Philippe Seabra, da Plebe Rude: ‘Prefiro a relevância do que ser popular’

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André X e Philippe Seabra (Foto: Marcos Chapeleta)

A Plebe Rude, uma das bandas mais contestadoras da geração do rock brasileiro nos anos 1980, lança o novo álbum, “Nação Daltônica”, pela Substancial Music. Depois de mais de 30 anos, o seu discurso continua afiado. O Ligado à Música conversou com Philippe Seabra e André X sobre o trabalho e também sobre a carreira. Segundo o vocalista Philippe, o posicionamento do brasileiro, perante aos acontecimentos no país nos últimos tempos, inspirou a elaboração do disco: “Inconscientemente, uma ópera rock”, acrescentou. Outros assuntos também foram abordados, como a atual formação, que conta com Clemente, dos Inocentes, o documentário sobre o grupo que está sendo preparado, posicionamento político, rock de Brasília e a nova geração de artistas.

Como dizia o apresentador Chacrinha: Vamos receber, Plebe Rude!

LIGADO À MÚSICA: O álbum “Nação Daltônica” saiu no fim do ano passado, pela Substancial Music. Como foi a elaboração do disco.

PHILIPPE SEABRA: Na verdade, para a gente, tecnicamente, estaria lançando o disco agora com os shows de lançamento. ‘Nação Daltônica’ foi um processo meio longo, porque a Plebe faz assim: quando a gente sente que está na hora de ter um repertório, ninguém força a barra. Foi um disco que a gente começou a fazer e, logo em seguida, o André X teve que fazer mestrado fora. E eu tive que fazer a trilha sonora do [filme] ‘Faroeste Caboclo’. Então, a gente deu uma pausa de seis meses, aí retomamos. A gente mudou de empresário, aí demorou mais um pouquinho. O disco ficou pronto. ‘Nação Daltônica’ para a gente é quase uma, inconscientemente, uma ópera rock, que fala do nosso posicionamento sobre o que está acontecendo no Brasil. E o grande medo é que tudo vire um ruído só e que as pessoas não sinta mais a nuance. Parece que as pessoas perderam a nuance, política vira entretenimento, entretenimento vira política. Esses roqueiros blogueiros que estão encontrando sobrevida na internet, através da polêmica, na verdade, tudo é entretenimento. Tudo vira entretenimento no final. A gente fala disso. E o nível está tão baixo e aquele ruído que o rapaz está olhando [na capa], que é o mesmo rapaz do ‘Nunca Fomos tão Brasileiros’, do segundo disco, a gente o chama de sujeito de costas, só que a gente mudou o fundo da capa. E esse ruído é o ruído daltônico, é um teste daltônico cheio dos pontos. E o grande medo é que as pessoas não sintam a diferença no meio desse ruído, porque são tantos anos sendo entupido de lixo cultural, tantos anos ouvindo as mesmas promessas de políticos. Você vê sempre esquerda, direita, é tudo a mesma coisa… saúde, educação, é exatamente o mesmo discurso. Então no dia que aparecer algo culturalmente relevante, no dia que aparecer algum político que realmente é bem intencionado, será que as pessoas vão ter a linguagem, o repertório, ou o discernimento de saber qual é qual? Isso me preocupa como cidadão”.

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Capa de ‘Nação Daltônica’ (Foto: Reprodução)

LIGADO À MÚSICA: A Plebe é uma das bandas mais contestadores da sua geração. Hoje em dia, você acha que existe algum representante?

PHILIPPE SEABRA: Não, não. Engraçado, quando o rock dos anos 80 vai devolver isso para o meio? Porque nos anos 80 a MPB perdeu isso um pouco, perdeu bastante. Porque era a MPB que carregava a bandeira da política, o rock não, o rock da década de 70 brasileiro, mainstream, era a coisa mais establishment possível: ‘Papai me empresta o carro’, Casa das Máquinas. Assim, não estou falando mal, só estou dizendo que não tinha um discurso, tá bom, por favor. Eu tenho um respeito enorme, ainda mais pela Casa das Máquinas. Não tinha um discurso, então coube a nós tirar da MPB esse discurso, mas meio que morreu, assim. A gente acha muita graça em bandas que meio se aproveitam: ‘Ah, a gente se inspirou nas manifestações recentes’. Sério? Onde é que você esteve durante esses 30 anos? A gente fala em ‘Anos de Luta’: ‘Onde vocês estiveram nesses anos de luta?’. Que palhaçada é essa, sabe. E outra coisa que eu não tolero, isso já como pessoa, bandas que tem um discurso, ou no blog ou entre as músicas, mas na hora de cantar é uma baboseira. Quer dizer, nunca ponha a carreira em risco, ou você faz ou não faz, não tem meio termo. Você tem que acreditar no que faz, se você realmente acredita naquilo, então canta sobre aquilo! Canta! É isso.

