Green Day – Revolution Radio (Warner Music)
Nota: 8,5
O Green Day é uma daquelas bandas que depois que encontrou a “formula do sucesso”, vem flutuando com tranquilidade dentro de sua zona de conforto, arriscando colocar a cabeça para fora uma vez ou outra. Há quatro anos sem um álbum de inéditas, o grupo californiano lançou no último dia 07 de outubro, “Revolution Radio”, seu 12º trabalho, apresentando a velha mistura de elementos do punk a um pop/rock de qualidade, forte e turbinado, como vem fazendo há três décadas. A conclusão é simples: se você é fã de Billie Joe Armstrong e companhia, vai curtir o novo disco. Por outro lado, se nunca deu muita atenção ao trio, não vai querer perder seu tempo agora.
Vivendo um bom momento na mídia, tendo acabado de confirmar a versão para a TV da ópera-rock “American Idiot” (2004), que chegará às telas ano que vem, em uma parceria com a HBO, o Green Day tenta recuperar seus melhores momentos, vividos na primeira metade da década de 1990. Para ajudar nisso, resolveram assumir eles mesmos a produção, o que não faziam desde “Kerplunk!”, lançado em 1992.
“Revolution Radio”, subiu direto ao topo da parada norte-americana e britânica e suas canções trazem a experiência acumulada em tantos anos de estrada. “Somewhere Now”, faixa que abre o álbum, é exemplo de que o som acelerado e com certo peso, não precisa ser tosco.
Essa, aliás, sempre foi uma característica importante do som da banda: nunca confundir agressividade com “tosqueira”. Mais uma vez estamos falando de faixas muito bem acabadas e produção impecável. Se nos últimos trabalhos o vocalista e guitarrista Billie Joe, o baixista Mike Dirnt e o baterista Tré Cool pareciam ter perdido um pouco o gás, no novo álbum, o hardcore reaparece para dar força ao repertório. O que fica claro em faixas como o ótimo single “Bang Bang”.
O fato de ser esse o primeiro álbum do trio após a internação do vocalista em uma clínica de reabilitação para tratar do vício em medicamentos, de alguma forma, é percebido nas letras. Parece ter havido um amadurecimento que, na verdade, vem sendo percebido gradativamente nos últimos trabalhos do Green Day. Versos mais contundentes e ideias mais bem trabalhadas recheiam a pauleira de guitarra e bateria.
“Bang Bang” por exemplo, segundo Joe declarou recentemente, foi escrita do ponto de vista de um atirador em um massacre. O vocalista afirmou ainda, que a grande inspiração de “Revolution Radio” teria sido sua raiva crescente pelos Estados Unidos, já expressa em “American Idiot”, há mais de dez anos, e o surgimento do candidato republicano à Casa Branca, Donald trump.
“Say Goodbey” e “Forever Now” são alguns dos destaques do disco que, de preferência, deve ser ouvido de uma tacada só, como devem ser escutados os discos do Green Day. No geral, podemos dizer que se trata de um mergulho aos anos 1990. A fórmula de sempre, mas com a certeza de estarem mais perto de suas raízes sonoras.
Ouça na íntegra “Revolution Radio” pelo Spotify.