FFS – FFS (Domino Records)
Nota 9
É muito bom quando alguma coisa realmente diferente aparece para alegrar o mundo do rock. A estreia da parceria entre os escoceses do Franz Ferdinand e os veteranos do Sparks, sob o singelo nome de FFS, é uma dessas surpresas que funcionam muito melhor do que se poderia imaginar, apesar de toda a improbabilidade.
Essas fusões entre grupos – principalmente quando ambos já tem uma importância histórica reconhecida – nem sempre dá certo e muitas vezes, acaba soando como um aglomerado de músicas que refletem o trabalho de um ou de outro, sendo complicado criar uma nova identidade real para a produção em conjunto.
Pois não é o que acontece aqui. As 12 faixas do álbum que leva apenas o nome do supergrupo, mesclam perfeitamente as influências e referências, produzindo um som vibrante, composto pelo indie rock dançante de Alex Kapromos e companhia, mesclado ao glam rock e as experiências eletrônicas e teatrais, as vezes esquisitas, dos irmãos Mael.
Criada em 1974, a dupla norte-americana é referência explícita do quarteto escocês e a ideia da parceria vem sendo acalentada já há algum tempo. Mas a espera valeu a pena. É exatamente esse tom mais “esquisito” que dá a cara da faixa de abertura,, “Johnny Delusional”, que começa com um piano um tanto sombrio, emoldurando vocais teatrais e que descamba para algo deliciosamente dançante. A seguir, “Call Girl” é puro Franz Ferdinand e o ritmo continua lá em cima.
Vale dizer que a harmonia entre as vozes de Kapramos e Russell Mael é total. “Dictator’s Som” já apresenta uma pegada bem mais eletrônica, puxando, talvez, mais para o lado do Sparks. No entanto, é fácil lembrar com ela de “Tonight” lançado em 2009, quando os escoceses brincaram um pouco com seus sintetizadores. Em momentos como esse, é fácil perceber que as duas bandas se completam e que a parceria veio para somar seus talentos.
É o que se ouve também em “Police Encounters”, um dos melhores momentos do álbum, trazendo de volta o que ficou para trás lá no finalzinho da década de 1970, início da seguinte. O mesmo acontece em “So Desu Me”, pop até a última gota e com refrão mais que grudento. “Piss Off” encerra o disco no mesmo tom.
Mas um dos destaques é, sem dúvida, “Collaborations Don’t Work”, uma espécie de resposta irônica a quem criticou a união entre as duas bandas. A faixa é quase épica, dividida em atos, como em uma ópera rock. Poderia muito bem fazer parte de uma trilha sonora, misturando estilos e instrumentos de maneira bastante original.
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