Radiohead – A Moon Shaped Pool (XL Recordings)
Nota: 8,5
E afinal, o tão aguardado novo álbum do Radiohead, “A Moon Shaped Pool”, é lançado, a princípio, exclusivamente em formato digital. O trabalho chegará às lojas em CD e LP apenas no dia 17 de junho, via XL Recordings. Depois de cinco anos sem apresentar um disco de estúdio, a banda de Thom Yorke traz seu nono álbum da carreira em que das 11 faixas, mais da metade foram compostas na primeira década dos anos 2000.
Nas duas semanas que antecederam o lançamento, o quinteto britânico que andava “sumido”, voltou a chamar a atenção dos fãs ao tirar do ar, gradativamente, o conteúdo de seu site e redes sociais oficiais, deixando tudo em branco. Até então, nada havia sido confirmado sobre um novo álbum. Havia apenas alguns rumores circulando desde o início do ano em fóruns de fãs.
Dias após “desaparecer” da internet, o Radiohead soltou o single “Burn The Witch”, acompanhado de um clipe muito bacana, todo feito em stop motion. Dois dias depois, mais outra música: a angustiante “Daydreaming”, single que apresenta um clipe igualmente angustiante, dirigido por Paul Thomas Anderson, o qual o vocalista anda a esmo, sem chegar a lugar nenhum. O grupo então anunciou que dali a mais dois dias, estaria disponibilizando um novo álbum para streaming e download, ainda sem divulgar seu título.
“A Moon Shaped Pool”, que ganhará versão de luxo em vinil duplo, em setembro, soa como uma espécie de colagem de todas as muitas fases da banda. Pop, experimental, eletrônico, jazzística, sofisticado, tudo junto e misturado como só eles sabem fazer tão bem. As cordas e o piano cada vez se mostram mais presentes.
Na abertura, “Burn The Witch”, com cordas no estilo Coldplay mas que, depois, vai se transformando em algo bem menos melódico, descambando para um final mais “irritante”. Essas guinadas dentro de uma mesma música, continuam marcando o repertório deles. Até mesmo o rock em seu estado mais puro, como o que se ouvia em seu segundo disco, “The Bends”, de 1995, está presente.
Mas não esqueçamos que estamos falando de um trabalho de Thom Yorke e companhia, o que significa dizer que a melancolia nas melodias e letras, que, de certa forma, foi predominante nestes 23 anos de estrada, ainda é um de seus pontos fortes. “Desert Island Disk” e a excelente “Ful Stop”, ambas já ouvidas em apresentações ao vivo do grupo, são bons exemplos de uma tristeza contida, imersa em resignação.
Mas para quem acha que eles não conseguem mais ser uma banda simplesmente pop, “Identikit” pode vir a ganhar até versões para as pistas, onde se encaixaria muito bem. Batida gostosa, seca, refrão para cantarolar, tudo como manda o figurino.
Outro destaque fica para “The Numbers”, faixa em que Yorke da vazão a sua vertente mais politizada e crítica, em uma das letras mais interessantes do álbum. No mesmo tom vem a bem menos inspirada “Present Tense”, emoldurada por uma percussão com alguma influência latina e um coral dispensável. Crítica social temperada com violões e piano.
Alegria para os fãs é finalmente poder ouvir um registro em estúdio de “True Love Waits”, executada em shows pelo quinteto desde 1995 e presente no EP “I Might Be Wrong”, gravado ao vivo e lançado em 2001 A canção fecha o repertório lindamente e, certamente, é uma das mais tristes já escritas por Yorke. Vale ouvir acompanhando a letra.