Ingvild Deila, atriz de ‘Star Wars’, e Olam Ein Sof falam sobre parceria musical

Ingvild Deila, atriz de ‘Star Wars’, e Olam Ein Sof falam sobre parceria musical

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Fotos: Marcos Chapeleta

O duo Olam Ein Sof, formado por Marcelo Miranda e Fernanda Ferretti, se apresentou, no último dia 17, no Taverna Medieval, em São Paulo. A performance realizada foi bem especial, por conta da presença da atriz e cantora norueguesa Ingvild Deila.

Ingvild é conhecida pelo público brasileiro por ter vivido a Princesa Leia em “Rogue One: Uma História Star Wars” e também fez uma breve participação em “Vingadores: A Era de Ultron”. No entanto, a artista tem uma carreira musical, chegando a lançar um álbum com o grupo Necessary Animals, ao lado de seu pai.

Aproveitamos para bater um papo com o Olam Ein Sof e Ingvild Deila sobre essa parceria, que iniciou em outubro do ano passado, no evento Entre Mundos – Feira Cultura da Idade Antiga e Medieval, em Varzea Paulista. A descontraída conversa foi desde música, cinema, até culinária brasileira. Confira a seguir.

Ligado à Música: Como surgiu a parceria de vocês?

Marcelo Miranda: No ano passado, um casal de amigos nossos, a Diana e o Guilherme, que são de um grupo de batalha medieval, viram a Ingvild cantando em um restaurante. Eles acharam bonito o trabalho e lembraram da gente em fazer uma parceria. Então, fomos apresentados, porque iria ter um evento, que aconteceu em outubro do ano passado, e a ideia seria dela fazer uma participação cantando e alguém para acompanhá-la, e nos escolheram. A gente se conectou e marcamos um ensaio em casa. Foi muito fantástico, porque no primeiro ensaio parece que realmente conectou, fluiu muito bem. Foi tão bacana, sabe aquela coisa de adolescente, que você já começa a fazer planos? Então, isso foi muito interessante. A gente começou a desenvolver esse trabalho para aquele show e, até então, naquele período o projeto da Ingvild seria ficar no Brasil. Ela iria voltar para a Europa, como fez no fim do ano, para fazer alguns trabalhos e voltaria nesse período, mas mudaram um pouco os planos. Então, a gente já resolveu fazer esse show agora e ela vai ter que viajar de vez, mas tá bacana, tá bonito. E ela quer que a gente continue com essa parceria de alguma forma, tanto nos retornos dela ao Brasil e pra gente ir lá também.

Ingvild Deila: Pra mim foi maravilhoso ter conhecido a Fernanda e o Marcelo. Eu costumava cantar bastante quando era criança, mas comecei a fazer outras coisas, estudar, atuar, e acabei perdendo um pouco de confiança em relação a minha voz. Então, pra mim foi muito bom receber esse voto de confiança. Estou começando de novo e aprendendo bastante com isso, mas tem sido uma colaboração bem encorajadora, principalmente porque eles possuem interesse em diferentes canções e línguas antigas e isso é algo que também admiro bastante. Não existem muitos grupos por aí com esse foco em música contemporânea e eu fico muito feliz em poder trabalhar com alguém que possua esse mesmo tipo de paixão que eu.

Marcelo: Ela cantava com o pai dela, chegaram a gravar um CD…

Ingvild: Sim, eu gravei um álbum com a minha família e depois fiz o Necessary Animals, que era um estilo totalmente diferente. Eles possuem um pouco de música eletrônica, rock, jazz, música clássica e etc. Uma mistura que foge do folk. Mas eu gosto de trabalhar com diferentes gêneros musicais.

Marcelo: Então isso casou da busca dela com a música antiga e da gente tocar. É até interessante que a primeira música que a gente tocou no show de hoje, tem até um paralelo, porque eu venho do metal, black metal ainda, e tem uma banda da terra dela, que é a Noruega, o Storm, ficou muito famoso quando gravou algumas músicas folk e uma delas era essa. Depois eu mostrei pra ela e isso é muito bacana, essa coisa global.

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Ligado à Música: Como que foi a escolha de repertório? Coisas que ela queria cantar e outras que vocês queria tocar?

