Rock Ao Vivo: mesmo com tempestade, Scorpions, Whitesnake e Europe realizam noite histórica em Curitiba

Rock Ao Vivo: mesmo com tempestade, Scorpions, Whitesnake e Europe realizam noite histórica em Curitiba

Fotos: Clovis Roman/Acesso Music

Na última quarta-feira (18), Curitiba teve a oportunidade de sediar um evento pra lá de especial: o Rock Ao Vivo. Com três dos maiores representantes do hard rock setentista e oitentista, o festival ficou marcado pela tempestade de vento e granizo que quase estragou a noite, mas também pelas consistentes e agitadas apresentações que o Europe, Whitesnake e Scorpions trouxeram para a capital paranaense. Uma noite para ser eternamente lembrada.

EUROPE

Conforme previsto, o Europe subiu no palco às 17h30. Com boa parte do público ainda chegando devido ao horário e ao fato de ser dia de semana, a dobradinha inicial ficou por conta das duas primeiras faixas de seu mais recente álbum, “Walk the Earth” e “The Siege”. Joey Tempest então deu os primeiros cumprimentos à plateia: “Lindo. É muito legal ver todos vocês hoje à noite. Vocês estão prontos pra mais?”. O primeiro clássico da noite veio a seguir, com “Rock the Night”, do álbum “The Final Countdown” (1986).

Desde os primeiros minutos de palco, Tempest, que já tem 56 anos, demonstrou estar em plena forma. O vocalista pulou, dançou e interagiu com a plateia quase que da mesma forma que 30 anos atrás, fazendo com que o público o acompanhasse facilmente. Destaque também para os momentos em que Joey se juntou a John Norum, fazendo poses e revezando os holofotes com um dos maiores guitarristas do gênero.

Durante seu repertório, o Europe passeou por toda sua carreira. “Scream of Anger”, do álbum “Wings of Tomorrow” (1984) foi muito bem recebida, assim como “Last Look at Eden”, faixa-título do álbum de 2008. Em “Ready or Not”, do incrível “Out of This World” (1988), Tempest cantou executando a guitarra base da canção. A seguir, veio o grande clássico da noite, “Carrie”. A faixa, uma das mais icônicas da década de 1980, foi cantada em uma só voz pelos presentes na Pedreira Paulo Leminski, com direito a refrão à capela e tudo mais.

Com um show mais do que redondo, tudo seguia para um final perfeito, mas não foi o que aconteceu. Na faixa “Superstitious”, mais precisamente durante a jam de “No Woman No Cry” que a banda executa em um dos refrões da canção, a capital paranaense foi invadida por uma tempestade de gelo e granizo. De início, Joey colocou uma toalha de rosto na cabeça e seguiu o show, mas a situação apertou, chegando até mesmo a fazer que voassem itens do palco e levantasse as barracas de merchandising e alimentação que haviam no local. Com a banda se retirando rapidamente, o público assustado correu em sua maior parte para os banheiros e poucos dos locais cobertos da Pedreira. Foram diversos os relatos de pessoas machucadas devido as fortes pedradas de gelo que caíram do céu.

Sem condições de voltar ao palco, que já estava deserto, o Europe não conseguiu terminar o seu show. Além de não contar com “Cherokee”, a noite dessa última quarta-feira vai ficar para sempre marcada na história da banda, que declarou ter sido a primeira vez desde 1986 que o clássico “The Final Countdown” não esteve incluído em seu repertório. Apesar disso, o Europe deu o seu melhor durante as 10 faixas em que estiveram no palco e deu aos curitibanos um show mais do que bem executado. Vida longa a uma das maiores bandas da Suécia!

WHITESNAKE

Com 45 minutos de atraso e após o anúncio da produção de que os outros shows da noite aconteceriam normalmente, o Whitesnake enfim subiu ao palco. Sem firulas, a agressiva “Bad Boys” deu início ao espetáculo. David Coverdale não poupou fôlego e foi direto para a ponta da passarela interagir com os presentes. “Vocês estão prontos? Faça barulho, Curitiba!”. “Slide It In” fechou a dobradinha inicial.

Sobre uma intensa chuva, o Whitesnake seguiu o restante da apresentação com o que de melhor o grupo possui para seu repertório. “Nós não temos muito tempo, mas tocaremos o máximo de músicas que pudermos”, declarou Coverdale. Clássicos como “Love Ain’t No Stranger” e “Slow an’ Easy” alternaram momentos com “Hey You… You Make Me Rock” e “Trouble Is Your Middle”, do mais recente trabalho do grupo “Flesh & Blood” (2019).

