Hugo Mariutti – For a Simple Rainy Day | Resenha

Hugo Mariutti – For a Simple Rainy Day | Resenha

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Nota: 9

Hugo Mariutti, conhecido pelos seus trabalhos com o Shaman e Andre Matos, lançou no final do ano passado seu segundo álbum solo, “For a Simple Rainy Day”. Financiado por meio do Catarse, o disco foi masterizado em Londres e contou com a participação de grandes nomes, entre eles, Orquestra de Londres, Luis Mariutti e Eloy Casagrande.

Abrindo o disco com um dos grandes destaques do trabalho, temos “One Day”. Divulgada previamente, a faixa é um britpop leve e de fácil absorção. “Um dia de cada vez” canta Hugo, nos trazendo aos problemas de uma vida cada vez mais corrida, onde deixamos, sem perceber, pequenas coisas para trás, escondendo os nossos sentimentos e perdendo a oportunidade de aproveitar muito mais alguns momentos. Aqui, o destaque fica também para o videoclipe e sua belíssima fotografia, dirigida por Gustavo Pagan e Thomas Henne.

Se a primeira faixa nos remete a uma mistura de Travis com os irmãos Gallagher, a música seguinte, “Painting in the Sky”, nos leva diretamente à década de 1980, com o The Smiths. “Little Things”, divulgada no formato lyric video, assim como a faixa anterior, já puxa um pouco para o The Verve, também britânico. Ambas as canções se tratam de experiências pessoais que, muito provavelmente, todos nós passamos (ou passaremos) um dia. A faixa título do trabalho, a seguir, se encaixa perfeitamente na calmaria e agonizante atmosfera de um dia escuro e chuvoso. Destaque do disco, seria interessante assistir a um videoclipe da mesma. Potencial para isso a canção tem.

Em diversas entrevistas, Mariutti declara sua admiração pelo rock britânico, de diferentes épocas, como The Smiths, Oasis, The Verve e Kasabian. Como grande parte desses (e não só dos artistas ingleses) beberam da mesma fonte, a influência dos Beatles durante o decorrer do disco é clara. Um exemplo disso é a canção “The Abscence of Sound”, que poderia ter sido apresentada a cinco décadas atrás, em um dos discos do quarteto. Muito disso se deve também ao estúdio escolhido pelo músico para a masterização em Londres.

Outro ponto de fácil percepção no disco é a temática abordada pelo mesmo. As faixas se tratam, em sua grande parte, de situações cotidianas do nosso dia a dia, assim como do momento que passamos no mundo contemporâneo. “High Hill”, “We Were Young” e “My Feelings Against My Thoughts” são exemplos claros disso. Mariutti já declarou que compõe trazendo experiências baseadas naquele momento em que escreve.

“Love Song” encanta pela sua melodia. “Simple Lines”, despedida do álbum, soa como um meio termo entre este e o primeiro disco de Mariutti, “A Blank Sheet of Paper”, trabalho que puxava para uma linha um pouco mais experimental e com uma absorção um pouco mais difícil e pesada. Para as versões especiais do disco, ainda temos “Heroin” como faixa bônus. Novamente, sem fugir da Inglaterra, aqui temos um pouco de Depeche Mode, trocando os violões por sintetizadores.

Com um trabalho minimalista e nos remetendo totalmente ao rock britânico, Hugo Mariutti trouxe para nós, amantes da boa música, mais um excelente trabalho. No fim, “For a Simple Rainy Day” se auto descreve. Um disco perfeito para um dia turvo, cinza e chuvoso.