LIGADO À MÚSICA: Bom, a Plebe é uma banda punk de Brasília…

PHILIPPE SEABRA: Pós-punk, é mais elaborado…

LIGADO À MÚSICA: Digo mais pelo discurso. E aí juntou com o Clemente, do Inocentes, de São Paulo. Como foi essa junção? Eu achei que deu uma renovada na banda.

PHILIPPE SEABRA: A gente estava precisando. A gente saiu muito desgastado da volta da banda, quando voltou com a formação original. E foi muito frustrante porque todos os problemas do passado voltaram. A gente começou a excursão do ‘Enquanto a Tregua não Vem’ com Canecão lotado, coisa assim, mas imediatamente todos os problemas. Era problemas de drogas, intransigência dos outros membros. Aí a gente meio que deu um tempo. Até eu ter um insight no Kazebre. Eu fiz uma participação em um evento sobre o The Clash…

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Foto: Marcos Chapeleta

LIGADO À MÚSICA: Foi o Mingau (Ultraje a Rigor) que organizou, não?

PHILIPPE SEABRA: Acho que sim. Teve eu, Supla, Nasi (Ira!), Blind Pigs, Clemente, Redson (Cólera), eu olhei para o lado e pensei: ‘Cacete, que legal, o Clemente’. Aí eu lembrei de toda a nossa historia juntos, essa historia já é notória. Ele foi o primeiro punk que a gente conheceu em São Paulo, literalmente, porque ele estava na rodoviária. Ele foi buscar a gente quando encerrou a famosa casa Napalm. A gente não sabia desse universo que tinha, porque não tinha internet, não tinha nada, não passava vídeo na televisão, não tinha nada. A gente estava isolado em Brasília e não estou brincando, não. Nós tínhamos acesso por causa dos malotes diplomáticos, de conseguir as coisas. Mas, a gente não sabia que outras pessoas conheciam isso e quando chega aqui tem as bandas Azul 29, Zero, Voluntários da Pátria, Ira!, então eu falei: ‘Uau, que legal, que universo que abriu para gente, cara!’. E o Clemente sempre foi o nosso representante nessa, e o Cólera também. E foi natural, 20 anos depois a gente chamar o Clemente para integrar. Porque ninguém está substituindo o Ameba, o outro vocal da gente. Ninguém tira o mérito pessoal para o sucesso da Plebe na época, mas a vida continua. E o Clemente não está substituindo ninguém, o Clemente é o Clemente. E é um barato, a gente se dá superbem, é um cara muito querido no meio. Eu sempre achei que o Clemente precisava mais de visibilidade, se a Plebe ajudar nisso, então estamos dentro.

LIGADO À MÚSICA: Tem uma energia no palco entre vocês.

PHILIPPE SEABRA: Pois é. Você chegou a ver a gente tocando com ele?

LIGADO À MÚSICA: Vi sim, na Virada Cultura, também em um evento no Vale do Anhangabaú no ano passado. Engraçado que o Ameba estava lá trabalhando para o Nando Reis.

PHILIPPE SEABRA: Pois é, a gente tocando lá ‘Johnny vai à Guerra (Outra Vez)’ e eu fiquei pensando: ‘Eu nem vou chamar’, porque uma vez na Bahia a gente fez um show junto e eu chamei de gentil porque sabia que ele não iria. É estranho, né? A gente tocando ‘Johnny vai à Guerra’, sabe, e ele lá atrás empinando case. Eu achei esquisito, mas tudo bem. E ele também não quis participar do documentário.

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Foto: Marcos Chapeleta

LIGADO À MÚSICA: Vocês estão em produção desse documentário (Plebe Ignara), né?