Já em cima da hora e sem poder prolongar muito os diálogos e as interações, a reta final do show foi marcada pelos maiores hits da banda. “Is This Love”, “Here I Go Again” e “Still of the Night” foram cantadas em uma só voz pelos presentes, que dançavam e curtiam sob uma forte tempestade. Coverdale, que encarava a água junto ao público sem sair da passarela, largou elogios aos seus fiéis e empolgados fãs. Após uma breve pausa, o grupo voltou ao palco para encerrar com “Burn”, clássico do Deep Purple.

Com um show direto e poderoso, o Whitesnake também foi afetado pela tempestade e se retirou do palco com um repertório reduzido. Uma pena, pois faixas como “Give Me All Your Love” e as técnicas apresentações e momentos solo de guitarra e bateria são sempre bem-vindos quando os músicos que as executam ultrapassam a barreira técnica da normalidade. No auge de seus 67 anos, David Coverdale, apesar de estar com seu alcance vocal muito abaixo do que já foi um dia, sabe como ninguém como conduzir um show. “Curitiba, fiquem bem, fiquem felizes e não deixem ninguém te colocar medo”, foram as últimas palavras do vocalista antes de se retirar do palco.

SCORPIONS

Momento mais esperado da noite e com a garantia de um grande show independente do que acontecesse, o Scorpions subiu ao palco com o jogo ganho. “Going Out With a Bang” foi a canção escolhida para dar início ao espetáculo. Com a chuva um pouco mais controlada, Klaus Meine logo se dirigiu a passarela para experimentar o calor dos presentes. Rudolf Schenker e Matthias Jabs não perderam tempo e logo se juntaram ao vocalista.  “Make It Real” e “The Zoo”, ambas do disco “Animal Magnetism” (1980), fecharam a tríplice coroa. “Boa noite, Curitiba. Tudo bem? Chovendo ou não, não importa. É incrível estar de volta ao Brasil”, declarou Klaus em seu primeiro contato com o público. A instrumental “Coast to Coast” veio a seguir.

O repertório dos alemães priorizou clássicos da carreira do grupo, mas trouxe também uma mescla com faixas mais recentes. “Essa é uma faixa de um trabalho mais atual da banda, mas é fácil de acompanhar. Quero que todos tentem”, disse Klaus. “We Built This House”, do álbum “Return to Forever” (2015), foi executada.

Com seu super palco e telão alternando diferentes momentos e contrastes durante a apresentação, inclusive com uma enorme bandeira do Brasil em um destes, o grupo então partiu para um momento mais intimista e acústico na beira da passarela. “Send Me An Angel” e “Wind of Change”, trilha sonora da queda do Muro de Berlim, vieram a seguir e foram executadas em uníssono pela Pedreira Paulo Leminski. Com um breve momento sem chuva, Klaus brincou: “Fomos nós que movemos as nuvens do céu para esse momento”. Mikkey Dee, mais ao fundo da passarela, também estava com sua bateria acústica, mas pouco durou a calmaria. Alguns minutos depois a banda se retirou do palco e logo deixou Dee fazer o que sabe de melhor: espancar a sua bateria como ninguém. O músico deixou os presentes boquiabertos com o peso de suas mãos.

Já na reta final, clássicos como “Bad Boys Running Wild”, que foi executada junto as canções “I’m Leaving You” e “Tease Me Please Me” em um breve medley, tiraram novamente os presentes do chão. “Blackout” e “Big City Nights” vieram a seguir antes do Scorpions se retirar pela primeira vez do palco. No retorno, a balada ‘Still Loving You’ e o hino ‘Rock You Like a Hurricane’ finalizaram o repertório.

A noite desta última quarta-feira irá ficar para sempre marcada nas memórias dos curitibanos. Claro que também pelo dilúvio, mas principalmente pelo espetáculo musical que a capital teve a oportunidade de presenciar. Afinal, não é todo mês que se pode assistir três das maiores bandas de hard rock do mundo na mesma noite, em um mesmo palco. Agora o trio segue para São Paulo, para se apresentar no Rockfest, no sábado (21), junto ao Armored Dawn e ao Helloween. O Whitesnake e o Scorpions também estarão presentes no Rock in Rio, além de outras capitais.