Entrevista exclusiva com o trio The Vintage Caravan
O power trio The Vintage Caravan iniciou, na última semana, sua extensa turnê brasileira. Óskar Logi, Alexander Órn e Stefán Ari, tiveram um dia livre em São Paulo, nessa segunda-feira (03), onde encontraram alguns fãs na Galeria do Rock. Mais tarde, naquela noite chuvosa, estivemos com os músicos no hotel para uma entrevista exclusiva.
De forma descontraída, os islandeses falaram sobre o início de carreira, influências musicais, circuito da Islândia e a experiência de tocar no festival alemão Wacken. Óskar ainda revelou que o grupo entrará em estúdio em março para gravar um novo álbum.
Além disso, o trio comentou sobre a expectativa de tocar na capital paulista neste sábado (08), no Sesc Belenzinho. Nosso site está sorteando um par de ingressos. Participe pela fanpage do Facebook.
LIGADO À MÚSICA: Primeiramente, apresentando a banda para os leitores da nossa página e que não conhecem ainda o The Vintage Caravan. Como vocês se conheceram e decidiram começar com o grupo?
ÓSKAR LOGI: Bom, a banda começou 10 anos atrás, quando eu ainda era uma criança de 11 ou 12 anos. Nós tínhamos esse projeto, os anos foram passando e as coisas começaram a ficar mais sérias. Basicamente nós tocamos juntos todos os finais de semana desde 2009, nós somos bem novos (risos). Então em 2013 nós conseguimos um contrato com a Nuclear Blast, eles relançaram o nosso segundo álbum “Voyage” e nós estamos na estrada desde então tocando o nosso rock n’ roll.
LIGADO À MÚSICA: Se tivessem que descrever o tipo de som de vocês para alguém que nunca escutou a banda, como o fariam?
ÓSKAR LOGI: Bom, é o que acontece quando um leão e um urso polar fazem amor…
STEFÁN ARI: Com um polvo e com um lobo, e então nasce um bebê que descreve o nosso som (risos). Não, mas falando sério agora, nós não gostamos de limitar a nossa música em uma descrição, entende? Não gostamos de rotular que esse som é isso ou aquilo. Acho que ‘poder’ seria uma boa palavra pra isso.
ÓSKAR LOGI: ‘Poder selvagem’ se encaixaria bem.
LIGADO À MÚSICA: Exatamente o que acontece quando um leão e um urso polar se encontram.
ÓSKAR LOGI e STEFÁN ARI: Essa é a ideia (risos).
LIGADO À MÚSICA: Quando escutamos algum álbum do The Vintage Caravan ficamos realmente impressionados ao saber que o som de vocês é feito apenas por três músicos. Quando estão tocando ao vivo, já aconteceu de se sentirem restritos por serem apenas um trio? Já chegaram a considerar a ideia de incluir um quarto membro na banda?
ÓSKAR LOGI: Muito obrigado! Na verdade, não é algo que já tenha passado por nossas mentes. Eu gosto bastante do tipo de comunicação de um trio. Eu posso tocar ou dizer alguma coisa e sei lá, fica mais fácil de passar a mensagem, entende? Eu gosto bastante do modo que isso acontece entre nós três. Não acho que a banda se sinta restrita para alguma coisa por ser um trio.
LIGADO À MÚSICA: Alguns teclados talvez?
ÓSKAR LOGI: Nós temos alguns teclados no nosso último álbum, mas eu não sinto falta deles ao vivo, sério.
ALEXANDER ÖRN: Na verdade nós tocamos com um tecladista algumas vezes, em ocasiões especiais, mas não é algo que nos faça tanta falta assim.
LIGADO À MÚSICA: Entendi. Já que entraram no assunto do último álbum, ‘Arrival’ (2015), lançado pela Nuclear Blast, vocês estavam esperando por todo esse feedback mundial que receberam de maneira tão positiva?
ÓSKAR LOGI: Nós não tínhamos ideia de como seria, nós estávamos muito felizes com o que havíamos conseguido até então e foi muito legal, cara. Todo esse ‘hype’ sabe? Desde que nós assinamos com eles, indo de praticamente ninguém até uma banda conhecida mundialmente por pessoas de diversos países, as maiores revistas da Europa escrevendo sobre nós, tudo isso foi muito legal.
LIGADO À MÚSICA: E como a Islândia, o país natal de vocês, recebeu o álbum? Digo, como é a cena musical por lá?
STEFÁN ARI: Por lá não existem muitas bandas de rock em si, a cena está mais puxada para o metal, black metal, death metal, sabe? Mas bandas como nós não são muitas não.
ÓSKAR LOGI: Temos algumas bandas legais como o Lucy in Blue por exemplo que é bem bacana.
