Confira os 10 álbuns de destaque em 2018
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Mais uma vez o ano de 2018 serviu para mostrar que, nem de longe, o rock e o heavy metal estão mortos, como alguns artistas dizem por aí. Com cada vez mais bandas surgindo e mostrando que, além de tudo música se trata e deve ser tratada com paixão, eleger os melhores trabalhos do ano foi uma tarefa um tanto quanto complicada.
Seguindo apenas a ordem alfabética e sem qualquer lógica de preferência, na lista abaixo pontuo os meus 10 discos preferidos no ano de 2018. Apesar de não enumerá-los em ordem específica, confesso que “Traces”, do Steve Perry, deva ter sido o meu favorito.
Blackberry Smoke – Find a Light
Em seu sexto disco de estúdio, o Blackberry Smoke fez o esperado: renovou a sua sonoridade em sua própria maneira e se manteve como o principal expoente do estilo. “Find a Light” é uma coletânea com o que de melhor poderíamos esperar do southern e blues rock sempre conveniente ao grupo. Dando continuidade ao que nomes como Lynyrd Skynyrd e Allman Brothers começaram algumas boas décadas atrás, o Blackberry Smoke não se prende a uma única fórmula e está sempre inovando dentro da área de fusão de estilos que lhe é esperada. Com alguns convidados especiais, como Robert Randolph, Amanda Shires e o grupo The Wood Brothers, o disco conta com ótimas canções como o single “Flesh and Bone”, “Best Seat in the House” e a suave “Let Me Down Easy”. Vale lembrar que o grupo se apresenta pela primeira vez no país em maio de 2019.
Dee Snider – For The Love Of Metal
“For The Love Of Metal” é totalmente orientado ao heavy metal e se auto-explica pelo título. Apesar de nenhuma faixa do disco ter sido composta por Dee Snider, o vocalista acompanhou o repertório de perto e abraçou bem a concepção do projeto concebido por Jamey Jasta (Hatebreed) de que o vocalista gravasse um disco de metal contemporâneo. O peso, sua voz e personalidade estão ali mais presentes do que nunca em uma coletânea de pontos altos. Vale pontuar que o hard rock e a diversão notável e sempre presentes em qualquer faixa do Twisted Sister passam longe desse álbum. Aqui temos um trabalho totalmente direcionado ao que lhe foi proposto: o mais puro e clássico heavy metal.
Ghost – Prequelle
Foi se o tempo em que o Ghost precisava provar algo para alguém. Com o alto status de grandeza e respeito adquiridos, o grupo não se prende a rótulos e gêneros. “Prequelle”, quarto trabalho de estúdio do grupo, é a prova disso. O disco mantém, e talvez até supere a qualidade de seu antecessor, soando como uma evolução do mesmo. A fórmula do trabalho é mais oitentista do que poderíamos imaginar, com faixas chicletes e refrões grudentos. Claro, sem perder a pitada de tempero e identidade musical (e teatral), que o grupo sempre proporcionou. “Prequelle” é acessível, é sombrio, é dançante e é aterrorizante. Tudo isso ao mesmo tempo. Destaques para a radiofônica “Witch Image”, a nostálgica “Pro Memoria”, evidenciando a identidade musical do grupo e para “Rats”, que poderia estar presente em qualquer clássico farofa da década de oitenta. Aliás, em uma versão especial do disco, a banda lançou uma versão de “It’s a Sin”, clássico do Pet Shop Boys. Desnecessário? Talvez. Maravilhoso? Com certeza. Coitados dos saudosistas…
Halestorm – Vicious
Os tempos mudaram, a industria fonográfica mudou e os anos de ouro do heavy metal ficaram pra trás, mas a fórmula para o sucesso ainda se mantém intacta. Uma banda que queira buscar o topo mais alto dos holofotes precisa ter um diferencial para isso, algo que a distancie das outras, e o Halestorm a tem e se chama Lzzy Hale. Com um timbre feroz e único, a vocalista faz com que o Halestorm se destaque entre tantas e milhares de bandas que fazem mais do mesmo. “Vicious”, quarto álbum de estúdio do grupo, evidencia isso. Com faixas de enorme peso, alternando entre o hard rock e o heavy metal, o grupo conseguiu fazer com que o disco soasse mais grudento e viciante que seu antecessor, “Into The Wild Life” (2015), e isso é de total admiração, tendo em vista que o disco flertava bastante com o pop. Destaques? Difícil escolher. Em caso de vida ou morte, ficaria com a provocante “Do Not Disturb”, contando a história de um caso que Lzzy teve com um fã e sua namorada, a pesada e sombria “Killing Ourselves to Live” e “Vicious”, com seu refrão que ecoou por minha cabeça durante boa parte do ano.
Hardcore Superstar – You Can’t Kill My Rock N’ Roll
“You Can’t Kill My Rock N’ Roll” se define com um único termo: diversão. O disco te faz cantar e te faz dançar, soando como um espelho, em suas devidas proporções, do que o Hardcore Superstar faz em suas apresentações ao vivo. Se na Suécia temos uma boa quantidade de bandas novas que ainda fazem com que o rock seja divertido e despreocupado, o HCSS está no topo da lista. Coloque o disco em seu player, deixe o volume no máximo e levante o seu dedo do meio o mais alto que conseguir. Foi disso que o Hardcore Superstar sempre tratou e seria decepcionante se o grupo não o fizesse novamente aqui. Destaque para “Eletric Rider”, divulgada em uma das resenhas compartilhadas pela banda sobre o disco na época do lançamento como “a melhor faixa que o Skid Row nunca lançou”.