Marcelo: Foi um pouco disso. Quando nos apresentaram ela pensamos: ‘O que vamos tocar?’. Aí eu pedi algumas sugestões pra ela, o que gostaria de cantar. E a Ingvild sugeriu algumas músicas, mandou um playlist e eu escutei algumas. Gostamos de várias, principalmente as mais antigas. Por exemplo, teve duas que a gente tocou hoje que é de uma banda contemporânea.

Ingvild: Sim, é de uma banda finlandesa. Eles são bem tradicionais mas mesclam com algumas coisas mais recentes, como jazz por exemplo. Eu gosto bastante dessa mistura.

Marcelo: Então ela trouxe esse material, o que nos estimulou muito para pesquisar. Isso agregou muito, porque ela nos proporcionou a pesquisar coisas do medieval de outra região, trazendo outras influências belíssimas.

Ligado à Música: Você comentou antes que esse show teve apenas um ensaio.

Marcelo: Sim, sim, pra esse show sim (risos). A ideia era pra gente continuar, porque ela iria voltar no começo do ano, como aconteceu, e a gente iria continuar preparando o repertório e buscando shows. Mas teve mudanças na vida dela. Então ela fez questão de fazer um show e conseguimos marcar. Mas pensamos: ‘Como vamos fazer?’. Conseguimos fazer um ensaio, porém, no show do ano passado a gente ensaiou bastante.

Fernanda Ferretti: Nós tínhamos preparado para o show de outubro com ela umas cinco músicas, porque na verdade a programação do festival que participamos já estava fechada e a Ingvild apareceu depois. Então, nos deram quinze minutos de participação no evento. A gente falou: ‘Ok, é o tempo que a gente tem’. Preparamos as cinco músicas, começamos a estudar algumas outras, mas aí já iria ficar longo o tempo e deixamos essas pra depois. E tínhamos dado uma passada. Mas para fazer a apresentação de hoje eram poucas canções. Então, essa semana é que começamos a pegar as outras músicas e escrever as partituras, fazer as harmonias, pensar nos arranjos. Eu fiz uns vídeos tocando e enviei para a Ingvild escutar como estávamos fazendo e só na sexta-feira é que conseguimos passar as 10, 11 músicas. E hoje de manhã demos uma passadinha. Foi muito pouco contato.

Ligado à Música: Pra você foi complicado?

Ingvild: Sim, foi um pouco difícil pra mim porque não sou tão acostumada a performar. As vezes acho que ainda não consigo cantar tão bem como nos ensaios porque sempre estou mais relaxada. Mas isso se trata apenas de exercitar e me acostumar em performar em frente ao público novamente, está tudo bem (risos).

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Ligado à Música: A banda existe desde 2001.

Marcelo: Isso.

Ligado à Música: Inclusive, o nosso site cobriu o evento Wave Summer Festival que vocês tocaram em 2015.

Marcelo: Que legal. Foi um festival bacana, mais focado no gótico. Os organizadores do festival viveram um tempo na Alemanha e lá tem o Wave-Gotik-Treffen, festival gótico gigante. Aí eles disseram que o evento tinha bandas medievais tocando, e então entraram em contato conosco por conta disso. Falaram que teria o Ataraxia, que era a única banda que eu conhecia, e algumas daqui. Eu pesquisei, inclusive algumas bandas daqui como o Das Projekt, do Marcelo e todo o pessoal, a gente ficou muito amigo. E lá foi muito bacana. Tem até uma curiosidade: quando a gente passou o som, os caras do Das Ich passaram pelo teatro e nos viram. Quando a gente estava tocando o nosso som, veio um barulho da técnica e depois descobrimos que era o pessoal do Ataraxia chegando. Quando a gente foi pedir autógrafos pra eles, a menina da banda elogiou o nosso show. Então, foi muito legal estar naquele festival e a partir dali a gente viu que já tinha uma conexão com o pessoal do gótico.

Ligado à Música: Ingvild, o que gosta de ouvir?

Ingvild: Hum, essa pergunta é difícil. Eu gosto bastante de música clássica minimalista como Philip Glass e John Adams, algo nesse estilo. Mas também gosto de Radiohead, é uma das minhas bandas favoritas. Claro, bastante música folk escandinavo, principalmente aquelas que flertam e experimentam novos estilos. Acho que isso na maior parte do tempo. Não escuto muita música atual como pop music e afins, mas gosto de música eletrônica também como retro-wave, anos 80, sci-fi e etc. Acho que essas são as principais.