LIGADO À MÚSICA: E na Dinamarca? Lembro de ter lido que vocês se mudaram para lá em 2014. Imagino que o rock por lá seja mais presente, ou não?
ÓSKAR LOGI: Nem tanto, na verdade a cena lá é diferente. Ficou melhor para nós por motivos de logística mesmo, antes nós tínhamos que voar para todos os shows que fossemos, essas coisas, sabe? Morar na Islândia nos custava muito mais caro do que morando ali no meio de tudo. Essa mudança foi a melhor coisa que nos aconteceu.
LIGADO À MÚSICA: Falando em viagens, vocês três são bem novos, como que levam essa vida na estrada? Com 22 anos e já estão viajando o mundo todo, como lidam com isso? Estão sempre festejando, bebendo, com garotas? (risos)
ÓSKAR LOGI: Basicamente (risos).
STEFÁN ARI: Com certeza.
ÓSKAR LOGI: Vivendo em lobbies de hotéis pelo mundo e bebendo cerveja o tempo inteiro… Não, mas sério. As vezes é bem cansativo, as viagens, o jet lag, depois de um tempo nós aprendemos a dividir bem o que fazemos sabe? Um pouco de cada coisa. As vezes nós estamos abusando e nem percebemos, aí chegamos em uma cama e ficamos mortos por um tempo (risos).
LIGADO À MÚSICA: Então agora depois de três anos excursionando sem parar, vocês já mudaram um pouco a forma como lidam com isso, no começo tudo era novidade, é isso?
ÓSKAR LOGI: Sim, claro que ainda estamos apaixonados com isso que fazemos, sempre vamos estar, estamos muito felizes. Mas como qualquer tipo de emprego, tem hora que ficamos muito cansados.
STEFÁN ARI: Nós aprendemos coisas novas todos os dias. Estamos sempre aprendendo a como sobreviver essa vida de turnês, é bem legal.
LIGADO À MÚSICA: Parece bastante divertido. Bom, vocês se lembram como aconteceu o primeiro contato com a música? Pelo menos no meu caso, essa bagagem vem direto de casa, meu pai sempre gostou… E vocês?
ÓSKAR LOGI: Sim, sempre rolou música de qualidade lá em casa, bandas como Cream estavam sempre tocando e nos educando musicalmente.
ALEXANDER ÖRN: Sim, quando eu era novo o meu pai me mostrou Deep Purple e bandas do tipo, foi assim que eu comecei a curtir.
LIGADO À MÚSICA: E se lembram o álbum que impactou a vida de vocês? Acho que todos nós temos aquele disco que na primeira escuta nos chocou. Não tenho certeza se é a praia de vocês, mas no meu caso foi o ‘Appetite for Destruction’.
ÓSKAR LOGI: Claro, grande disco. No meu caso foi o ‘Deep Purple in Rock’, a introdução do álbum em ‘Speed King’ é insana.
STEFÁN ARI: Comigo foi com Deep Purple também, mas no caso uma coletânea qualquer, ‘Smoke in the Water’, ‘Burn’, isso me deixou maluco. ‘Burn’ especialmente.
ALEXANDER ÖRN: Houveram alguns álbuns para mim, não sei. Me lembro da primeira vez que escutei o ‘Songs for the Deaf’, do Queens of the Stone Age, e aquilo foi do caralho. Lembro também a primeira vez que peguei para escutar o ‘The Great Southern Trendkill’, do Pantera e esse foi um álbum que no começo eu achei completamente estranho e desconfortável, mas depois eu comecei a gostar bastante. Foi tipo quando você está entrando na onda do sadomasoquismo ou algo do tipo. (risos)
LIGADO À MÚSICA: Como funciona o processo de composição na banda?
ÓSKAR LOGI: Cada um aparece com as suas ideias e riffs, e vamos nos encontrando quando estamos fazendo uma jam, sempre sai algo legal. Cada um traz algo novo individualmente e nós vamos nos acertando. Nós três sempre temos boas ideias enquanto estamos praticando, nós apenas as juntamos.
LIGADO À MÚSICA: Mudando um pouco de assunto, vocês tocaram no Wacken, duas vezes, certo? Qual foi a sensação de estar lá, com todas aquelas bandas que provavelmente vocês são fãs?
ÓSKAR LOGI: Foi do caralho, muito louco. Foi a primeira vez que tocamos em um festival de grande porte e foi maravilhoso. Nós estávamos tocando no mesmo horário do Motorhead e estávamos tipo: ‘Meu deus, ninguém vai querer assistir o nosso show’, mas a galera apareceu. Foi maravilhoso mesmo, um dos shows mais divertidos que já fizemos. E o outro que tocamos depois foi fantástico também, muitas pessoas assistindo os nossos shows, cantando nossas músicas, foi bem legal.
LIGADO À MÚSICA: Vocês preferem a sensação de estar tocando em um grande festival ou em shows fechados e menores?
