Free Pass Metal Festival: Avantasia esquenta Espaço das Américas com três horas de show

Free Pass Metal Festival: Avantasia esquenta Espaço das Américas com três horas de show

Fotos: Bárbara Martins

No último domingo (03), a cidade de São Paulo teve o prazer de presenciar a terceira edição do Free Pass Metal Festival, evento organizado pela produtora Free Pass e com participações de atrações nacionais e internacionais. O festival, que já trouxe nomes como Gotthard, Edguy e Accept, desta vez contou com as participações do Avantasia, Shaman e Rec/All.

Apesar de ser o nome de menor expressão do evento, o Rec/All conta com rostos mais do que conhecidos pelo público paulista. Liderado por Rod Rossi, artista conhecido por gravar temas de animes como Dragon Ball, o grupo tem em sua formação Marcelo Barbosa (Angra) nas guitarras, Felipe Andreoli (Angra) no baixo e Pedro Tinello (Almah) na bateria. Com um curto espaço de tempo, porém, bem aproveitado, o repertório da banda mesclou faixas autorais como “Running in Her Veins” e “Ihate”, o clássico “Angels and Demons”, do Angra e, para a loucura dos presentes, “Pegasus Fantasy”, tema de abertura do Cavaleiros de Zodíaco. Direto e sem firulas, o grupo se retirou do palco após pouco mais de trinta minutos, com uma calorosa salva de palmas dos que ali estavam.

O Shaman, um dos maiores nomes do metal nacional e que retornou aos palcos com sua formação original no ano passado, com Andre Matos, Luis Mariutti, Hugo Mariutti e Ricardo Confessori, veio logo a seguir. A promessa era a de que a banda faria um show apresentando os maiores clássicos dos álbuns “Ritual” e “Reason”, já que o tempo de apresentação era menor do que as mais de três horas que o grupo vinha trazendo em seus shows, executando ambos os trabalhos na íntegra. E assim aconteceu.

“Turn Away” foi a faixa responsável pelo ponta-pé inicial do repertório. Uma das músicas mais pesadas da fase clássica do grupo, com riffs diretos e afinação mais baixa, fez com que o público se amontoasse para sentir o calor da banda. “Reason”, ainda do mesmo álbum, porém, um pouco mais cadenciada, concluiu a dobradinha. “Muito obrigado por nos receberem nessa noite tão especial”, agradeceu Andre. “Não esperávamos vir para São Paulo tão cedo outra vez, ainda mais com os amigos do Avantasia”, concluiu. Canções como “For Tomorrow”, “Distant Thunder” e “Here I Am” foram cantadas de ponta a ponta pelos presentes. Tocando em uma casa talvez quatro ou cinco vezes maior que o local onde a banda se apresentou na cidade em seu retorno, Andre não escondia a euforia em seu rosto. Brincando com o público, o vocalista usou e abusou de seus clássicos e inalcançáveis agudos, como um maestro que rege a sua orquestra ou coro. “Pra todos que me encontram na rua e me pedem um agudo, está dado!”, brincou enquanto arrancava gargalhadas dos fãs que se esgoelavam tentando chegar no mesmo tom que ele. “Fairy Tale”, faixa de maior sucesso da banda foi tomada por uma onda de celulares e ecoada em uma só voz. Para encerrar o repertório, a pesada “Pride” foi escolhida. Andre chegou a pediu para os presentes abrirem uma roda “não tão violenta” mas não foi atendido. Depois de mais de uma hora de show o público estava ansioso para o Avantasia. Apesar disso, muitos dos que ali estavam foram pela reunião do grupo nacional. Valeu a pena reviver alguns dos maiores clássicos do grupo em uma casa com um porte um pouco maior. Uma celebração digna do tamanho do nome que a banda carrega.

Conforme previsto, “Ghost in the Moon” foi a faixa escolhida para abrir o show, com seus quase dez minutos de duração. Tobias Sammet em um visual um tanto pra lá de hard rock oitentista, com bandana de zebra, óculos aviador e um echarpe alá Steven Tyler, foi recebido por um público insano. Sem poupar saliva, a primeira saudação do vocalista para os presentes veio a seguir. “É absolutamente fantástico estar de volta a São Paulo. Vocês já devem estar sabendo que faremos 3 horas de show, tocando coisas antigas e novas, rápidas e lentas”, disse Tobias. “Starlight” foi a faixa que fechou a dobradinha inicial, trazendo a primeira participação da noite, Ronnie Atkins (Pretty Maids, Nordic Union), para a euforia dos presentes.