PHILIPPE SEABRA: O documentário está no terceiro corte, a gente está com o acervo da Globo, acervo da TV Cultura. É sério, esse documentário vai causar rebuliço e é para o cinema, viu? Assim, circuito de documentário e é bacana porque a história é sofrida (risos). Mas é legal, é uma história de autenticidade e é um preço que você paga, sabe. É uma decisão consciente isso. A gente não fica tocando música do Renato Russo para compor a nossa falta de criatividade. A gente compõe. Inclusive, era a banda predileta do Renato. O Renato gostava disso na gente, a autenticidade da Plebe. Mas existe um preço, é o preço da coerência que eu falo. Pronto, já dei o titulo da sua matéria (risos). A gente nunca fez concessões, não é agora que a gente vai fazer. E eu acho que a Plebe tem que servir como contraponto, porque quando a gente começou, em disco, tocava Arnaldo Antunes [nos Titãs], tocava Plebe, tocava Renato Russo [na Legião Urbana] na rádio. O que a gente tem hoje em dia de contraponto? Não tem nada. A gente fala na música ‘Quem Pode Culpá-lo?’, que tem uma frase no final: ‘Eu quero ver quanto o nível terá que descer, até você se questionar porque a voz que acha não ter, a multidão não dá a você, mas quem pode culpa-lo?’. Então, a gente fala disso. É o primeiro que a gente faz depois de eu ter virado pai. Estou com um filhinho de três anos e pouco, três anos e muito. E é a primeira vez que eu vejo o mundo como pai. Então, começo a pensar: ‘Que país eu quero para ele? Que futuro eu quero para ele?’. Você começa a pensar em legado. E cá para nós, a gente vai fazer 35 anos no ano que vem, então quando você tem 35 anos e com a abrangência de disco, repertório, influência, desde fãs de Paralamas do Sucesso ao Seu Jorge, Skank, a geração mais nova, CPM, cara, todo mundo já falou pessoalmente para a gente que é superfã da Plebe, do Skank, Jota Quest… cara, e nego é fã da Plebe, até Nana Caymmi é fã da Plebe, sabe. O Zé Rodrix considerava a gente a melhor banda do Brasil. Isso é bacana. Então, uma coisa é você ser popular, outra coisa é você ser relevante. Eu prefiro a relevância do que ser popular. A Plebe não é uma banda para tocar em feira agropecuária. Não é essa proposta.

LIGADO À MÚSICA: Mas tocou em rádio.

PHILIPPE SEABRA: Sim, isso não tem nenhum problema, mas tocou em rádio porque talvez tinha um DJ que simpatizava mais ou que as músicas eram boas. Mas isso não quer dizer que só ter música boa que você toca em rádio. O meio está fechado, é difícil. Essa coisa de coerência é muito importante para mim, sabe. Eu sou muito fiel ao som da banda, eu sou amigo fiel, sou marido fiel, sabe. Ou você é ou não é. Não tem muito meio termo entre a gente. Isso causou muitos problemas com gravadora, sabe. Claro, a gente fez algumas músicas no Chacrinha, mas pô, a gente tocou ‘Proteção’, a gente tocou ‘A Minha Renda’, a gente tocou ‘Até Quando Esperar’ no Chacrinha. Já parou para ler essas letras? Porra, isso que é subversão! Mas também tem certas coisas que a gente não faz e isso prejudicou muito a banda, mas…

https://www.youtube.com/watch?v=7-aAecr4me0

LIGADO À MÚSICA: Talvez de não jogar o jogo?

