Queens of the Stone Age – Villains | Resenha
Nota: 8
É difícil superar expectativas com um novo trabalho quando o anterior conseguiu atingir um nível acima do “normal” para a banda. Depois de “Like a Clockwork”, lançado há quatro anos, o Queens of the Stone Age tinha essa missão. Mas sem dúvida, o que se ouve em “Villains”, sétimo álbum de Josh Homme e companhia, vai dividir opinião entre os fãs.
Só o fato de ter Mark Ronson – responsável por produzir nomes como Amy Winehouse e Adele – à frente da produção, e de dar tanto ou mais espaço para os sintetizadores do que para as guitarras, já são bons motivos para muito “mimimi”. Mesmo que os comentários sobre essa tal vertente mais dançante e ainda pouco explorada pelo grupo tenham invadido as redes sociais meses antes do lançamento oficial do disco, o som que toma conta dos quase 50 minutos de “Villains” vai surpreender os mais “roqueiros” radicais.
Trata-se de um disco para dançar? Essa seria uma definição muito simplista, mas que há generosas doses de disco music e afins, é inegável. Não, eles não deixaram de lado as guitarras e os sons mais pesados, mas optaram por deixar fluir seu lado bem mais pop. Para quem vem acompanhando o QOTSA desde o início, a mudança, provavelmente, não será bem digerida. É preciso esquecer os preconceitos e manter mente e ouvidos abertos para aceitar que nem tudo que faz a alegria nas pistas ou nas rádios é ruim ou descartável.
Os dois primeiros singles, “The Way You Used To Do” e “The Evil Has Landed” deixam clara a tentativa de convivência pacífica entre o pop grudento, no primeiro caso, e o rock n’ roll clássico, influenciado por Led Zeppelin e trazendo riffs poderosos em melodias muito bem trabalhadas. Destaque entre as nove faixas fica para “Domesticated Animals”, simples, direta e poderosa. Outro ótimo momento está em “Un-Reborn Again”, destacando o vocal seguro e competente de Josh Homme.
Entre as baladas, “Hideaway” faz bonito. A faixa não chega a alcançar o mesmo nível da beleza de “The Vampyre Of Time And Memory”, do álbum anterior, mas, junto com “Villains Of Circumstance”, que encerra o disco, merece atenção especial para uma letra cheia de significados obscuros e poesia delicada. Essa última faixa, alias é uma das mais expressivas do novo trabalho, trazendo boas doses de melancolia e lirismo.
Independentemente de ser mais pop ou não, o que talvez atrapalhe um pouco o resultado final é a falta de coesão. Muitas vezes, as músicas são longas demais, o que acaba diminuindo o ritmo e deixando alguns trechos um pouco cansativos. O repertório é irregular, mas deve funcionar bem ao vivo, já que a banda vem transformando suas apresentações em espetáculos cada vez melhores.