Pepeu Gomes fala sobre carreira e convite para tocar no Megadeth
O lendário guitarrista brasileiro Pepeu Gomes participou de um bate-papo nessa quinta-feira, 9, promovido pelo Sesc Belenzinho. O músico contou diversas situações sobre sua carreira desde o início em Salvador. Em uma das lembranças, Pepeu recordou que, de um dia para o outro, abandonou o baixo para ser guitarrista por causa de Jimi Hendrix: “Eu toco guitarra por causa do Jimi Hendrix. Tenho uma história muito ligada, porque eu era baixista dos 14 aos 17 anos, e o [Gilberto] Gil me viu tocando na televisão. Ele tinha sido expulso do Brasil e tinha que fazer um show de despedida. Ele foi na minha casa, porque eu era menor, e pediu autorização a meu pai para eu tocar, formar a banda para o show. No primeiro dia no bairro do Rio Vermelho, ele falou assim: ‘Eu tenho um presente para você’. E aí pegou um disco do Jimi Hendrix, o ‘Smash Hits’. Cara, eu pirei. Eu fui dormir baixista e acordei guitarrista, literalmente”. O guitarrista continuou ouvindo bandas como Beatles e Rolling Stones, além do ‘blues man’ B.B. King, mas foi com a música brasileira que ele conquistou sua identidade musical: “A minha influência caiu por água abaixo quando eu ganhei um rádio de pilha e eu ficava dormindo com o rádio, e aí tocou ‘Brasileirinho’, de noite, eu já indo dormir. E comecei a tirar o ‘Brasileirinho’ na guitarra que era tocado no cavaquinho, em outra afinação. Foi aí que começou a grande transformação na minha carreira. A grande piração na minha cabeça foi essa. Foi começar a tocar ‘Noites Cariocas’ na guitarra que é outra coisa. Foi aí que aconteceu a minha metamorfose, porque eu descobri que poderia tocar aquilo na guitarra e comecei a aplicar em arranjos que eu fazia para as pessoas e aí surgiu os novos Baianos e levei essa fórmula”.
Durante o bate-papo, conduzido por Charles Gavin (ex-Titãs), Pepeu fez questão de contar sobre o convite que recebeu para tocar no Megadeth, cargo assumido recentemente pelo também brasileiro Kiko Loureiro: “Quando me convidaram para o Megadeth, mandaram um cara aqui. Aí o cara falou assim para mim: ‘Você vai ganhar tanto por mês, escola para os seus filhos, você vai morar em Londres’, porque lá era a base deles na época. E continuou: ‘Só que é o seguinte, a gente faz de um a trinta shows por mês’. E eu falei: ‘E o cachê é o mesmo?’. O representante disse: ‘Você ganhará mensal, cerca de 25 mil dólares’. Então o mandei para a puta que o pariu. Virei as costas e fui embora. Foi assim mesmo. Depois me chamaram para o Living Colour, também do mesmo jeito. Não sei, vivem me chamando, estão apontando para o cara errado. Agora acertaram, chamaram o Kiko Loureiro, que é do caralho, já até mandei um recado para ele”.
Outra lembrança foi sobre as dificuldades para conseguir instrumentos musicais na década de 1970: “Não tinha grana para comprar, mal tinha para comer. Toda hora a gente era preso, a ditadura estava aí. Eu fui preso, rasparam minha cabeça. Você acha que eu teria dinheiro para comprar instrumento? Não tinha. Então a gente começou a inventar. Nós ganhamos uma televisão em 1970 para ver a Copa do Mundo, a Copa do Pelé, e eu desmontei a televisão e tirei o transistor e fiz uma distorção. A TV ficou preto e branco (risos). E gravei o ‘Acabou Chorare’ com essa distorção. Foi uma época muito difícil, só veio melhorar mesmo quando o ‘Acabou Chorare’ saiu e vendeu 170 mil cópias em dois meses”.
Os guitarristas Pepeu Gomes, Robertinho do Recife e Felipe Cordeiro se apresentam nesta sexta-feira, 10, e sábado, 11, no Sesc Belezinho, em São Paulo, no evento “Guitarras Brasileiras – Edição Norte e Nordeste”. Para adquirir os ingressos, acesse este link.
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