Kid Vinil ganha sua biografia, ‘Um Herói do Brasil’

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Foto: Fernando Martins Ferreira

Se há alguém que sabe tudo e mais alguma coisa sobre música em terras tupiniquins, é Kid Vinil. Sucesso na década de 1980 à frente de sua banda Magazine, ele ganhou as rádios e as pistas do país com “Sou boy”, hit que aproveitava a explosão da new wave por aqui. Mas a história e importância do músico, jornalista e diretor de TV, que veio do interior paulista para a capital ainda adolescente, vai muito além de uma canção chiclete. “Kid Vinil – Um Herói Do Brasil”, chega para contar um pouco de tudo isso.

Escrita pelo jornalista Ricardo Gozzi e o músico Duca Belintani, a biografia é mais um lançamento da Edições Ideal, que vem abastecendo o mercado com uma série de obras tendo a música como foco principal. “A ideia partiu do Duca há alguns anos. Ele tinha tocado por um tempo com o Kid e vivia dizendo que valia pensar na possibilidade de escrever um livro contando a história dele”, lembra Gozzi. “Era uma época em que eu estava trabalhando demais e ainda não tinha dimensão do personagem. Quando me dei conta, já estava engajado até o último fio de cabelo na biografia”.

Duca tocou ao lado de Kid durante os anos 90 e produziu seu primeiro CD. Ele conta que durante a convivência, percebeu o quanto o músico que desde os oito anos de idade já gostava de dar uma de DJ para os amigos e a família no quintal de casa, era apaixonado pelo conhecimento musical. “Ha mais ou menos um ano atrás pensei que poderia fazer uma homenagem a ele no ano em que completaria 60 anos de idade e pensei em contar a história dele para que todos pudessem conhecer”, lembra. “O Ricardo foi meu aluno de guitarra quando era menino e hoje é um grande jornalista e nos tornamos desde então, grandes amigos. Prepus a ele a tarefa e ele gostou. Fui até o Kid para sugerir e ele recebeu com alegria. A partir dai começamos o processo”.

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Foto: Fernando Martins Ferreira

E foi através do emprego de office-boy na adolescência que Kid Vinil conseguiu bancar a paixão pelos discos, correndo atrás dos importados e das novidades. Ele, que começou a se interessar por música ainda criança, ouvindo no rádio os programas dedicados à música regional, na fazenda em que morava com a família, onde seus pais trabalhavam, descobriu o rock na escola, com os colegas de classe, dedicando seu recreio aos Beatles e aos Rolling Stones.

Kid diz que o fato de os autores serem seus amigos há tempos, facilitou bastante o processo de criação do livro. “Geralmente nos encontrávamos para papear e alinhavar algumas historias, foi tudo muito fácil”. Definido pelo jornalista José Antonio Algodoal como uma espécie de Jedi, quando o assunto é música, ele ri, mas não usa de falsa modéstia: “As vezes eu acho que os amigos exageram um pouco, mas me sinto honrado pelo reconhecimento. Trabalhei muito tempo em rádio, imprensa, gravadoras e aprendi muito. Sempre me interessei pela história do rock e pesquisei muito. Isso é o resultado de tudo que já fiz e daí vem o reconhecimento, fico feliz com isso”.

Ricardo Gozzi diz que o fato de poder contar com o próprio Kid para ajudar na biografia foi fundamental. “Pra quem escreve, o contato pessoal com o biografado é bastante positivo no que diz respeito a poder ter uma impressão própria da pessoa. Fecha a porta pra especulações sobre a personalidade da pessoa e encheção de linguiça”, explica. “O mais difícil, e que exigiu conversas e pesquisas até o último instante, foi situar no tempo fatos sobre os quais muitas vezes não havia registros e era preciso contar apenas com a memória das pessoas”.
capa-kid-ALTADuca concorda e reforça que foi essa ideia de conversar com o próprio Kid que tornou tudo mais interessante. “Isso foi o que mais me motivou , poder fazer uma homenagem em vida. No caso do Kid fiz a proposta de uma biografia autorizada o que implica em ‘ele’ contar sua história sobre o seu ponto de vista e falar tudo que quisesse falar”, lembra.

O livro é recheado de passagens divertidas e de curiosidades sobre a indústria da música. É daquele tipo de leitura que faz o fã de música se deliciar e terminar o livro em poucas horas. Segundo os autores, muita coisa acabou ficando de fora porque a ideia era centralizar tudo na música. “Tem muitas, em especial uma do ‘TiC Tic Nervoso’ (outro hit que ganhou as FMs) que foi visionaria, tive um sonho que se gravasse a música ela seria um sucesso e realmente foi. No livro eu conto a historia em detalhes”, adianta Kid.