Nunca é o Bastante: A História do The Cure (Edições Ideal)
Demorou um pouco para chegar por aqui, mas finalmente a Edições Ideal acaba de trazer para o Brasil o livro “Nunca É o Bastante: A História do The Cure”. A obra, escrita originalmente em 2005, pelo jornalista australiano Jeff Apter, ex-editor da revista Rolling Stone, foi revista e atualizada em 2009, e é essa tradução que chega às prateleiras brasileiras. São pouco mais de 300 páginas que narram a vida, as angústias e as esquisitices de Robert Smith, criador e homem de frente do The Cure.
A banda nascida na Inglaterra há mais de três décadas, já passou por várias formações e é uma das poucas de sua geração que continua em atividade até hoje, considerada uma das mais influentes do rock britânico. A estréia em 1980, com o álbum “Seventeen Seconds”, seguido por “Faith”, em 1981 e “Pornography”, no ano seguinte – uma trilogia obscura, influenciada pelo pós-punk – desenhava o que seria chamado na época de gótico. Maquiagem pesada, penteados esquisitos, roupas escuras e letras depressivas arrematavam o gênero.
A maior inspiração para o jovem Robert Smith vinha de nomes como David Bowie e Nick Drake, além de escritores como Jean-Paul Sartre. Mas não seria exatamente esse The Cure um tanto soturno que ganharia as rádios e a simpatia do público.
Depois do terceiro álbum, o vocalista entrou em uma das tantas crises criativas e emocionais que marcariam sua carreira e o que era dark, deu lugar a uma vertente pop que talvez ele próprio desconhecesse inicialmente. E foi a partir daí que o Cure se tornou grande e saiu da Terra da Rainha para ganhar o mundo. O álbum “The Head on The Door”, de 1985 foi uma espécie de divisor de águas e, ao lado da compilação de singles “Staring At The Sea”, do ano seguinte, alçou o Cure para vôos bem mais ousados.
“In Between Days”, “Close To Me”, “Killing an Arab”, “Lovecats”, a lista de músicas que marcaram a história da banda e do rock é interminável. Mas Robert Smith e companhia, não se destacam apenas pelas canções. Apter lembra que, em uma época em que a imagem ainda não ditava as regras na indústria musical da forma que acontece hoje, o líder do Cure já havia percebido sua importância e a usava a seu favor. É impossível pensar na banda e não lembrar imediatamente dos cabelos em pé e da maquiagem borrada que lhe são tão característicos.
As apresentações no Brasil em 1987 ganham espaço no livro. Por aqui, o público do grupo sempre foi bastante expressivo e a biografia retrata esse fato. Eles ainda tocariam em solo tupiniquim nove anos depois e mais tarde, em 2013, em um show memorável, com cerca de três horas de duração em que o vocalista deixou claro que o fato de já ter passado dos 50 há algum tempo, não esmoreceu sua disposição.
A relação complicada entre Robert Smith e os demais integrantes das várias formações, a relação tumultuada com as drogas, a dificuldade em lidar com a mídia e os altos e baixos vividos durante estes 30 anos de banda estão retratados no livro. Foram muitos percalços, alguns anúncios de “último álbum” mas, no final das contas, sempre puderam contar com um público fiel que fez a banda acabar sempre voltando para mais um pouco de música.