Alternando momentos mais cadenciados e outros pesados, a rotatividade de vocalistas dividindo ou tomando o espaço de Tobias foi grande dali pra frente. O norueguês Jørn, chamado por Tobi como “rei do norte”, trouxe firmeza para os vocais de “The Raven Child” e “Lucifer”. Geoff Tate, apesar de ser figurinha carimbada no país, foi extremamente bem recebido para “Alchemy” e “Invincible”. Andre Matos, conforme esperado também foi convocado para a festa em “Reach Out for the Light”. A faixa integra o álbum “The Metal Opera” (2001), e foi gravada originalmente por Michael Kiske, não pelo vocalista, que registra os vocais em “Inside”, “Sign of the Cross” e “The Tower”. Apesar da surpresa na escolha da canção, o cantor a abraçou como que fosse uma de suas e fez o Espaço das Américas vir abaixo. Claramente eufórico, o vocalista se retirou do palco correndo e levando o microfone embora. Tobias então gargalhou e brincou: “Foi a primeira vez que eu vi isso”. “Moonglow” veio a seguir trazendo a leveza dos vocais limpos de Adrienne, que em um momento anterior usou e abusou de seus guturais, assustando alguns dos presentes.

Um dos momentos mais esperados do show, seria com a participação do sempre carismático vocalista do Mr. Big, Eric Martin. Querido pelo público paulista e com simpatia de sobra, o músico apareceu no palco para tocar uma versão do clássico oitentista “Maniac”, de Michael Sembello. “Obrigado irmãos e irmãs. Fui o único corajoso o suficiente pra cantar essa música, o único que teve ‘bolas’ para isso, então muito obrigado”, brincou arrancando gargalhadas do público. Tobias disse que muitas pessoas perguntavam pra ele o porque da faixa ter sido escolhida para entrar no álbum do Avantasia, já que foge totalmente do estilo do grupo. “Heavy metal é sobre você fazer o que quiser”, concluiu diante das palmas dos presentes. Ainda com Eric, uma versão de “Dying for an Angel”, originalmente gravada com Klaus Meine (Scorpions) foi executada. “O que mais gosto no Avantasia é que temos doze ou treze garrafas de vinho nos esperando no backstage”, brincou Eric outra vez.

“Let the Storm Descend Upon You”, com ambos Jorn e Atkins juntos, tirou os presentes do chão, assim como “Master of the Pendulum”. “Shelter from the Rain”, além das participações de Adrienne, Atkins e Herbie, foi levada pelos vocais do guitarrista Oliver Hartmann. Tobias então retornou ao palco dizendo estar impressionado com o eco que escutava da plateia enquanto havia ido ao seu camarim. “Talvez essa seja a plateia mais alta que eu já presenciei em São Paulo”, declarou. “Mystery of a Blood Red Rose” e a clássica “Lost in Space”, vieram antes da banda se retirar do palco pela primeira vez. Ambas cantadas em uma só voz.

No retorno para o encore, Sammet brincou que entendia completamente caso o público não quisesse mais cantar. “Vocês tem todo o direito do mundo de estar cansados. Não precisam mais gritar se não quiserem, está tudo bem. Vocês foram uma plateia perfeita”, brincou.  O clássico “Farewell” foi executado a seguir com Adrienne, e para a saideira veio o medley de “Sign of the Cross” com “Seven Angels”, essa última com todos os vocalistas (exceto Andre Matos), reunidos juntos no palco.

O Avantasia se retirou do palco com a sensação de dever mais do que cumprido e com uma salva longa e calorosa de aplausos. “Estamos cansados, foram mais de 10 semanas de show, foi muito exaustivo, mas extremamente recompensador”, declarou Tobias enquanto o grupo se despedia de todos. No final das contas, o Avantasia fez o esperado: um show consistente e pra cima, assim como sempre. Apesar do frio recente, os presentes do Espaço das Américas tiveram uma noite mais do que calorosa em São Paulo.

Confira a seguir a nossa galeria de fotos, por Bárbara Martins:

Shaman