O massacre sonoro do Ministry em SP

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Fotos: Flavio Santiago

O ano era 1992, recordo bem daquela época quando ouvi falar do Ministry. Era um momento que não existia internet e a MTV reinava. O clipe de “Jesus Built My Hotrod” rolava bastante no canal 32 UHF. No mesmo período, as rádios rock tocavam essa música na programação (acredite!). Nas bancas de jornal chegava o livro “Barulho”, do jornalista André Barcinski, que entre diversas entrevistas históricas, incluía um material exclusivo do grupo de Al Jourgensen. O parceiro de Al, Paul Barker, até veio ao Brasil para o lançamento da obra. Mas o show que todos esperavam, não aconteceu. A dupla ainda foi capa da importante e extinta revista Bizz.

Depois de 23 anos de espera, a banda finalmente tocou no país. A apresentação única aconteceu na última sexta-feira, 6, no Audio SP. O público era composto por diversas gerações, mas a maioria era aquele pessoal – alguns com cabelos e barbas branca – que esperava os caras, assim como eu. Na entrada da casa, avistei o Barcinski, o mesmo do “Barulho” e também da Bizz. Nos cumprimentamos e ele brincou: “é, esse não tem como faltar, né?”. Não mesmo!

Pois então havia chegado a hora. Com pouca luz no palco, os integrantes foram se posicionando aos seus instrumentos. A banda atualmente é formada por John Bechdel (teclado e sintetizador), Sin Quirin e Monte Pittman (guitarras), Tony Campos (baixo) e Aaron Rossi (bateria). Por último, segurando uma bengala, entrou Al Jougensen. Assim que acendeu a luz e começou os ruídos de “Hair to His Majesty”, a galera foi à loucura. Com pouco diálogo, o grupo executou as faixas “Punch in the Face” e “PermaWar”. Esse início foi composto por músicas do último disco “From Beer to Eternity”, de 2013. Em “Fairly Unbalanced”, outra faixa do último trabalho, mostrou o porque o Ministry é o mestre do metal industrial. Palhetadas rápidas intercalando com efeitos sonoros característicos. Tudo isso em alto e bom som.

ministry-audiosp-2A “porrada” continuou com “Rio Grande Blood”, “Senior Peligro” e “Lies, Lies, Lies”, faixas do álbum “Rio Grande Blood”, de 2006. A performance de Al era a mais caricata possível. Em seu pedestal com uma caveira pendurada, o músico gritava e fazia caretas, alternando entre goles de água e cuspidas em cima do palco. Neste momento, foi a vez de tocar músicas do disco “Houses of the Molé”, de 2004, entre eleas, “Waiting” e “Worthless”. Na sequência rolou “Watch Yourself” e “Life is Good”, do disco “The Last Sucker”, de 2007. Olhando para o público, parecia que todos estavam hipnotizados, talvez por não acreditando que finalmente via de perto o maluco tatuado e cheio de piercings Al Jourgensen.

O ápice do show foi quando tocou o clássico “N.W.O.”, do álbum “Psalm 69: The Way to Succeed and the Way to Suck Eggs”, aquele de 1992. Foi impossível ficar parado. Sem deixar a galera respirar, os caras emendaram do mesmo trabalho “Just One Fix”. Um fã subiu ao palco para dar um abraço em Al. Do disco “The Mind Is a Terrible Thing to Taste”, de 1989, foi executada a faixa “Thieves”. Jourgensen parecia um maestro regendo uma orquestra ao instigar a pista a abrir uma grande roda, o que resultou em um enorme pogo, assim como nos velhos tempos. Após esse agito, o líder do Ministry fez questão de agradecer seus fãs. O set list encerrou com “So What”.

A banda voltou no bis para tocar “Khiber Pass”, do “Rio Grande Blood”. Depois do massacre auditivo, o vocalista desceu para cumprimentar a galera próxima da grade.

Foi uma apresentação histórica. Agora sim podemos dizer que vimos um show do Ministry no Brasil. Temos muitas testemunhas para comprovar!