Mick Wall fala sobre reunião do Guns N’ Roses
Com mais de 20 biografias publicadas sobre músicos e bandas, além de trabalhos para cinema, rádio e jornal, o britânico Mick Wall pode se dar ao luxo de ser conhecido como o maior escritor da história do rock e do heavy metal. Em seus diversos textos publicados em seu website, o assunto da vez, como obviamente não poderia ser diferente, foi sobre a reunião do Guns N’ Roses. A publicação diz a respeito do show no Troubadour, em Los Angeles. Confira a seguir a emocionante nota que Mick Wall publicou sobre o que representa esse momento histórico.
“Não, eu não estava lá. E você também não, não vamos mentir. Mas em espírito, definitivamente, todos nós estávamos ali.
É engraçado como tantos anos depois as coisas ainda estão do jeito que foram deixadas em 1993. Axl, Slash, Duff, exatamente nessa ordem, com mais alguns bons garotos completando os lugares onde Steven e Izzy estiveram um dia. Dizzy ainda está lá também. Junto a um novo rosto, Melissa Reese, a pródiga garota que Bryan Mantia provavelmente apresentou à Axl.
A reação, o zumbido elétrico, aquele sentimento inexplicável, aquela insensível, mas finalmente tangível, rede de intriga em torno de todos os movimentos que aconteceriam antes, durante e depois do show. Tudo aquilo acontecendo ali, de uma maneira que não aconteceu durante os últimos vinte e três anos. Eu amei isso. Você não percebe o quanto estivemos perdendo do rock até que ele de repente aparece outra vez.
Eu conheço algumas pessoas que estavam lá. Elas me disseram que é verdade. Era pra Steven estar lá também, mas ele machucou as costas durante os ensaios. Eles também me contaram algumas coisas que me fazem sentir um idiota por guardar apenas pra mim, mas eu nunca fui de dar spoilers. Por que estragar toda a diversão? Esse é ano em que a diversão finalmente voltou para zombar de nós.
E quanto a Axl, ele não estava ótimo? Sem chapéu, até o final do show pelo menos, sem sombras, apenas aquele cara que nós lembramos dos anos de ouro. Um pouco mais gordo, mas e daí? É uma vida inteira depois, cara, quem dera eu aparentar bem dessa maneira. Slash e Duff, claro, ainda estão como Batman e Superman, eles nunca envelhecem. Não por fora. Apenas o suficiente por dentro, para que isso finalmente acontecesse.
Sexta à noite no Troub, cara. Não foi pegadinha de primeiro de abril. Aquilo realmente foi inesperado. E espalhados por Los Angeles, haviam tantas pessoas que fizeram parte da história da banda e não foram chamadas para a festa. Temos que sentir por eles. O passado deles bem em suas portas e ninguém da banda pra avisá-los sobre. Não culpem Axl por isso. Esse joguinho já era. Tudo que acontecer daqui pra frente é culpa de Slash e Duff também. E bom pra eles. Quem é o Guns N’ Fuckin’ Roses, se não a banda que sempre fez tudo do seu próprio jeito: foda-se todo mundo?
E é exatamente por isso que nós os amamos tanto. É por isso que toda uma geração cresceu enquanto eles estavam ausentes e ainda sim conseguem amar esses caras, amar ainda mais. É por isso que estamos todos nós aqui de novo, os novos e os velhos, os inocentes e os culpados, aqueles que foram chamados para a festa e aqueles lá atrás no retrovisor. Porque nunca existiu ninguém como eles. Nem o Zeppelin, nem os Stones, talvez somente o Lemmy e até mesmo ele se apresentou para seus shows no tempo certo. Nunca se ausentou para viver sozinho nas sombras. Nunca sentiu a dor da mesma forma que Axl, Slash e Duff sentiram. E sentem. Ainda sentem.
Só agora eles voltaram. Puta que pariu.
Só tenho uma palavra pra isso.
Caralho”.