Knotfest Brasil celebra o metal com shows de Slipknot, Judas Priest, Pantera, e mais
Fotos: Camila Cara
Os fãs de música pesada lotaram no último domingo (18) o Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. E não era por menos, pois ocorreu na cidade a primeira edição do Knotfest, evento criado pelo Slipknot, os headliners da noite. Aliás, o festival teve seus ingressos esgotados.
A galera com suas camisetas pretas chegaram cedo para curtir o dia dedicado ao metal. As bandas nacionais Black Pantera, Oitão + Jimmy & Rats e Project46 abriram os trabalhos. Conforme foram passando as horas, as filas na entrada aumentavam cada vez mais pelo fato de ter apenas uma entrada disponível no Anhembi.
O Trivium foi a primeira banda internacional a subir ao palco Carnival Stage. O grupo liderado por Matt Heafy recebeu um grande número de fãs no local que agitaram ao som de músicas como “Down From the Sky”, “The Sin and the Sentence” e “Strife”. A atração a seguir foi a Vended, banda de Griffin Taylor, filho do Corey Taylor. O show ocorreu no outro palco, chamado Knotstage.
A distância dos palcos dificultou o público a assistir shows na sequência em uma localização melhor. O motivo é que cada palco foi montado nas extremidades do Sambódromo, sendo muito longe um do outro. Era necessário escolher qual performance queria assistir de perto. A vantagem foi o cuidado com os horários das performances. Acabava um show e logo em seguida começava outro.
Mas voltando ao show do Vended, os caras conquistaram o público brasileiro que era formado naquele momento por jovens. O esforçado vocalista fez com que os fãs abrissem várias rodas de pogo ao longo da apresentação. Griffin aproveitou para elogiar a plateia inúmeras vezes e se emocionou com a energia da galera. Canções como “Ded To Me”, “My Wrongs” e “Antibody” fizeram parte do repertório.
Neste momento, os food trucks espalhados pelo espaço receberam grandes filas por ser próximo da hora do almoço. Existia diversas opções para se alimentar. Vale destacar também as centenas de banheiros químicos para atender a necessidade do público.
Alguns fãs preferiram assistir ao jogo da final da Copa do Mundo em um telão montado no meio do Sambódromo, enquanto outros preferiram enfrentar a fila mais cedo para conhecer o museu do Slipknot. O espaço contou com exposição de máscaras, roupas, instrumentos, entre outras raridades da banda de Iowa.
A próxima banda a subir ao palco foi a veterana Sepultura, que realizou uma performance especial para celebrar a turnê do álbum Quadra. Aliás, foi o último show dos caras de 2022. Andreas Kisser, Derrick Green, Paulo Xisto e Eloy Casagrande convidaram grandes nomes do metal para tocar junto seus clássicos, como ocorreu no projeto SepulQuarta, feito durante a pandemia. Muitos fãs das antigas estiveram presentes para curtir esse show.
O primeiro convidado foi Scott Ian, guitarrista do Anthrax, presente no festival para tocar com o Mr. Bungle logo em seguida. A sua participação foi durante a faixa “Cut-Throat”. Matt Heafy, do Trivium, tocou com os caras o clássico “Slave New World”, enquanto Phil Anselmo, do Pantera, cantou a feroz “Arise”. O repertório do Sepultura ainda teve “Dead Embryonic Cells”, “Ratamahatt”, “Roots Bloody Roots”, entre outras.
No palco do outro lado do Sambódromo era a vez da performance maluca do Mr. Bungle. Alguns fãs do Slipknot já se posicionavam no Knotstage para garantir um melhor lugar para conferir seus ídolos mais tarde. No entanto, alguns menos atentos não perceberam que a banda era formada por músicos idolatrados por Corey Taylor, incluindo Mike Patton, vocalista do Faith No More; Scott Ian, guitarrista do Anthrax; e Dave Lombardo, baterista do Slayer.
A apresentação foi sem dúvida a mais divertida do festival, por conta de Patton, que conversou com o público em português o tempo todo. Com uma camisa do Brasil e distintivo da polícia, o cantor provocou a seleção francesa e deu os parabéns aos argentinos. Também chamou o atual presidente Bolsonaro de hipócrita ao anunciar “Hypocrites” e gritou o tradicional “Porra, caralho”. Vale lembrar que essa é a primeira turnê de Mike após se tratar da saúde mental.