Judas Priest – Firepower
São poucas as bandas lendárias que podem se gabar de ter lançado discos memoráveis nos anos 2000. Priest com certeza é uma delas. Ainda sim, apesar de sua carreira bem consistente, “Firepower” traz o que de melhor podemos ter do grupo desde “Painkiller” (1990). Muito devido a produção impecável do experiente Andy Sneap, que já trabalhou com Megadeth, Accept, Saxon, Nevermore e outros, aqui temos 14 faixas e pouco menos de uma hora de pura intensidade. Riffs marcantes, solos memoráveis e claro, Rob Halford entregando o seu melhor, no auge de seus 66 anos de idade. “Firepower”, faixa-título e de abertura do disco, é uma das melhores canções já lançadas pelo grupo. “Lightning Strike” e “Flame Thrower” mesclam com um ótimo hard rock e são faixas que se encaixam perfeitamente ao vivo. Com um trabalho beirando a perfeição, o ano do Judas só não foi melhor devido a baixa de Glenn Tipton, que apesar de estar presente no disco, foi diagnosticado com um alto nível de Parkinson e deixou a banda em suas apresentações.
Nordic Union – Second Coming
Com um incrível disco de estréia, o Nordic Union mais parecia um daqueles supergrupos da Frontiers que lançam um trabalho diferenciado e desaparecem para sempre. Felizmente, não foi o que aconteceu aqui. A junção sueco-dinamarquesa voltou com mais força do que nunca, com um consistente e empolgante disco. Com Erik Martensson fazendo praticamente de tudo no álbum, e digo isso pois o músico está assinado no disco como responsável pelas guitarras, baixo, teclados, refrões e produção em si, e o impressionante alcance vocal de Robin Atkins, o álbum consegue soar mais intenso do que seu antecessor. “Second Coming” já nasceu como um clássico do AOR e melodic rock. Um prato mais do que cheio para os fãs do gênero.
Steve Perry – Traces
Quebrando um silêncio de mais de duas décadas, “Traces” marcou o retorno de Steve Perry aos holofotes. Debutando direto no Top 10 da Billboard, melhor colocação entre os discos solos de Steve, o álbum emociona tanto em sua audição quanto em sua história. “Traces” surgiu de uma promessa de Perry para Kellie Nash, sua última parceira, falecida de câncer em 2012 e que, segundo Steve, foi responsável por tirá-lo da fossa. Com uma forte carga emocional, as canções do trabalho refletem esse período recente e difícil para o cantor, com uma sonoridade um pouco mais cadenciada, fugindo um pouco do peso do Journey em outrora. Sobre seus vocais, tudo continua ali. Steve continua sendo o cara. Talvez não alcançando agudos absurdos como alguns bons anos atrás, mas com uma apreciável mescla de suavidade e aspereza. Os três primeiros singles divulgados, “No Erasin”, “We’re Still Here” e “No More Cryin”, já nasceram clássicos. Nos resta torcer para que Steve possa nos presentear com mais uma turnê.
The Night Flight Orchestra – Sometimes The World Ain’t Enough
São quatros discos de estúdio e ainda sim quando perguntado fico em dúvida em como definir o The Night Flight Orchestra. Mesclando classic rock, hard rock, AOR, disco, new wave e até mesmo rock progressivo, o grupo liderado por Björn Strid (Soilwork), possui uma sonoridade mais do que própria. “Sometimes the World Ain’t Enough”, lançado esse ano e somente treze meses após o seu antecessor, mantém a sua mesma fórmula (e até mesmo as cores da capa do trabalho). Em momentos fazendo uma opera-rock alá Queen, com instrumentos e elementos característicos do funk, soul, jazz e da disco music e em outros soando como Toto, o trabalho apresenta canções sólidas e grandiosas. Como dito, não sei como definir as canções aqui presentes, mas as indico para os fãs de Boston, Journey, R.E.O, Pink Floyd, Queen, Toto, Chicago, Kiss, ELO, ASIA, Deep Purple… Ah, deixa pra lá. Escute-o.
W.E.T – Earthrage
Enquanto Jeff Scott Soto, Erik Martensson e Robert Sall estiverem juntos e lançando materiais novos, teremos a certeza de que os tradicionais Top 10 de fim de ano serão compostos pelo W.E.T. e mais nove nomes. Retomando a inspiração de seu disco de estreia e corrigindo alguns erros de seu segundo trabalho, “Earthrage” presenteia os fãs de AOR e melodic rock com o que realmente podemos esperar do melhor nome do gênero. Refrões grandiosos, instrumentais cativantes e vocais intensos. O disco conta com onze faixas e cada uma delas cativa e cresce a medida que nos proporciona a sensação de que o trio segue compondo por amor ao que fazem. Músicos mais do que talentosos, paixão ao que fazem e refrões de arena. Não tem como dar errado.