Radiohead promove momentos de melancolia no Allianz Parque em SP

Radiohead promove momentos de melancolia no Allianz Parque em SP

Foto: Reprodução/Celso Tavares/G1

Depois de quase dez anos de espera, o grupo britânico Radiohead, um dos nomes mais aclamados da década noventista, retornou à São Paulo, para se apresentar no Soundhearts Festival. Em um dos eventos mais esperados do ano pelo mundo do show business, o grupo liderado por Thom Yorke não decepcionou e mostrou que música existe, além de tudo, para ser sentida. O festival também contou com shows dos artistas Aldo, the Band; Junun e Flying Lotus.

Fugindo um pouco do pontualismo britânico, o Radiohead subiu ao palco com alguns minutos de atraso. Por outro lado, o classicismo e o minimalismo inglês se mostraram presentes desde os primeiros segundos de palco, com a dobradinha inicial das complexas e técnicas “Daydreaming” e “Full Stop”, ambas do disco mais recente do grupo “A Moon Shaped Pool” (2016).

“Myxomatosis”, quarta faixa do repertório, foi o primeiro momento mais animado do show, seguida pela dramática “You And Whose Army?”, com Thom performando em seu piano. O instrumento contava com uma mini-câmera apontada diretamente para um dos olhos do vocalista, passando pelos telões a impressão de que Yorke vigiava todos os 30 mil presentes.

A banda alternou, durante todo o show, momentos dançantes e eufóricos com momentos de melancolia e emoção. O público, mesclado entre todas as idades, acompanhou essa atmosfera. “Pyramid Song”, com Jonny Greenwood tocando sua guitarra como um violino, foi apreciada com atenção pelos presentes, enquanto “2+2=5” trouxe um pouco mais de movimento a multidão. “No Surprises” foi cantada, e principalmente sentida, em um só coro.

Um ponto a ser destacado no show do Radiohead é o espetáculo visual. Muito da atmosfera de reflexão criada pelo grupo se dá pelo efeito de luzes e dos telões. Por outro lado, poucos foram os momentos em que os integrantes eram exibidos nos mesmos, principalmente Thom Yorke, tendo sempre sua imagem combinada a elementos gráficos. Em um momento onde, além da música, o show business precisa vender uma experiência, o Radiohead se mostra totalmente adepto ao mundo contemporâneo. Yorke, apesar de se limitar apenas a alguns agradecimentos ao público, dança, faz caras e bocas, gestos e aparece cada vez em posse de um instrumento diferente.

Depois de passear por quase toda sua discografia (“Pablo Honey” foi o único disco a não ter faixa alguma executada no repertório), e de se retirar do palco pela primeira vez, o grupo voltou com a faixa “Exit Music (For A Film)”, do clássico “OK Computer”, de 1997. Com um extenso primeiro bis, as faixas “Nude”, “Identikit”, “There There”, “Lotus Flower” e “Bodysnatchers” foram executadas. O Radiohead então se retirou novamente do palco.

Foi com a faixa “Present Tense” que o Radiohead retornou para a reta final, e após quase duas horas e meia de show, se despediu do público paulista com a profunda “Fake Plastic Trees”, deixando de fora, para a frustração de alguns, clássicos como “Karma Police” (performada no Rio de Janeiro, no show anterior) e “Creep”. Talvez uma escolha não muito certeira, tendo em vista que em mais de 30 anos de banda, essa era apenas a segunda excursão do Radiohead no país e muito dos presentes provavelmente ainda não haviam tido a oportunidade de assisti-las. Por outro lado, algo totalmente esperado, tendo em vista que o Radiohead fez um repertório diferente para cada show que aconteceu na América do Sul, sem seguir qualquer tipo de padrão.

Por fim, o Radiohead trouxe o que muitos dos presentes esperavam, uma mescla de melancolia, emoção, minimalismo e técnica. Sem a necessidade de apelar para os hits, o grupo fez um show sólido e consistente, com uma carga emocional enorme, no Allianz Parque, mostrando o porque de ser considerado um dos maiores nomes da música da década de 1990.

Setlist – Radiohead em São Paulo (22/04/2018)

01. Daydreaming
02. Ful Stop
03. 15 Step
04. Myxomatosis
05. You and Whose Army?
06. All I Need
07. Pyramid Song
08. Everything in Its Right Place
09. Let Down
10. Bloom
11. The Numbers
12. My Iron Lung
13. The Gloaming
14. No Surprises
15. Weird Fishes/Arpeggi
16. 2 + 2 = 5
17. Idioteque
Bis:
18. Exit Music (for a Film)
19. Nude
20. Identikit
21. There There
22. Lotus Flower
23. Bodysnatchers
Bis 2:
24. Present Tense
25. Paranoid Android
26. Fake Plastic Trees