Helloween emociona plateia com show histórico em São Paulo
Fotos: Bárbara Martins/Metal Concerts
Tão improvável como uma reunião do Guns N’ Roses (ou pelo menos há dois anos atrás) ou como um novo álbum do Led Zeppelin, a reunião dos membros da formação clássica do Helloween pegou todos de surpresa. Com dois shows esgotados em São Paulo desde o início do ano, o grupo se apresentou, pela primeira vez em mais de duas décadas, com o vocalista Michael Kiske e com o guitarrista Kai Hansen. Ambos os shows se passaram no Espaço das Américas, e tivemos a oportunidade de acompanhar a banda, até então liderada por Andi Deris, no segundo dia, domingo (28).
Poucos minutos antes do horário marcado para o início do show, um membro da produção subiu ao palco para avisar a todos que naquela noite o Helloween estaria gravando um DVD, pedindo para que fizessem o máximo de barulho e para que levantassem as bexigas laranjas que possuíam, simulando abóboras. Os presentes atenderam rapidamente ao pedido e começaram a fazer o nome do grupo ecoar pela casa.
Foi então que, exatamente às 19h30, o Helloween subiu ao palco, levando a plateia à loucura. “Halloween”, como não poderia ser diferente, foi a música escolhida para abrir o show. Apesar da duração da faixa, de pouco mais de treze minutos, a canção passou em um piscar de olhos, afinal, o que é uma dezena de minutos se comparado a espera de quase duas décadas e meia? Com Kiske e Deris alternando vocais, o grupo executou “Dr. Stein” e “I’m Alive” em sequência.
Apesar de dispensarem apresentações, os vocalistas não deixaram a cordialidade de lado. “Esse é Michael Kiske”, “Esse é Andi Fuckin’ Deris”, apresentando um ao outro para à plateia. Deris então comentou que uma década atrás o Helloween também esteve em São Paulo para uma gravação de DVD. “O show foi completamente insano, a plateia estava maluca e nós decidimos que aqui seria um ótimo lugar para gravar novamente”, concluiu. Apesar de “If I Could Fly” e “Are You Metal?” terem sido muito bem recebidas pelo público, com apenas Andi nos vocais, quando Kiske e Hansen dividiram os holofotes em “Rise and Fall”, mais um clássico do “Keeper of the Seven Keys II”, foi que realmente a casa veio abaixo.
Com um início de show matador, um momento constrangedor aconteceria a seguir. Depois da execução de “Perfect Gentleman”, os vocalistas se retiraram do palco e Hansen pegou o pedestal para si. Foi então que, após alguns segundos de “Starlight”, o som da casa viria a falhar. A princípio, a impressão que ficou foi a de que os músicos entenderam que apenas os seus próprios retornos estavam apresentando problemas, já que continuaram tocando por pelo menos um minuto. Foi então que os alemães se tocaram da falha e se retiraram do palco. Alguns minutos depois, o grupo voltou ao palco, dando início a canção novamente, e os problemas voltaram a acontecer. Mais uma vez o Helloween se retirou do palco.
Após longos e exaustos vinte minutos, a banda deu as caras novamente. Hansen finalmente conseguiu executar o medley previsto com as faixas “Starlight”, “Ride the Sky”, “Judas” e “Heavy Metal (Is the Law)”. Apesar do clima já não ser mais o mesmo, Kiske e Deris se dirigiram à frente da passarela, de cara com o público, para a clássica balada “Forever and One”, cantada em uma só voz pelos presentes. Antes, ainda brincaram com as falhas de equipamento. “Isso que acontece quando tocamos alto demais”, disse Kiske. “Pelo menos vai ser algo pra ficar na história”, continuou Deris.
Recuperando aos poucos a sinergia inicial do espetáculo, o grupo foi se acertando com as canções “A Tale That Wasn’t Right”, “I Can” e “Why?”. Nesse meio tempo também teve espaço para o solo de bateria de Daniel Löble. “How Many Tears” destacou-se pela presença dos três guitarristas, Hansen, Weikath e Gerstner na ponta da passarela, batalhando solos e riffs entre si. O grupo então se retirou do palco. Poucos minutos depois, viria a sequência de ouro do Helloween. Divididos em dois bis, o grupo executou os maiores clássicos de sua carreira. Na ordem: “Eagle Fly Free”, “Keeper of the Seven Keys”, “Future World” e “I Want Out”. As quatro ecoadas em uma só voz pela plateia.
Depois de quase três horas de show, o Helloween se retirou do palco. Apesar dos problemas técnicos (que inclusive aconteceram também na noite do show anterior, no mesmo local, mas com os telões), o grupo se doou para um show emocionante, esperado por muitos dos presentes por mais de décadas e fazendo valer a pena o aguardo. Uma verdadeira festa invadiu a capital paulista, com um dos maiores nomes da história do heavy metal. Vamos aguardar ansiosamente pelo lançamento do DVD e torcer para que o grupo continue excursionando pelo mundo com essa formação, assim como lançando mais material.