Ligado à Música: E da Noruega, o que você indicaria pra nós brasileiros? Aqui no Brasil, a gente gosta muito de A-ha.

Ingvild: Sim, o A-ha é a banda mais famosa da Noruega. Mas acho que depois disso o que a Noruega mais exporta para o mundo é o black metal. Se você gosta desse tipo de música, temos bastante pra mostrar, mas particularmente eu não curto muito o gênero e não conheço muito bem. É difícil pensar em algumas recomendações. Existem ótimos músicos de jazz na Noruega, tem um chamado Bugge Wesseltoft. Mas não sei, sinto que não tenho muita familiaridade com meu país em alguns aspectos já que estou morando na Inglaterra desde 2011. As vezes é difícil se manter atualizado com o que acontece por lá. Mas no geral podemos dizer que temos ótimos músicos na Noruega, essa sempre foi uma de nossas maiores forças.

Ligado à Música: Tem também a cantora Aurora.

Ingvild: Não ouvi o suficiente pra poder opinar. Eu sei quem é, mas não a conheço muito bem.

Marcelo: O ano passado quando a gente tava indo pro show, eu mostrei o Wardruna pra ela que não conhecia.

Ingvild: Sim, é muito bom.

Marcelo: Wardruna, Einar Selvik. Eu falei pra ela que era um som que gostava muito. Eu também conheci o Einar há dois anos quando tocamos em um festival em Brasília, tocamos juntos e tal. E uma coisa interessante é que o black metal mesmo virou uma coisa nacional da noruega mesmo. É um símbolo da Noruega, digo atualmente.

Fernanda: É como o samba no Brasil

Ligado à Música: Então seria como o metal na Finlândia.

Marcelo: É, o metal melódico lá é muito forte.

Obvio que o movimento que teve nos anos 90 foi meio barra porque foi queimando as coisas. Só que, por outro lado, foi uma resposta aos cristãos quando chegaram lá com as tradições. Talvez a molecada agora falou ‘essa é a nossa vez’. Mas são coisas que mudaram, agora é só questão musical mesmo.

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Necessary Animals (Foto: Reprodução/Facebook)

Ligado à Música: Ingvild, gostaria que você falasse um pouco sobre o projeto com seu pai, o Necessary Animals.

Ingvild: Ah, sim.

Ligado à Música: Você gravou o disco em novembro, não foi isso?

Ingvild: Sim, lançamos o nosso primeiro álbum juntos como um grupo recentemente. É um projeto colaborativo, nós tivemos a participação de diferentes artistas e isso fez o trabalho final soar um pouco esquizofrênico. Cada faixa possui o seu próprio gênero. Todas as faixas são autorais e escritas pelo Keith Rodway, o criador do grupo. Ele chamou vários artistas, inclusive de outros países como Alemanha e Estados Unidos. Então, nós juntamos todos e fizemos um LP. Foi bem legal, começamos uma turnê na Europa e foi bem bacana. Talvez nós possamos nos juntar com nosso grupo e fazer um show com dois momentos (risos).

Ligado à Música: E no Brasil, vc chegou a ouvir alguma coisa de música brasileira? Gostou de algo?

Ingvild: Eu não conheço muito da música brasileira como deveria, mas eu gosto bastante de algumas coisas antigas como bossa nova e algo mais clássico. Não conheço muito da música atual, mas bossa nova eu gosto. Preciso explorar mais, pois sei que existe muito mais do que isso. Mas funk não. (risos).

Ligado à Música: Aproveitando essa parte brasileira, você gosta de nossa comida?

Ingvild: Ah, sim. Eu gosto muito da comida do Brasil. Uma das coisas que sinto falta quando viajo é da comida. Tudo é muito fresco. Frutas, legumes… Tudo tem muito sabor. Pão de queijo é muito gostoso também. Feijoada vegetariana. Tem muita coisa. Brigadeiro, doce de leite.

Ligado à Música: Você conheceu tudo então. (risos)

Marcelo: Alcachofra, você lembra?

Ingvild: Ah sim, alcachofra é mágico!

Fernanda: A gente fez alcachofra pra ela. Na hora que eu tirei do forno, ela ficou surpresa por ser uma flor.

Ligado à Música: Não é realmente uma coisa comum pra comer no dia a dia. Você costuma fazer?

