Williams, que se suicidou no ano retrasado. A longa e épica “The Red And The Black” veio em seguida. Com Bruce e seu clássico visual de soldado inglês surgindo no alto do palco junto a sua bandeira do Reino Unido, logo foi a vez de “The Trooper”, tendo seu refrão entoado em coro pelo público. “Powerslave” deu sequência a dobradinha de sucesso, com direito a um Bruce mascarado e pirotecnia de ponta a ponta na música.

Antes de “The Book of Souls”, o cantor fez um pequeno discurso político: “São vários os conflitos no mundo de hoje, basta assistir os noticiários e vocês perceberão”. E continuou: “São situações que afetam pessoas que não ligam para religião e para impérios que ainda existem. Essa próxima música nasceu de algo que notamos há muito tempo atrás. O que nós aprendemos com os impérios do passado? Não importa o quão grande sejam, impérios vão se levantar mas sempre vão cair”. Durante a faixa-título do álbum, o mascote Eddie surge no palco e tem o seu coração sangrento arrancado por Bruce, que joga o “órgão” na plateia.

Já na reta final do espetáculo, teve clássico atrás de clássico. “Hallowed Be Thy Name” foi quem puxou a sequência. A faixa que conta a história de um rapaz que aguarda por sua execução na forca contou com um Bruce Dickinson cantando com uma corda sobre os ombros e uma camiseta ensanguentada. Em seguida foi a vez do sucesso “Fear of the Dark” enlouquecer e fazer a multidão ecoar a sua clássica introdução em uma só voz, enquanto uma belíssima lua cheia iluminava o estádio. Fechando o repertório antes do bis, ainda rolou a explosiva “Iron Maiden”. Bruce agradeceu a presença de todos. Nicko jogou algumas baquetas para a galera e a banda se retirou do palco.

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Foto: Camila Cara/89 FM

Como já previsto no repertório dessa turnê, a parte final do espetáculo começou com “The Number of the Beast”, com um busto de um demônio surgindo ao fundo do cenário, acompanhado por mais pirotecnia. “Meus amigos, nós estamos realmente tristes por deixar o Brasil hoje à noite, mas logo nós estaremos de volta a São Paulo”, disse Bruce. “Nós já tocamos por todo o Brasil, em Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro… mas sempre que voltamos a São Paulo…”, aqui o vocalista foi interrompido pela plateia que aplaudia a cada palavra que o músico dizia. “São Paulo é o lugar mais heavy metal do Brasil! Nós somos irmãos de sangue”, encerrou Bruce antes de dar sequência com “Blood Brothers”, do álbum “Brave New World” (2000). A faixa escolhida para terminar o show foi a rápida “Wasted Years”, mais um sucesso do grupo com Bruce e o público cantando em uma só voz.

O Iron Maiden mais uma vez não decepcionou. Aliás, o Iron Maiden nunca vai decepcionar. Encerrando a turnê sul-americana, o grupo mostrou o porque de ser considerado por muitos como a maior banda de heavy metal de todos os tempos, lotando estádios e arenas mesmo após mais de quarenta anos de carreira e diversas aparições pelo país. UP THE IRONS!!!!!