Produtor relembra gravação da demo dos Mamonas Assassinas

O grupo Mamonas Assassinas, maior fenômeno da música brasileira da década de 1990, está sendo homenageado desde cedo, nesta quarta-feira (02). A data completa os 20 anos do trágico acidente aéreo na Serra da Cantareira, em São Paulo, que tirou a vida de Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Samuel Reoli e Sérgio Reoli.

Uma das homenagens partiu de Rodrigo Castanho, produtor e técnico de masterização. Ele foi o responsável por gravar a fita demo do quinteto, que ainda se chamava Utopia. A gravação ocorreu em uma madrugada do mês de outubro de 1994, no antigo estúdio do produtor Rick Bonadio, na zona norte de São Paulo. Foi nessa sessão que surgiu definitivamente o Mamonas Assassinas. Os músicos gravaram as faixas “Mina”, que mais tarde seria conhecida como “Pelados Em Santos”, e “Robocop Gay”. Segundo Castanho, boa parte das letras foram criadas naquele momento. O produtor também relembrou o lado brincalhão dos caras e da afinidade com o guitarrista Bento por conta dos equipamentos. Confira na integra o depoimento de Rodrigo, divulgado nas redes sociais.

“A madrugada da primeira Demo Tape dos Mamonas.

Um pouco antes de iniciarmos a sessão, fizemos uma ‘vaquinha’ para comprar esfihas e lembro que deu pra comprar duas pra cada um com as poucas moedas que arrecadamos. Foi o início da bagunça: um tentava roubar a esfiha do outro como crianças se divertindo no recreio da escola. Pensei: ‘Adorei esses caras!’.

As músicas ‘Pelados em Santos’ e ‘Robocop Gay’ nāo estavam totalmente prontas e durante aquela gravação fomos arrumando os arranjo e letras. Dinho fez boa parte das letras durante a gravação das bases. Risadas e mais risadas. Bagunça total, eles eram divertidos, espontâneos e ali naquele momento nasceu as primeiras músicas. Tinha cortando meu cabelo quase careca e ele me apelidou de Skinhead e até usou essa palavra na música ‘Robocop [Gay]’ só pra me zuar (não perdia a piada nunca).

Minha afinidade com o Bento logo apareceu e conversamos muito sobre guitarras e amplificadores. Ele pediu pra usar minha guitarra e meu amplificador. Na época eu tinha uma Tagima e um Marshall (foto do post) e um tempo depois apresentei pra ele o Seiji Tagima que fez a famosa guitarra exclusiva que foi usada na tour dos Mamonas. Uma noite inesquecível que mudaria a minha vida.

Depois gravamos o CD e o resto vocês conhecem bem”.