Dimmu Borgir se apresenta em São Paulo após seis anos de espera
Fotos: Bárbara Martins
Seis anos é tempo demais para qualquer fã ficar sem ver seu ídolo cara a cara, mesmo que por apenas um par de horas. E isso pode significar muito mais do que todo restante daquele dia, daquela semana ou até mesmo daquele mês. É preciso muita sensibilidade para entender o carinho entre fã e ídolo e isso é mais do que justificável, por motivos que todos nós sabemos. O Dimmu Borgir não está isento desse amor, muito pelo contrário, possui adoradores fervorosos que, na noite da última sexta feira (09), estavam ansiosos para mergulhar mais uma vez em suas negras dimensões espirituais, depois de tanto tempo.
E para que todo esse blá blá blá sobre carinho entre fã e banda faça sentido, infelizmente as condições técnicas não foram as ideais para um grupo desse porte. Muitas pessoas ao redor, na plateia, reclamavam de vários pontos: som, fumaça, luzes, calor. A maior causa das frustrações era o som (e particularmente a única que importava), pois a música do Dimmu é riquíssima em elementos orquestrais e corais, fora o incrível trabalho dos músicos em seus respectivos instrumentos e o vocal de Shagrath que continua em plena forma. E um bom tanto disso tudo se perdeu numa regulagem de som que não estava lá essas coisas. Uma pena.
Apesar disso tudo (e agora vem a parte do ‘fazer sentido’) o comportamento de banda e público não poderia ter sido melhor. A casa estava totalmente lotada e poucos eram os que não se contagiavam pela música do grupo, que por sua vez, a despeito dos problemas, não deixou o pentagrama cair e entregou o espetáculo-performance como manda o figurino. O set foi aberto com “The Unveiling” e “Interdimensional Summit”, do recente lançamento “Eonian” (2018). Ao que parece, os comentários não muito positivos que se ouviram por aí sobre o mais novo álbum foram deixados de lado pois não faltou empolgação de uma forma geral enquanto os noruegueses encapuzados executavam essas faixas. Empolgação que recebeu um gás a mais com a dobradinha “The Serpetine Offering” e “The Chosen Legacy”, a primeira em especial por seus ares de “The Imperial March”.
Existem diversas formas de se relacionar com o público e Shagrath provou isso com pouca conversa e muita presença de palco atenciosa com o seu público, sem tirar os olhos azuis da plateia. De forma alguma a falta de papo significou desdém, em seu lugar, algumas falas estratégicas foram encaixadas como “Be the broken or the breaker/Be the giver or the undertaker” para anunciar a magistral “Gateways”, um dos pontos mais altos da noite.
O recheio do set contou com mais faixas de “Eonian”, e vale o destaque para os teclados de “Archaic Correspondence” ao vivo (a despeito do som) que deram uma ambiência ótima para a faixa, e por fim, o ápice foi atingido com “Puritania”, sob brados de praticamente toda a casa. Rápido como um cão do inferno, o tempo passou e a banda saiu e voltou para o bis com a transcendente “Indocrination”, um ótimo aquecimento para uma das mais esperadas da noite, “Progenies Of The Great Apocalypse”, cantada em coro pelos fãs, em especial nos vocais limpos originalmente gravados por ICS Vortex (faz falta!).
No final do show, o vocalista agradeceu a presença de todos, já livre daquele sobretudo sufocante e o set foi finalizado com a clássica “Mourning Palace”. Final esse que também chegou cedo demais, o setlist contou com apenas doze faixas e certamente deixou todos querendo mais. Como isso não era possivel, um punhado de fãs ainda se retardou na pista vip caçando palhetas jogadas pelos músicos ou uma oportunidade de atenção dos mesmos. Mais um marco na agenda paulista de um show que, apesar do problema do som, lavou muitas almas perdidas que saíram de lá bem realizadas.
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