A-ha traz a magia da década de 80 em show em São Paulo

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Foto: Stephan Solon/Move Concerts Brasil

Com os ingressos esgotados e um repertório cheio de clássicos, os noruegueses do A-ha fizeram uma belíssima apresentação no Espaço das Américas, em São Paulo. O show, que fez parte da turnê de celebração de 30 anos do primeiro álbum, “Hunting High and Low”, contou com sucessos da carreira da banda, além de faixas do recém-lançado álbum “Cast In Steel”.

Em 2010, um dos trios mais famosos da história da música realizou a sua turnê de despedida (a segunda inclusive), com direito a documentário e tudo mais. Praticamente cinco anos depois, em dezembro do ano passado, o A-ha foi anunciado como uma das principais atrações do Rock in Rio, levando milhões de fãs pelo mundo inteiro à loucura. Se alguma dúvida ainda pairava sobre essa possível reunião do grupo, em março desse ano tudo ficou esclarecido. Com o anúncio de que a banda lançaria um novo álbum no segundo semestre de 2015, o grupo começou a anunciar datas de shows pelo mundo, inclusive no Brasil, onde já são figurinhas carimbadas. Além do show no Rio de Janeiro, a banda ainda passaria por setes cidades do país, sendo elas Barcarena, Paragominas, Brasília, Olinda, Fortaleza, São Paulo e Curitiba.

A apresentação na capital paulista começou, às 22h15, com um pequeno atraso. A música escolhida para introduzir o belo e nostálgico espetáculo, que ainda estaria por vir, foi “Cast In Steel”. Se boa parte da plateia parecia não conhecer a faixa, ela rapidamente se tornou de grande agrado das mais de oito mil pessoas que estavam presentes. A canção traz uma expansão do legado e do tipo de som que o grupo costumava fazer na década de 1980. Dando sequência, a banda iniciou os clássicos com “I’ve Been Losing You”, primeiro single do álbum “Scoundrel Days”. Na reta final da música, o tecladista Magne Furuholmen, mais conhecido pelos fãs como Mags, deu os primeiros cumprimentos ao público: “São Paulo, boa noite”, falando em português. O músico continuou: “Nós somos o A-ha e estamos muito felizes por estar aqui, deixe me ver as suas mãos”. Antes do último refrão da música, a galera acompanhou o compasso da bateria nas palmas. Dando continuação ao álbum de 1986, foi a vez do single mais bem sucedido do disco, “Cry Wolf”, que arrancou em seu refrão o primeiro “sing-along” do público no show.

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Foto: Stephan Solon/Move Concerts Brasil

Se a presença de palco do grupo, liderado por Morten Harket, já não é a mesma, em termos técnicos o trio ainda se encontra bem redondo. Mal havia começado a noite e o clima nostálgico pairava sobre o local, bastava fechar os olhos e você entrava em uma viagem pelas danceterias oitentistas. Como previsto, o público feminino demonstrava uma euforia enorme, com gritos histéricos durante todas as vezes que os membros (principalmente Morten) eram focados nos telões ou se aproximavam. Como se não bastasse, no início do show, o vocalista norueguês tirou os óculos e logo em seguida a sua jaqueta, foi aí que o delírio das meninas (divididas entre mulheres mais velhas e garotas que não pegaram a fase de maior sucesso da banda) realmente veio à tona.

Voltando ao show, o setlist continuou com “Mythomania”, outra faixa do mais recente trabalho da banda, que foi executada pela segunda vez ao vivo na turnê. A canção é uma das que mais resgatam a pegada do synthpop que o grupo fazia no auge de sua carreira e conseguiu animar bastante os fãs. O dançante groove de “Move to Memphis”, a bélissima “Stay on These Roads”, além de “Scoundrel Days” e “Soft Rains of April”, deram continuidade à gostosa atmosfera que estava no show. Um dos momentos mais marcantes do show ainda aconteceria com “Crying in the Rain”.