Marcelo: A Fernanda gosta muito de cozinhar. Quando ela veio, a gente pensou em almoçar e ensaiar na sequência. E ela tá numa pegada de pesquisar comida vegetariana, vegana, e a Ingvild é vegetariana. Então a Fernanda gosta de explorar e pensou em fazer alcachofra.

Fernanda: Coincidiu de eu ter ido na feira e não sabia se ela conhecia alcachofra.

Ligado à Música: Eu fiquei curioso. (risos)

Marcelo: Então, você está convidado a ir lá em cama. (risos)

Fernanda: Eu imaginei que ela não conhecesse e seria algo diferente pra mostrar à ela, recheada com queijo. E a forma de comer, tirando as pétalas

Ligado à Música: Todo um ritual…

Fernanda: Foi engraçado a descoberta de uma flor em pensar que aquilo é um alimento. Ela achou muito interessante, a forma como reagiu.

Ligado à Música: Você gostou então?

Ingvild: Sim, gostei muito. Ela faz uma comida muito boa.

Marcelo: Nós temos o objetivo de engordar a Ingvild. (risos)

Ingvild: Talvez até melhore a minha voz. (risos).

Neste momento, Ingvild imitou uma voz cantando música clássica.

Ligado à Música: Confesso que fiquei impressionado com sua voz.

Ingvild: Obrigado

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Ligado à Música: Seu foco é continuar com a música ou você pretende continuar no cinema?

Ingvild: Eu pretendo continuar com ambos. Pretendo continuar cantando e atuando. Pra mim todos os tipos de artes são conectados. Então, o natural é que eu continue fazendo ambos.

Ligado à Música: E quais os planos futuros?

Ingvild: Agora vou viajar para trabalhar nos Estados Unidos e depois viajarei com meu parceiro Bruno para a Europa. Estamos trabalhando em um projeto Viking, uma série sobre lutadores Vikings. Estamos tentando fazer o projeto sair do papel. Depois vamos continuar filmando outro projeto no Brasil, gravando um documentário sobre imortalidade. Mas no geral é isso, continuaremos tocando em alguns festivais na Europa e etc.

Ligado à Música: Vocês pensam em gravar algo juntos?

Marcelo: Sim, seria muito legal a gente gravar algo. Podemos mandar pra ela, hoje a tecnologia tem esse ponto positivo. Ela também queria muito tentar tocar em um festival de música e se a gente puder ir pra lá também com certeza a gente vai participar, continuar esse intercâmbio. Seria interessante esse mix musical.

Ligado à Música: Então, a gente volta a conversar quando tiver algo gravado.

Marcelo: Sim, vai ser demais.

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Robert Downey Jr. e Ingvild Deila (Foto: Reprodução)

Ligado à Música: Bom, eu sou muito fã de Marvel e você participou do filme ‘Vingadores: A Era de Ultron’. Gostaria de saber como foi essa experiência.

Ingvild: ‘Vingadores’ foi minha primeira grande aparição. Digo, foi um papel bem pequeno, mas em meu primeiro filme grande. Eu era nova em atuações, não tinha atuado por cinco meses, não conhecia muito a indústria e tudo mais. Eu estava muito nervosa, até mesmo porque eu conheci Robert Downey Jr. e todo o elenco. Eles são muito doces, são pessoas muito legais. Foi uma experiência maravilhosa e eu me senti muito especial por isso. Eles precisavam de alguém pra atuar com esse sotaque e isso me ajudou a pegar a vaga. Foi fantástico.

Ligado à Música: E pra finalizar, poderia falar um pouco sobre sua passagem em ‘Rogue One: Uma História Star Wars’?

Ingvild: Bom, eu era a dublê de corpo da Princesa Leia, já que a ideia era trazê-la de volta no final do filme. Eu fui muito sortuda porque nem sabia que esse seria meu papel. Eu cresci com os filmes de Star Wars e nunca imaginei que a Carrie Fisher era tão pequena. Nós tínhamos exatamente a mesma altura e formato corporal. Então fiquei responsável em ser o seu corpo para o filme. Foi maravilhoso. Graças a isso eu tive a oportunidade de viajar nas Comic Cons, conhecer os fãs, entender mais sobre o CGI, etc. Pra mim foi uma grande honra e eu fiquei muito feliz em ter feito esse pequeno papel em um universo tão amado como o de Star Wars.

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Foto: Reprodução/Lucas Film