Outro destaque no Mr. Bungle é o guitarrista original Trey Spruance, que fez os solos das músicas enquanto Ian ficou na guitarra base. Canções como “Anarchy Up Your Anus”, “Eracist” e “Spreading the Thighs of Death” estiveram no repertório, além de covers de S.O.D. (“Speak English or Die”), Circle Jerks (“World Up My Ass”) e Slayer (“Hell Awaits”). Para o encerramento do show, Patton convidou ao palco Andreas Kisser e Derrick Green para tocarem juntos “Territory”, do Sepultura. Mais uma vez, Mike surpreendeu ao cantar em português “Bota pra foder” no ritmo da música.
Na sequência, o Pantera repetiu o show arrasador que fez no Vibra SP, celebrando o retorno da banda. Phil Anselmo, Zakk Wylde, Charlie Benante e Derek Engemann levantaram o público com clássicos como “Mouth for War”, “I’m Broken”, “This Love” e “Fucking Hostile”. Aliás, foi um dos shows mais lotados do Knotfest Brasil.
Novamente, os falecidos Dimebag Darrell e Vinnie Paul foram homenageados ao longo da performance com vídeos no telão mostrando momentos da carreira, tanto no palco quanto nos bastidores. Os bumbos da bateria de Benante tinha as imagens dos irmãos, além do baterista usar uma camiseta com a reprodução da dupla no traços de Os Simpsons. O encerramento do show com “Walk” e “Cowboys From Hell” incendiaram o Anhembi. Os fãs ficaram malucos para ouvirem esses clássicos ao vivo.
O Bring Me The Horizon seguiu com o festival no outro palco do Sambódromo reunindo um público mais jovem. Oliver Sykes e companhia agitaram a galera com faixas como “Can You Feel My Heart”, “Teardrops”, “Mantra”, “Dear Diary” e “Parasite Eve”. O vocalista, que é casado com uma brasileira e atualmente morando em Taubaté, falou com os fãs em português arrancando muitos gritos.
Chegando na reta final da maratona, o Judas Priest encerrou os trabalhos do Carnival Stage com mais um belo espetáculo. Com um tridente gigante da banda no meio do palco, o show começou com “Electric Eye”. Rob Halford mais uma vez mostrou o porque é considerado o “Deus do Metal” ao abusar de seus agudos afiados. É impressionante como o vocalista continua em forma aos 71 anos. Vale destacar também os outros músicos, incluindo o veterano baixista Ian Hill, além dos guitarristas Richie Faulkner e Andy Sneap, e o baterista Scott Travis.
O setlist contou com os melhores momentos da carreira da banda, que está em turnê comemorando os 50 anos de metal. Entre elas, “Turbo Lover”, “Metal Gods” e “Painkiller”. Durante a última faixa citada, houve uma homenagem a Glenn Tipton, guitarrista afastado desde 2018 devido a luta contra o Parkinson. Um dos momentos mais aguardados do show ocorreu na sequência com o retorno de Halford ao palco pilotando uma moto.
O bis contou com os clássicos absolutos “Breaking the Law” e “Living After Midnight”, seguidos pelo coro “Olê, olê, olê, Judas, Judas”.
Para encerrar a noite inesquecível de metal, o Slipknot chegou já com o jogo ganho reunindo um grande número de fãs. Os anfitriões Corey Taylor, Mick Thomson, Jim Root, Shawn “Clown” Crahan, Craig Jones, Sid Wilson, Alessandro Venturella, Jay Weinberg e Michael “Tortilla Man” Pfaff começaram o show com “Disasterpiece” e o sucesso “Wait and Bleed”.
Com um palco arrasador e efeitos pirotécnicos, a banda mostrou que um de seus grandes segredos de sucesso é o visual, incluindo as máscaras sinistras de cada integrante que parecem personagens de filmes de terror. “Não importa se você acompanha há 20 anos ou 20 minutos, todos vocês fazem parte da família”, declarou Taylor.
O repertório contou com diversos clássicos dos caras, como “Duality”, “Spit It Out” e “The Heretic Anthem”, além de canções mais recentes, como “The Dying Song (Time To Sing)” e “Unsainted”. A performance encerrou com fogos de artifícios e a promessa do retorno da banda. Aliás, o próprio festival já confirmou a edição do Knotfest Brasil 2023.