Peso e pancadaria marcam show do The Shrine no Inferno Club

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Fotos: Fernando Yokota

Pela primeira vez no país, os californianos do The Shrine se apresentaram, no último dia 30 de julho, no Inferno Club, em São Paulo. Com direito à casa lotada e pancadaria, no que se diz respeito à animação do público, o grupo fez a local ir abaixo, mostrando peso e técnica de sobra. O evento ainda contou com a abertura dos grupos Bandanos e Monstro Amigo.

Com praticamente 1h30 de atraso, o show estava programado para ter seu inicio às 20h30 e foi começar já eram mais de 22h, o The Shrine subiu no palco da casa da Rua Augusta. “Tripping Corpse”, do álbum Bless Off, de 2014, foi a faixa responsável pelo pontapé inicial do espetáculo, dando uma prévia do que estaria para acontecer durante o resto da noite. “Nós somos o The Shrine, de Vanice Beach, California”, disse Josh Landau, vocalista e guitarrista do grupo em seu primeiro contato com a plateia. Fechando a dobradinha introdutória do show, “Destroyers”, também do mesmo álbum, foi executada em seguida, dando forma também ao primeiro mosh pit de muitos que ainda estariam por vir. A plateia, que se mostrava frenética, não se contentou em assistir a banda apenas da pista. Fãs subiam ao palco, se jogavam de volta e até mesmo pegavam o microfone de Josh. “Skateboard, porra!”, gritou um deles que havia subido.

Antes de “Death to Invaders”, Josh mostrou-se feliz com a participação do público. “É para isso que nós estamos aqui, é para isso que estamos vivos, é para isso que vocês estão aqui hoje”, disse o vocalista. Vale ressaltar que a plateia estava ali realmente para curtir o momento, nem mesmo em uma das faixas de mais sucesso do The Shrine foi possível enxergar aquela clássica abundancia de celulares e mãos ao alto, reclamação que vem se tornando constante em shows aqui pelo país. “Essa daqui é uma canção chamada ‘Whats Left for Me’ e é sobre olharmos para toda essa merda que tem lá fora, todos os demônios e coisas do tipo… Então, o que vai sobrar pra mim?”, disse Josh antes de dar sequência ao repertório.

the-shrine-fernando-yokota-inferno-club-2O groove e a agressividade de Court Murphy (baixista) era de fácil notação, chegando até mesmo a dividir os solos com Landau. Jeff Murray (baterista), uma versão mais nova de Lemmy, conforme se ouvia muito na plateia, mostrou-se direto e sem firulas. A agressividade do grupo agradava ao público que estava etariamente bem dividido, passando entre adolescentes e chegando também ao pessoal mais velho, que mesmo assim não estava parado. “Rare Breed”, “Dusted and Busted” e “Coming Down Quick”, single de maior sucesso do último álbum, foram algumas das pancadas que vieram em seguida.

Com referências musicais de diferentes décadas, o The Shrine apresentou nuances bem divididas entre o que de principal aconteceu durante as décadas de 70 até a de 90, no metal. O termo “skate-punk” pode trazer uma referencia meio contorcida do que realmente o grupo traz em sua bagagem musical. Black Sabbath, Motorhead, Black Flag e Suicidal Tendencies são facilmente identificados em passagens e interlúdios, que também trazem uma atmosfera psicodélica e stoner ao estilo, além da crueza e rapidez do punk oitentista.

Já na reta final do show, o guitarrista convidou todos os fãs que estavam mais para o fundo do Inferno a comparecerem em frente ao palco para a execução de “Primitive Blast”. “Pessoas aí do fundo, eu quero que vocês venham até aqui. Venham tirar uma prova, venham me dar um beijo…Vamos lá. Nós viemos de tão longe até aqui”, brincou Landau. Com mais uma leva de fãs subindo ao palco para agitar o público, neste momento foi a vez do vocalista de entrar na bagunça, se jogando na plateia e solando enquanto era carregado de um lado para o outro pelos fãs. “Obrigado, galera, vocês são foda pra caralho”, foram as últimas palavras de Josh antes de dar inicio a faixa de despedida, “Acid Drop”. Antes de seu inicio, um dos membros da Staff deu o comunicado de que a casa ficaria aberta para aqueles que já haviam entrado e quisessem curtir a balada, que ainda se estenderia até a manhã de domingo, e contaria com a presença do trio californiano na discotecagem.

Apesar do atraso, o público se mostrou bastante satisfeito com o que viu e ouviu, deixando, pelo menos no que se depender da capital paulista, a certeza de que o grupo não deve demorar muito para retornar ao país. Mais um ponto positivo na conta da produtora Abraxas, que também nesse ano trouxe pela primeira vez para o Brasil os ucranianos do Stoned Jesus.