STEFÁN ARI: Eu amo os dois na verdade. Cada show que fizemos é divertido. Mas acontece que as vezes eu me sinto um pouco longe da plateia quando estamos em grandes palcos sabe? Sinto falta do calor do público, da energia, shows em pequenos pubs e casas são muito mais enérgicos e selvagens.
ALEXANDER ÖRN: Cada plateia é diferente, cada palco é diferente, as vezes nós fazemos em um grande festival e é uma merda, as vezes tocamos em um pub e é do caralho, assim como as vezes tocamos em algum pub que é uma merda também, varia muito.
LIGADO À MÚSICA: Existem muitos desses pubs e casas de shows disponíveis para bandas de rock e de metal lá pela Islândia?
STEFÁN ARI: Não muitos, a maioria foi se transformando em hotéis ou algo do tipo. Mas ainda temos alguns legais.
ÓSKAR LOGI: Para bandas de rock nós temos apenas umas três ou quatro.
STEFÁN ARI: Sim, mas o problema é que não temos casas de capacidade média sabe? Ou temos um bar bem pequeno ou algo mais chique e sofisticado. Precisávamos de algo mais puxado para o meio termo.
LIGADO À MÚSICA: Qual foi o lugar que mais se divertiram tocando? Algum país ou show em especial, alguma plateia…
ALEXANDER ÖRN: Não sei, existem vários aspectos que podemos analisar nesse sentido. É bem divertido estar em algum lugar novo sabe? Quando nós fomos para a Rússia, por exemplo, nenhum de nós havia tocado lá, então fica bem interessante.
STEFÁN ARI: O show ontem em Belo Horizonte por exemplo foi foda, a plateia de lá foi fantástica, todo mundo estava enlouquecido.
ÓSKAR LOGI: Sim, isso em um domingo à noite. Acho que o Wacken desse ano foi um dos preferidos para nós.
LIGADO À MÚSICA: Nessa passagem pelo Brasil vocês já tocaram até agora em Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Brasília. Pelo que estão falando o show de Belo Horizonte foi o mais divertido então.
STEFÁN ARI: Foi o mais louco eu acho, o que mais tinha público e foi maravilhoso.
ÓSKAR LOGI: Eu amo quando eu fico chocado pela altura e pelo barulho da plateia. Foi tipo: ‘Vocês estão prontos?’ e tudo explodia. Você acha que o público daqui [de São Paulo] vai ser mais insano que o de Belo Horizonte?
LIGADO À MÚSICA: Possivelmente, não sei, sou daqui e seria suspeito afirmar. Mas eu já assisti shows por aqui e por lá também, assim como no Rio de Janeiro que será no domingo e pelo menos nos que eu estive, o público de São Paulo foi superior.
LIGADO À MÚSICA: Vocês lançaram o ‘Arrival’ no ano passado, é um álbum bem recente, mesmo excursionando durante esse tempo vocês já começaram a trabalhar ou a pensar em um sucessor?
ÓSKAR LOGI: Sim, nós estamos escrevendo já e iremos entrar em estúdio no começo do ano que vem, em março provavelmente. Mal posso esperar para fazê-lo.
LIGADO À MÚSICA: Podemos esperar um lançamento para o ano que vem então?
ÓSKAR LOGI: Talvez no final do ano, não sei, mas não venha me cobrar isso depois (risos). Veremos o que acontece.
LIGADO À MÚSICA: Pode deixar. E vocês estão curtindo o Brasil ou ainda não tiveram muito tempo pra aproveitar?
STEFÁN ARI: Não aproveitamos bastante ainda coisas além dos shows. Mas acho que vamos conhecer algumas coisas interessantes por aqui, teremos alguns dias em off por São Paulo.
ÓSKAR LOGI: Nós tivemos 4 shows em 4 noites e o primeiro dia foi jet lag total. Nós viajamos por 26, 27 horas até chegar aqui, foi bem cansativo.
LIGADO À MÚSICA: Imagino. Bom, agradecemos pela entrevista e aproveitando que vocês estão bebendo a nossa Skol, o que vocês estão achando das cervejas brasileiras? (risos)
STEFÁN ARI: Eu acho essa bem aguada.
ALEXANDER ÖRN: Acho que temos que experimentar algumas cervejas mais típicas. Na verdade, até agora nós só experimentamos essa Skol e a Polar, de Porto Alegre, bem gostosa também.
STEFÁN ARI: Essa que estamos bebendo se encaixa bastante com um tempo quente.
SERVIÇO – SÃO PAULO:
DATA: 08 de outubro
HORÁRIO: 21 horas
LOCAL: SESC Belenzinho – Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho
INGRESSOS: http://www.sescsp.org.br/programacao/104332_VINTAGE+CARAVAN+ISLANDIA
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/168059496973300