Mark Slaughter – Halfway There | Resenha

Mark Slaughter – Halfway There | Resenha

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Nota: 9,0

Depois de ficar por quase duas décadas fora de cena, Mark Slaughter parece ter gostado da ideia de estar de volta no jogo. Com seu segundo álbum solo lançado em menos de dois anos, o eterno vocalista do Slaughter traz, mais uma vez, um nostálgico e marcante disco para os fãs de hard rock. Lançado pela EMP Label Group, de David Ellefson (Megadeth), no mês passado, “Halfway There” é uma sequência de seu antecessor e mais um trabalho bem consistente para o catálogo do versátil frontman.

Dando o pontapé inicial do disco, temos a faixa “Hey You”. Riffs pesados, background vocals e refrão pegajoso. Slaughter em sua pura forma, Mark Slaughter em seu melhor. Dono de um estilo inconfundível, o vocalista não poupou os seus vocais rasgados e fez com que a faixa soasse como algo do “The Wild Life”, clássico lançado em 1992, e um dos trabalhos de maior sucesso de sua carreira. “Devoted” apresenta muito mais peso do que a faixa anterior e conta com um som mais moderno e experimental, mostrando um outro lado de Mark e deixando claro que o vocalista não se prendeu no tempo. “Supernatural” tende para um lado mais melódico, trazendo um AOR envolvente e um groove de baixo bem marcante.

Assim como acontece com o Cinderella, liderado pelos também marcantes vocais de Tom Keifer, Mark possui a maior parcela de credibilidade pelo sucesso que o Slaughter alcançou na década de 90. “Qualquer um que seja fã do Slaughter, consegue entender que eu sou grande parte do som e da vibe da banda, então se você gosta do que temos por lá, ira gostar do que trago aqui”, admitiu o vocalista. “A diferença é que aqui eu possuo muito mais liberdade de trabalhar, algo que provavelmente não aconteceria se estivéssemos compondo juntos”. Realmente, não existe Slaughter sem Mark, assim como pelo outro lado tudo que o vocalista canta acaba nos remetendo a sua banda e fica difícil não trazer comparações.

Dando sequência, temos a faixa título do álbum, “Halfway There”. uma linda balada. A faixa parece ter vindo diretamente de uma máquina do tempo e bate de frente com outro clássico escrito por Mark, “Fly to the Angels”, do disco “Stick It To Ya”, de 1990. “Forevermore” mantém o tempo da faixa anterior e traz mais um belíssimo trabalho. “Eu vou estar aqui para te segurar quando você cair, não se preocupe, pois, eu acredito em você”, canta o vocalista em mais uma balada para o vasto catálogo que possui nesse tipo de canção. “Conspiracy” é uma faixa experimental e com certo tom de modernidade, com Mark cantando em diferentes tons e trazendo até mesmo uma vibe Alice in Chains em alguns momentos. Os riffs são um soco no estômago dos ouvintes, assim como seu perfeito solo de guitarra. “Reckless” anda no mesmo território e mantém o peso e o groove característico dos anos 90.

Durante todo o disco, conforme as faixas vão crescendo, mais evidente fica a versatilidade de Mark. Sem desmerecer os outros integrantes da banda, o vocalista provavelmente seja o principal motivo pelo qual o Slaughter tenha sido uma das poucas bandas de hard rock que tenha conseguido sobreviver à década de 1990, assim como o Warrant e o Extreme. Em seu segundo álbum solo, Mark escreveu e executou praticamente tudo que se ouve. Os vocais, as guitarras, as linhas de baixo, os teclados e até mesmo a orquestra. Apenas a bateria, que ficou por conta de Josh Eagan, assim como o piano de “Halfway There”, executado por Bill Jordan, que não ficaram assinadas por Slaughter.

Já na reta final do trabalho, temos a faixa “Disposable”. Crescendo aos poucos, a música começa como algo que nos remete um pouco a sonoridade dos Beatles, tendo até mesmo o uso de um mellotron (teclado muito usado na década de 1960) e violinos. Já no refrão, a agressividade de Mark vem a tona, tanto em suas cordas vocais como nas cordas de sua guitarra. Mais um trabalho que mostra que o músico sabe fazer muito mais do que um hard rock farofa. “Turn It” é um presente de mão cheia para os fãs do estilo. Vocal marcante, guitarras trazidas diretamente da década de 1980 e backing vocals melosos que crescem conforme o refrão chega. Uma das melhores faixas de “Halfway There”. Fechando o álbum temos “Not Here”. Transmitindo de forma emocionante os seus vocais, aqui Mark traz uma faixa mais cadenciada e puxada para o blues. A música é um último suspiro e uma digna despedida para mais um grande lançamento de sua carreira.

“Halfway There” é um disco que precisa ser apreciado do início ao fim. Um álbum bem completo e que não deve ser escutado apenas uma única vez. Aqui temos Mark Slaughter em sua melhor forma, trabalhando bem a sua versatilidade e trazendo o que de melhor o Slaughter teve a oferecer na década de 1990. A dúvida que fica é a de por que a banda parou de lançar álbuns em 1999, com o “Back to Reality”, se segue excursionando com o vocalista até os dias de hoje, que por sua vez lança apenas trabalhos solos. Talvez seja por questões contratuais, assim como o Cinderella, mas o fato é que passou da hora do grupo assinar um contrato com a Frontiers, que vem cada vez mais relançando grandes nomes do hard rock e do glam metal.

De qualquer forma, “Halfway There” é uma grande homenagem ao legado de Mark, um músico completo e diferenciado. Disco mais do que recomendado.