Paul McCartney divulga texto emocionante sobre o produtor George Martin

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Foto: Divulgação

Paul McCartney divulgou em seu site oficial um emocionante depoimento sobre o produtor George Martin, que faleceu nessa terça-feira (08), aos 90 anos. No texto, o músico elogiou a forma de Martin conduzir sua carreira com os Beatles e revelou que o considera como um segundo pai. Paul relembrou o momento das gravações do clássico “Yesterday”, do álbum “Help” (1965), quando o produtor sugeriu colocar um quarteto de cordas da canção. “Sua ideia, obviamente, funcionou porque a música tornou-se posteriormente uma das canções mais gravadas”, elogiou Paul.

Confira a seguir o testemunho de McCartney na íntegra:

“Estou tão triste pela notícia do falecimento do querido George Martin. Eu tenho tantas memórias maravilhosas deste grande homem que ficarão comigo para sempre. Ele era um verdadeiro cavalheiro e como um segundo pai para mim. Ele guiou a carreira dos Beatles com tanta habilidade e bom humor que se tornou um verdadeiro amigo para mim e para minha família. Se alguém merece ganhar o título de quinto Beatle, esse alguém era George. Desde o dia em que deu aos Beatles nosso primeiro contrato de gravação, até a última vez que o vi, ele era a pessoa mais generosa, inteligente e musical que eu já tive o prazer de conhecer.

É difícil escolher memórias favoritas de meu tempo com George. Há tantas, mas o que vem à mente foi a vez que eu trouxe a música ‘Yesterday’ para uma sessão de gravação e os caras da banda sugeriram que eu cantasse sozinho acompanhado de uma guitarra. Depois de eu ter feito isso, George Martin disse-me: ‘Paul, eu tenho uma ideia de colocar um quarteto de cordas no registro’. Eu disse: ‘Oh não, George, somos uma banda de rock and roll e não acho que é uma boa ideia’. Com a maneira tranquila de um grande produtor, ele me disse: ‘Vamos tentar isso e se não funcionar voltamos com a sua versão solo’. Concordei e me dirigi à sua casa no dia seguinte para trabalhar no arranjo.

Ele levou os acordes que eu mostrei e espalhou as notas para fora através do piano, colocando o violoncelo na oitava baixa e o primeiro violino em uma alta oitava e me deu minha primeira lição de como as cordas deveriam ser expressas por um quarteto. Quando gravamos o quarteto de cordas no Abbey Road, fiquei tão entusiasmado por perceber que sua ideia era tão certo que eu fui dizer às pessoas sobre isso por semanas. Sua ideia, obviamente, funcionou porque a música tornou-se posteriormente uma das canções mais gravadas com versões de Frank Sinatra, Elvis Presley, Ray Charles, Marvin Gaye e milhares mais.

Esta é apenas uma das muitas lembranças que tenho de George, que passou a me ajudar com arranjos em ‘Eleanor Rigby’, ‘Live and Let Die’ e muitas outras canções minhas.

Tenho orgulho de ter conhecido um cavalheiro tão nobre com um grande sentido de humor, que tinha a capacidade de rir de si mesmo. Mesmo quando ele foi nomeado cavaleiro pela Rainha, nunca houve o menor vestígio de esnobismo.

A minha família e eu, de quem era um amigo querido, vai sentir falta dele muito e enviar o nosso amor à sua esposa, Judy, e seus filhos, Giles e Lucy, e os netos.

O mundo perdeu um verdadeiro grande homem que deixou uma marca indelével na minha alma e da história da música britânica.

Deus te abençoe, George!

Paul”