The Dead Daisies e Richie Kotzen celebram Dia Mundial do Rock de forma memorável

The Dead Daisies e Richie Kotzen celebram Dia Mundial do Rock de forma memorável

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Fotos: Bárbara Martins

Na última quinta-feira (13), a capital paulista celebrou de forma memorável o Dia Mundial do Rock. O local escolhido foi o Carioca Club, sediando a sétima edição da Hard Legends Party, festa que contou com apresentações do supergrupo The Dead Daisies e de ninguém menos que Richie Kotzen. Além dessa escalação de peso, a casa contou com os DJs Edu Rox e Skullblondie (Clara Aguilar) animando o público, que ainda teve a chance de concorrer a sorteios de instrumentos musicais, camisetas e discos.

TDD1Não sendo um dos maiores nomes em termo de sucesso e conhecimento no país, o The Dead Daisies subiu ao palco praticamente com o jogo ganho. Para qualquer um que tenha pesquisado o mínimo, a certeza de um show impecável era óbvia, por conta dos integrantes que se encontram na atual formação da banda. O supergrupo foi formado pelo australiano David Lowy, um empresário de sucesso que decidiu largar tudo e investir no seu maior sonho: ser um astro do rock. Sem saber brincar, Lowy entrou em contato com grandes nomes do hard rock mundial para o seu projeto, que possui em sua atual formação o vocalista John Corabi (Motley Crue, Ratt, Brides of Destruction, Tuff), o guitarrista Doug Aldrich (Whitesnake, Dio, Hurricane, Glenn Hughes), o baterista Brian Tichy (Whitesnake, Billy Idol, Ozzy Osbourne, Foreigner, Velvet Revolver) e o baixista Marco Mendonza (Whitesnake, Thin Lizzy, Ted Nugent, Black Star Riders). Pelo grupo também passaram outros nomes como Dizzy Reed, Richard Fortus e Frank Ferrer, do Guns N’ Roses, John Tempesta (White Zombie) e Darryl Jones (The Rolling Stones).

Dando início ao seu repertório, pontualmente às 21 horas, o The Dead Daisies abriu o show com a faixa “Long Way to Go”, single de seu mais recente trabalho, “Make Some Noise”, lançado em 2016. Com uma aula de performance e atitude, a banda já entrou quebrando tudo e fazendo com que a casa, que já se encontrava lotada, entrasse totalmente no clima. A dobradinha inicial aconteceu com “Mexico”. “Como vocês estão? Vocês estão prontos para detonar? Prontos para a festa? Prontos para fazer barulho?”, foram os primeiros cumprimentos do frontman Corabi ao público paulistano. “Make Some Noise” veio a seguir.

Na sequência, “Fortunate Son”, do Creedence Clearwater Revival, foi perfeitamente executada, em uma versão com muito mais peso do que a original. Apesar da performance mais do que satisfatória, é justamente aí que o grupo peca. Em um setlist de pouco mais de uma hora, com apenas onze faixas, o The Dead Daisies opta por incluir pouco menos do que a metade do setlist em faixas covers. “Join Together”, do The Who, “Parasite”, do Kiss, e “Helter Skelter”, dos Beatles, foram, sem dúvida alguma, bem interativas, porém desnecessárias. Em um supergrupo com músicos renomados no gênero, com três grandes belos discos, não há necessidade alguma dessa escolha. Vale lembrar que o single “Midnight Moses”, que encerra o show, apesar de ter sido regravado pelo The Dead Daisies, é uma faixa originalmente escrita pelo Sensational Alex Harvey Band, em 1972. A crítica que fica é a de que a banda poderia facilmente optar por substituir versões de grandes clássicos, por faixas autorais, pois qualidade é o que não falta nos álbuns do The Dead Daisies.

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Voltando ao show, destacaram-se os vocais de John Corabi, que continuam em grande nível, até mesmo melhor do que eram na época em que o vocalista surgiu. Passando por bandas da ‘fanfarra’, como Motley Crue e Ratt, o músico usou e abusou de tudo o que lhe foi apresentado na época e mesmo assim consegue promover um espetáculo impecável. Em uma performance acústica que ocorreu dois dias antes, quando o grupo chegou em São Paulo, Corabi foi questionado a respeito e respondeu que não sabe como isso acontece. “Bebi tudo que pude na minha vida e bebo até hoje, fumei, festejei, usei tudo o que foi possível, talvez esse seja o segredo”, brincou Corabi.