PHILIPPE SEABRA: A gente nunca jogou o jogo, como eu falei, isso vem com um preço. Olhando para trás, será que faríamos alguma coisa diferente? Não sei, sabe por quê? Porque essa é a nossa índole, cara. Nós somos desse jeito, sempre sem vaselina. Chegar lá na frente e tocar ioioiô, enfiar um bando de cover no show porque não consegue compor, sabe. Eu não me sentiria a vontade. Tem pessoas que, inclusive, até pessoas de Brasília fazem isso bem… não digo bem, é na maior cara de pau. Mas não a gente. Então, não tem nem como comparar. Da mesma maneira que você não pode comparar tipo a nova geração com a gente ou o embasamento que a gente tem. Por quê? Porque a gente cresceu em Brasília e era um lugar que não tinha nada culturalmente, era morta. Mas, a gente foi cavando, e para você cavar as coisas, eu sempre falo, tem que ter a curiosidade intelectual de querer ir atrás. Não adianta você ter simplesmente uma biblioteca bonita ou um museu bonito. Você tem que ter a curiosidade intelectual dentro de você de querer entrar naquele museu, de querer entrar naquela biblioteca. Nossos pais deram isso para a gente, porque todo mundo é filho de acadêmico. Não tem nada de filho de ministro, isso é papo de João Bonat, bando de filho de ministro, sabe. Não tem a mínima ideia do que está falando. Então, quando a abertura democrática chegou e a explosão do rock nacional, por que o som de Brasília veio com um sotaque tão único e tão forte? Porque a gente estava preparado para isso. A gente tinha as ferramentas. Leitura, discernimento, quando a gente ia para o cinema… não é uma coisa como um bando de esnobe ou intelectual. Não, é que pô, era de graça. Então, tinha festival na Embaixada da França, tinha mais não sei o quê, tinha na Embaixada na Itália, e a gente ia, porque era de graça, era a nossa realidade. Mas também porque a gente tinha a curiosidade intelectual impressa através de nossos pais de querer ir atrás. Então, por isso que tem esse embasamento todo, as letras, a lucidez, a densidade. Eu sou produtor, já produzi mais de 25 discos, e quando vejo bandas chegando tipo com som mais engraçadinho, até emocore, algumas coisas assim, quando você vê algumas bandas começando do jeito mais fácil, claro, com um sonzinho bonitinho, engraçadinho, e depois tenta fazer um som mais sério, mais engajado aproveitando agora usando aquela ‘viva a revolução’, aproveitando as manifestações. O problema é que você se põe em uma situação meio difícil. Quem acompanha sua carreira engraçadinha, um som engraçadinho, não vai atender muito bem essa guinada que você deu, e quem leva o rock a sério não vai te aceitar. Por isso que eu falo: CO-E-RÊN-CIA! É isso, só não cair em contradição. Nós somos desse jeito, você consegue ver através do papo. A gente não se encontra em casa para ficar discutindo Nietzsche, não é uma coisa pedante, não é isso. Mas é uma postura mesmo, não é uma coisa que você pode forjar. É uma coisa que vem da sua criação e tudo mais. A gente cresceu em Brasília no final da década de 70, você quer o quê? Isso está enraizado na gente. A gente começou a banda durante o governo Figueiredo, mas é aí que tá. O lance que eu gosto de falar da Plebe é que é política com o ‘p’ minúsculo, porque é mais sociopolítico, eu vejo dessa maneira.

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Capa de ‘Nunca Fomos tão Brasileiros’ (Foto: Reprodução)

ANDRÉ X: É na verdade micropolítico, que é da pessoa, não é de nenhum partido político, é você pensar nas coisas que são boas, o que vai te afetar, o que é bom para você, o que é bom para a humanidade…

PHILIPPE SEABRA: E é assim que vai, de baixo para cima. ‘Nação Daltônica’ é na verdade… não é uma coisa que a gente faz consciente como ‘vamos fazer isso e não sei o quê’. Acho que a gente está voltando a nossa atenção para a raiz do problema. E qual é a raiz do problema? É essa inércia e a complacência do brasileiro de aceitar tudo e engole qualquer merda.

ANDRÉ X: E achar que tem que ter alguém de cima para resolver o teu problema, ou vai ser o partido, ou vai ser o governo, ou vai ser a igreja. Não vai ser, é você que vai ter que mudar, é você que vai ter que se esforçar. É difícil, você vai ter que suar, vai ter que trabalhar, vai ter que mudar o seu jeito de ser, vai ter que envolver pessoas. Mas ninguém vai fazer por você.

PHILIPPE SEABRA: Eu chamo de sujeito de costas, o cara da capa. Ele está vendo aquilo e é uma estática e é só aquilo. Então, ele que vai ter que conseguir tirar o que é relevante. Mas é essa preocupação, é tanto lixo cultural, é tanta falsa promessa política, será que ele realmente sabe a diferença?

