Noel Gallagher’s High Flying Birds – Chasing Yesterday (Sour Mash Records)
Nota 9
O carnaval acabou e o rock n’ roll pode novamente ocupar espaço na mídia e na cabeça – e ouvidos – de quem já não aguentava mais aquele ziriguidum dos infernos. Oficialmente nas lojas a partir de 2 de março, o segundo trabalho solo de Noel Gallagher já pode ser ouvido na web. Em “Chasing Yesterday”, seu segundo álbum solo, o guitarrista e segunda voz do Oasis, vem mais uma vez acompanhado pela banda High Flying Birds, como no disco anterior que levava apenas seus nomes, lançado em 2011. Muita gente esperava e torcia por um retorno ao lado do irmão encrenqueiro, Liam, mas a comemoração dos 20 anos do Oasis parece ter se resumido mesmo a alguns lançamentos de luxo e versões inéditas.
“Chasing Yesterdays” chega para selar a carreira solo de Noel sem deixar dúvidas de que o músico está no caminho certo. O primeiro single, “In The Heat Of The Moment”, traduz bem o que esperar do restante do álbum. É pop na medida certa. Melódica, radiofônica e grudenta, totalmente cantarolável. Remete à estreia solo, há quatro anos, mas não se confunde com o que vinha produzindo junto com o Oasis, principalmente, nos últimos anos. Há muito mais vida e cor aqui.
Não que a antiga banda seja renegada ou coisa assim. É possível perceber sua influência no novo repertório. Mas não há a necessidade, digamos assim, da lembrança constante do Oasis a cada melodia. A faixa “The Right Stuff”, por exemplo, é uma ótima surpresa. Noel mostra seu amadurecimento como guitarrista e compositor. Além disto, a música traz, ainda, um solo de sax que soa realmente inspirador. Aliás, o saxofone tem um papel de destaque em todo o álbum. Tudo está mais bem trabalhado: arranjos e melodias sofisticados, envolvendo ótimas letras.
O músico parece estar, finalmente, livrando-se da ideia de que é o centro do universo e de que a música gira ao seu redor. Por isso mesmo, consegue produzir um rock muito mais abrangente e diversificado. Mas é claro que Noel não aparece totalmente “curado” de seu egocentrismo. A canção “Riverman” foi classificada pelo próprio como a melhor composição que já fez na vida. É uma boa faixa, adornada por guitarras e violões, mas, certamente, não é para tanto.
Mas, sem dúvida, um dos maiores destaques do disco ficou para o final. Com a participação muitíssimo bem-vinda do eterno The Smiths, Johnny Marr, na guitarra, “Ballad Of The Mighty I”, será figurinha fácil nas pistas e prato cheio para remixes e DJs. A faixa encerra o CD trazendo de volta algo perdido lá atrás, no início do Britpop da década de 1990. Presente perfeito para quem ainda se sente um pouco órfão daquela época.