Doug Aldrich também merece destaque pelo brilho em seus solos, fazendo por merecer a fama que tem. Marco Mendonza não parou por um minuto no palco e demonstrou total simpatia, insistindo em conversar com o público brasileiro em espanhol e sempre muito bem correspondido. Brian Tichy esmagou a sua bateria como se fosse a última vez e David Lowy, apesar de mais tímido nos palcos, fez muito bem o seu papel de guitarra base.

A performance ainda contou com as faixas “Last Time I Saw the Sun”, “With You and I”, seguida por um discurso de Corabi sobre os problemas que o mundo enfrenta atualmente, e “Mainline”. Em alguns momentos do show, o microfone do frontman parou de funcionar, o que gerou alguns momentos de tensão em cima do palco, mas nada que tenha comprometido o espetáculo. Tirando esse ocorrido e o detalhe das versões, o The Dead Daisies trouxe para São Paulo uma performance digna de ser admirada, fazendo jus ao Dia Mundial do Rock. Vamos torcer para que o grupo logo retorne ao país e que mantenha a sua formação atual. Vale ressaltar que a banda estava abrindo uma noite que ainda contaria com o músico Richie Kotzen, sendo assim, não poderiam falhar.

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Ao contrário do The Dead Daisies, Richie Kotzen dispensa apresentações. O músico, que conta com 22 álbuns solo em seu currículo, garantiu um espetáculo à parte aos presentes em todas as vezes que esteve excursionando pelo país. Após uma breve troca de equipamentos e alguns ajustes, o guitarrista norte-americano subiu ao palco às 22h45, com um pequeno atraso de quinze minutos do previsto. Acompanhado pelos excelentes Dylan Wilson (baixo) e Mike Bennet (bateria), Richie deu início ao repertório com a dobradinha “End Of Earth” e “Socialite”.

Kotzen é um espetáculo à parte. As suas técnicas, sejam elas vocais ou instrumentais, com seu piano ou suas guitarras, com ou sem palhetas, são de tirar o fôlego de qualquer um. Não é por menos que aos 20 anos foi chamado para ser guitarrista do Poison, substituindo C.C. Deville, e pouco tempo depois para integrar o Mr. Big, substituindo Paul Gilbert.

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Sem muita enrolação e interação com os presentes, como já lhe é característico, Kotzen assumiu os teclados na terceira faixa, “Meds”, para uma aula de ritmo e blues. Em seguida, voltando para o instrumento elétrico e trocando sua clássica Stratocaster por uma Telecaster, vieram as clássicas “Go Faster”, “Love is Blind” e “Your Entertainer”. Vale destacar a técnica de seus dois companheiros de palco. O baixista Dylan muitas vezes fazia um duo de solo com o guitarrista, e Mike Bennet possui um peso enorme em suas baquetadas, sem dúvida é um dos grandes bateristas da atualidade.

Com uma pequena pausa para a montagem de um set acústico, os músicos se reuniram para as faixas “I Would” e “High”. Essa última um clássico absoluto de Kotzen e que há alguns anos não havia sido executada em suas passagens pelo país. A canção obviamente foi cantada de ponta a ponta pelos presentes que protagonizaram junto ao grupo o momento mais legal do show. Bennet fez um solo acústico em seu cajón, terminando a exibição em sua bateria.

Já na reta final, com o set elétrico, vieram as faixas “Fear”, “Help me” e “This is Life”. A volta do encore ao palco ainda terminou com talvez a faixa de maior sucesso do músico: a poderosa “You Can’t Save Me”.

Kotzen proporcionou aos presentes, mais uma vez, uma aula de rock, soul e blues. Uma celebração digna ao Dia Mundial do Rock, com mais um show de intacto e empolgante. Que o músico continue sempre a voltar ao Brasil, pois nós brasileiros precisamos mais do que nunca de apresentações como essa. Uma verdadeira aula de música.