Originalmente gravada por “The Everly Brothers” (1962), a versão feita pelo grupo 28 anos depois para o álbum “East of the Sun, West of the Moon”, possui maior reconhecimento. Quem não se lembra ou nunca assistiu um dos mais famosos videoclipes da década de 1990, no qual dois adolescentes realizam um roubo que não ocorre como o planejado? Cada trecho da letra se encontrava na boca dos presentes. Momentos como esse nos faz notar a magia que a música consegue alcançar nas pessoas e como ela afeta a nossa alma e nossos corações. No final, Morten, que interagiu pouco com o público, soltou um “Obrigado”.

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Foto: Stephan Solon/Move Concerts Brasil

Os refrões grudentos e impossíveis de não serem acompanhados de “We’re Looking for the Whales” e “The Swing of Things” deram sequência ao show. Ao fim da música, a banda de apoio foi apresentada. Karl Oluf Wennerberg (bateria), Erik Ljunggren (teclado) e Even Ormestad (baixo) mostravam-se extremamente competentes. Ainda antes de se retirarem do palco pela primeira vez na noite, mais clássicos forem executados, como “You Are the One” e “Sycamore Leaves”. Durante “Hunting High and Low”, a plateia alternou os vocais com Morten, que parou de cantar para deixar o emocionante coro soar pela casa, oito mil vozes e um violão, um dos momentos mais bonitos do show. Morten, Mags e Pal agradeceram mais uma vez a cidade de São Paulo.

Voltando ao palco para o primeiro encore da noite, a banda tocou “The Sun Always Shines on TV”, também do álbum de estreia. Em seguida, foi a vez da faixa de maior sucesso do último álbum, “Under The Makeup”. Com o clipe lançado em agosto, a música, que foi tocada em uma versão acústica, já estava na ponta da língua da maioria do público presente. Como já havia demonstrado no começo do show, Morten não mudou a sua postura de palco. O vocalista não precisava de muitas palavras para arrancar reações dos fãs, quando se dirigia aos cantos do palco e abria os braços ou dava um simples sorriso, o Espaço das Américas ia abaixo. Em “The Living Daylights”, o norueguês não se conteve e desceu no palco em direção à plateia, e ali ficou interagindo com os fãs presentes na grade por um bom tempo. Enquanto isso, Mags queria ouvir a galera fazer barulho: “Vamos lá, São Paulo, não está bom o suficiente”. Vendo a reação positiva dos fãs, o tecladista atiçou ainda mais: “Eu ainda não consigo ouvir vocês”. Após a canção, a banda se retirou do palco mais uma vez mas era óbvio que ainda faltava alguma coisa. O grupo então retornou para tocar seu maior sucesso, “Take on Me”.

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Foto: Stephan Solon/Move Concerts Brasil

Se pararmos para listar os dez maiores clássicos da década de 1980, não só do pop e do rock, a faixa continua firme e forte nessa lista. A única música do A-ha que chegou a alcançar o topo da Billboard Hot 100, nos Estados Unidos, é um verdadeiro hino e foi o encerramento perfeito para a exibição de gala dos noruegueses. O público não conseguiu ficar parado, cantou e dançou a música de ponta a ponta, arriscando até mesmo a mandar os falsetes de Morten. Ao término de “Take on Me”, o cantor agradeceu novamente e mais uma vez declarou o amor por São Paulo.

Após praticamente uma hora e quarenta minutos de show, a banda se retirou do palco. Com uma apresentação bastante madura, o público foi para a casa bem contente com o que viu: um espetáculo bem convincente de um dos maiores ícones da história da música mundial. Morten havia falado em uma entrevista que “A magia sempre acontece entre nós e os fãs”, e realmente, a magia aconteceu. O A-ha fez uma noite de revival dos anos 1980 em pleno século XXI, conseguindo proporcionar aos fãs uma das melhores experiencias do ano.

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