New Order – Music Complete (Mute Records)
Nota 8
Antes que pudéssemos imaginar tudo o que a música eletrônica seria capaz de nos proporcionar, Bernard Summer, Peter Hook e companhia, influenciados por nomes como Kraftwerk, já misturavam teclados e sintetizadores às guitarras, construindo um rock n’ roll pulsante e dançante que ganharia as pistas no mundo todo. Era o início da década de 1980 e, após a trágica morte do carismático – e não menos problemático – vocalista Ian Curtis, que se suicidou antes de sucesso chegar para valer, eles respiraram fundo e, ao invés de desistir, deixaram para trás o Joy Division e deram vida ao New Order.
E lá se vão mais de três décadas. De lá para cá, essa tal mistura inovadora de indie e eletrônico passou a influenciar muita gente e fez da banda de Manchester uma das mais importantes de sua geração. Foram muitas idas e vindas, muitos altos e baixos. Mas nesse momento, o New Order soa revigorado, como se estivesse em início de carreira.
O primeiro álbum sem o baixo inconfundível de Peter Hook, bem substituído por Tom Chapman, intitulado “Music Complete”, que traz de volta Gillia Gilbert nos teclados e vocais, acaba de ser lançado, e vem para mostrar que os “velhinhos”, que fizeram uma das melhores apresentações do Lollapalooza Brasil, em 2014, ainda tem muito para ensinar.
O primeiro single, “Restless”, leva o ouvinte a um passeio nos anos 80 e, sem dúvida, vai agradar aos mais saudosistas. Mas engana-se quem espera um disco nostálgico, com aquele jeito de música requentada. Logo na segunda faixa, “Singularity”, que tem a participação de Tom Rowlands, do Chemical Brothers – também presente em “The Game” – vem matadora, deliciosamente dançante, mas com um tempero um tanto soturno, no melhor estilo Joy Division. Essa é, talvez, a melhor música do álbum.
Outro destaque fica para a funkeada “People On The High Line”, prova de que a versatilidade de sons e estilos ainda se faz presente no trabalho desses ingleses. “Stray Dog”, que tem a participação de Iggy Pop, com quem a banda vem trocando figurinhas há um tempo, vale pela participação do cantor, mas, certamente não está entre as mais inspiradas.
Ainda no quesito participações especiais, “Superheated” traz Brandon Flowers, do The Killers, nos vocais. Ótima mistura: radiofônica, pop, mas com aquele jeitinho indie que não decepciona os antigos fãs do grupo. E tem ainda, “Plastic”, segundo single, com a participação de Elly Jackson, do La Roux.
Lá fora, os críticos tem se referido à “Music Complete” como o melhor disco do New Order em mais de 20 anos. Pode até haver certo exagero nessa afirmação. Mas a verdade é que, há muito tempo, não ouvíamos os caras mostrando tanta vontade de estar novamente em estúdio, produzindo coisas novas. É muito bom constatar que uma banda com tanta estrada, não se vê limitada e presa ao passado. O álbum é uma ótima surpresa para fãs novos e antigos, e não deve ser apenas mais um na discografia do grupo.