Tokio Hotel – Dream Machine (Believe Digital)
Nota 8,5
Com mais de uma década de diferença para o lançamento de seu álbum de estréia, “Schrei” (2005), os alemães do Tokio Hotel estão de volta com o disco “Dream Machine”, lançado na semana passada. Renovando e buscando novos ares, assim como sempre foi característico da banda, o quarteto comandado por Bill Kaulitz entrou de cabeça no synthpop da década de 1980, em um disco totalmente produzido e mixado pelo próprio grupo.
O álbum tem seu início com a faixa “Something New”, primeiro single divulgado do disco, e que envolve o ouvinte em toda a atmosfera que estará por vir durante as dez músicas do trabalho. Futurista e hipnótica, a faixa serve como um portal para uma outra dimensão, quem sabe para uma nova galáxia, onde talvez possamos até mesmo encontrar Bowie sobrevoando em sua espaçonave. Os sintetizadores e o auto-tune de Bill Kaulitz nos remetem diretamente aos anos 80, diferentemente de tudo que o Tokio Hotel já lançou até hoje. Aumentando um pouco o tempo e o beat, até mesmo apelando ainda mais para os sintetizadores, “Boy Don’t Cry” fecha a dobradinha inicial do disco de maneira bem dançante e envolvente.
Não se reinventando apenas no instrumental, o grupo também mudou bastante o foco lírico do álbum. “Kings of Suburbia” (2014) possuía um lado mais apelativo e sexual em sua temática, “Dream Machine” por sua vez puxa para o lado de relacionamentos, sejam eles inter ou intrapessoais, do nosso passado, presente e futuro. A terceira faixa do disco, “Easy”, é um bom exemplo disso, quando Bill conta a história de um relacionamento perdido. “Mas eu quero estar conectado da maneira que éramos antes”, canta o vocalista enquanto a faixa vai crescendo aos poucos. “What If”, provavelmente o melhor momento do álbum, mantém a temática anterior. “E se eu te amasse até o fim? Você nunca ficaria sozinha de novo”, continua Bill no refrão da música, que foi o segundo single de divulgação do disco. Mais uma vez servindo como uma espécie de portal, a máquina dos sonhos aqui nos leva para qualquer disco club da década de 1980, onde poderíamos facilmente encontrar alguma faixa do Daft Punk nessa viagem. A atmosfera melódica dos pianos de “Elysa” é angustiante e escura. “Eu nunca deveria ter dito que você era única”, canta desesperadamente Bill Kaulitz.
Diferente do disco anterior, que contava com 15 faixas, o disco possui apenas dez, mas todas são marcantes. “Queremos que o álbum seja uma festa sem fim, um clube noturno cheio de cores no país das maravilhas, cheio de tudo que é preciso, estúdio, espetáculos ao vivo e digressões. Mergulhamos no nosso mundo como se fosse uma bolha. E há algo para cada um, todos podem escolher o seu fruto e doce favorito. Não faremos nada para nós.”, declarou Bill em entrevista recente para a rádio VHR.
O lado B de “Dream Machine” é aberto com a faixa-título do álbum. Deixando o piano de lado e voltando para os sintetizadores, a faixa é dançante e traz os ouvintes de volta a bordo da espaçonave, assim cantada em seu refrão “Venha abordo e deixe todo o resto para trás”. Mais uma vez, possuímos algumas pinceladas de Daft Punk no álbum. Balada mais marcante do disco, lembrando até mesmo um pouco de “Invaded”, do trabalho anterior, vem a seguir. “Better” é melancólica e trata de uma conversa entre duas pessoas que ainda se amam, mas uma delas insiste em se demonstrar forte o suficiente para dizer que é melhor sozinha, pois a sua parceira (ou parceiro) está sempre colocando-a para baixo. “As Young As We Are” tem de tudo para ser o próximo single do disco. Apesar da repetição intrigante das mesmas palavras do seu refrão, a faixa é dançante e trata da juventude entediada em viver sempre as mesmas coisas, seguir as mesmas regras, juventude essa em procura de algo novo, de um mundo novo. Fechando a jornada da máquina dos sonhos, temos “Stop, Babe”. A faixa não está à altura do restante do álbum, mas possui uma temática interessante, expressando o sentimento que temos quando amamos alguém mas sentimos que precisamos seguir em frente.
Em uma entrevista recente, a banda declarou que esse é o álbum de suas vidas: “Este é o álbum que sempre quisemos fazer – apenas nós, os quatro, sem qualquer intromissão. Não precisamos de nenhum produtor no meio ou alguém que escrevesse as músicas. Não sentimos a necessidade disso. Nos sentíamos capazes de estar em total controle “. Evoluindo e sempre se renovando, o quarteto alemão trouxe mais um grande presente para os fãs, presente esse que que será propagado pelo mundo com a já então anunciada turnê “Dream Machine Tour 2017”.
Vamos torcer para que o Tokio Hotel venha novamente para o Brasil, assim como em 2015. “Dream Machine”, além de tudo, é um disco divertido, que com toda certeza levará a banda até um novo público e para novos patamares.
“Dream Machine” encontra-se disponível nas principais plataformas de streaming digital.