ANDRÉ X: É só comparar as duas capas. Em ‘Nunca Fomos tão Brasileiros’ que é um cara vendo uma situação de Brasília, mas que poderia ser qualquer cidade com ditadura, que vem a polícia, que pega você sem precisar de nada, nem de um mandado, e tem um cara vendo aquela cena brutal da ditadura atrapalhando a vida toda. Daí, 30 anos depois é o mesmo cara…

LIGADO À MÚSICA: Em um outro momento, alienado, né.

ANDRÉ X: Alienadíssimo, por isso é ‘Nação Datônica’, cara.

LIGADO À MÚSICA: A capa se diz por si só.

PHILIPPE SEABRA: Exato. Engraçado, eu até pensei que a gente teria problema com essa capa porque a imagem é meio obvia, mas na verdade não.

Eu não sei de onde apareceu o nome ‘Nação Datônica’, André.

ANDRÉ X: Eu sempre quis chamar o disco de ‘Politicamente Daltônico’.

PHILIPPE SEABRA: É, e o lance de político me incomodou um pouquinho, porque colocar político em título, né.

ANDRÉ X: Mas acho que nação abriu mais. A ideia na minha cabeça era a bandeira brasileira vista em um olho de um daltônico, com as cores diferentes. Mas aí foi trabalhando e virou essa outra que ficou legal também.

PHILIPPE SEABRA: Quando a gente estava terminando as letras, o André estava fora. Como a gente trabalha há tanto tempo juntos, nem precisou de telefone e nem Skype. A gente fazia via email mesmo. Mais o finetune de tudo, porque ele fez a parte dele e saiu… foi para os Estados Unidos. A gente fez as guitarras, o Clemente foi para lá. É engraçado, eu tenho um estúdio gigantesco em Brasília, mas isso não quer dizer que o negocio vai se gravar sozinho ou que facilita a execução do disco. Mas o processo não, o processo é demorado, cara, sabe. Nada muda isso, é um violão e um caderno, e uma caneta.

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Foto: Marcos Chapeleta

LIGADO À MÚSICA: Esse processo sempre vai existir.

PHILIPPE SEABRA: Isso não muda. E uma coisa que eu estou vendo muito, e é uma pena isso como produtor. Eu sou 100% a favor de democratização, adoro saber que nego está gravando no banheiro e que de repente vai sair coisa boa, ótimo. Mas no geral não sai, porque não tem muita curadoria, e não é simplesmente você ter acesso à gravação, cara. Você tem que ter uma canção boa. E eu vejo muitas bandas assim. Sério, eu entendo, lógico, divulgação é importante, as redes sociais e bla bla blá, ótimo. Mas as pessoas esquecem. Tem até uma pessoa na nossa equipe que montou uma banda, foram lá para Los Angeles fazer aulas de mídia, eletrônica, não sei o quê, e de como trabalhar, business e tal. Quando voltaram para o Brasil, a banda acabou. Focaram tanto na divulgação e esqueceram que você tem que ter algo para divulgar. Então, acho que o foco da Plebe sempre foi a música. Claro, é uma banda. Não dá para dizer que o resto vai, a gente sabe, ainda mais nesse ruído todo, como é que você se sobressai? A gente encontra pessoas da nossa geração se sobressaindo se baseando no repertório de cover ou sobressaindo tendo blog polêmico, se aparecendo, né. No caso da Plebe, gostaria de ser uma banda lembrada com uma postura coerente e uma porrada de música legal.

LIGADO À MÚSICA: E continuam sendo respeitados pela postura que tem, isso é importante.

PHILIPPE SEABRA: Mas é um preço, a gente paga um preço por isso, para tudo, né (risos).

LIGADO À MÚSICA: Você falou de bandas tocando músicas antigas. O que acha dessa nova turnê da Legião Urbana?

PHILIPPE SEABRA: Eu não sei, eles estão voltando, né, André?

LIGADO À MÚSICA: Eles vão fazer uma turnê de 30 anos do primeiro disco.

PHILIPPE SEABRA: Mas o Renato não tinha… (risos). Não, é legal. São amigos nossos, desejo sorte.

ANDRÉ X: Cada um justifica a sua existência da forma que pode, né.