Mesmo com falhas técnicas, show ‘Legião Urbana – 30 anos’ agrada cariocas

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Foto: Fernando Schlaepfer

Tinha tudo para ser perfeito, mas a superlotação da casa e muitos problemas com o som quase estragaram a festa de comemoração dos 30 anos de lançamento do álbum homônimo de estreia da Legião Urbana. A apresentação carioca que aconteceu no Metropolitan, no sábado (23), fez parte da turnê que teve início em outubro de 2015 e que traz o músico e ator André Frateschi dividindo os vocais com o guitarrista Dado Villa-Lobos, o baterista Marcelo Bonfá e convidados.

Muito competente e, principalmente, sem a intenção de imitar a voz ou os trejeitos de Renato Russo, morto em 1996, o vocalista foi bem recebido pelos fãs e, em uma das poucas vezes que se dirigiu a eles, agradeceu a oportunidade de estar ali. Durante as cerca de duas horas de um desfile de sucessos que rememoraram os 15 anos de carreira da Legião, o público pareceu alheio a qualquer inconveniente técnico ou ao calor escaldante da pista lotada, interessado apenas em cantar junto com os ídolos.

O imenso karaokê começou com quase 40 minutos de atraso, mas não houve nenhum tipo de reclamação da galera, mais uma vez composta por uma mistura de gerações. Na primeira parte do show, o disco de 1985 na íntegra. “Será”, “A Dança”, “Petróleo do Futuro”, “Ainda é Cedo” e mais sete músicas, inclusive a que fecha o álbun, “Por Enquanto”, que a banda não costumava tocar ao vivo. Mesmo as que não chegaram a tocar nas rádios, como “Perdidos no Espaço”, estavam completinhas na boca de gente que na época nem era nascida.

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Foto: Fernando Schlaepfer

Antes de dar continuidade ao espetáculo, Dado cumprimentou os fãs e então o grupo fez um breve intervalo em que, com o palco escuro, colocou uma gravação de Renato Russo falando como, apesar de todas as dificuldades de uma turnê e da vida na estrada, era bom saber que a música ainda existia e era o que mais importava.

Renato, perfeccionista como era, certamente não teria ficado nada satisfeito e confortável com os problemas técnicos que fizeram com que uma parte do público mal conseguisse distinguir o que era dito ao microfone. Mesmo quando não havia música, era difícil entender o que Dado e Bonfá diziam e, para se ter certeza de quem estava cantando, quem estava mais atrás, precisou recorrer aos telões.

Na segunda parte, a banda passeou pela carreira e não deixou quase nenhum clássico de fora. “Tempo Perdido”, “Daniel Na Cova Dos Leões”, a complicada “Índios”, e “Teatro dos Vampiros” foram alguns deles. Talvez as duas únicas faltas significativas tenham sido “Eduardo e Mônica”, do disco “Dois”, de 1986, e “Meninos e Meninas”, do álbum “Quatro Estações”, de dois anos depois.

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Foto: Fernando Schlaepfer

Destaque para “Pais e Filhos”, que contou com a participação de Nicolau Villa-Lobos e João Pedro Bonfá, respectivamente filhos do guitarrista e baterista. Houve uma única bola fora no repertório: “Dezesseis”, do disco “A Tempestade”, de 1996, e que Dado lembrou que nunca havia sido tocada ao vivo pela banda. A música não funcionou ao vivo e a interpretação da cantora Marina Franco não ajudou em nada.

Para finalizar, a ilustre presença dos Paralamas do Sucesso no bis. A banda de Herbert Vianna, conterrâneo da Legião, foi apresentada por Dado como “responsável por estarem ali”, o que é bem verdade. O estranho foi não terem tocado “Química” juntos, a música que levou o grupo de Renato Russo para a EMI. Ao invés disso, repetiram “Será” e encerraram com a esperadíssima – e mais atual do que todos gostariam – “Que País é Esse?”. Fez parte do bis ainda, “Faroeste Caboclo”, com Frateschi “incorporando” João de Santo Cristo.