Cazuza: faixa inédita ‘Mina’ de 1987 chega com clipe animado

Cazuza: faixa inédita ‘Mina’ de 1987 chega com clipe animado

Foto: Reprodução

“Mina” sai do baú de Cazuza mais de 30 anos depois de o compositor registrá-la em estúdio. A gravação inédita com sua voz foi lançada pela primeira vez como single pela Universal Music.

A canção chegou acompanhada por um videoclipe animado por Humberto Barros. A parceria do letrista com George Israel e Nilo Romero (trio que assina clássicos como “Brasil” e “Solidão, que Nada”), entraria no disco Só Se For a 2, de 1987, mas acabou ficando fora.

A música chegou a ser lançada por Leo Jaime, em 1990, e o próprio George Israel a gravou em 2007. Mas o registro de Cazuza se mantinha inédito até agora, quando chega às plataformas digitais com um arranjo refeito por Nilo. Ele chamou Rogério Meanda (guitarra) e João Rebouças (teclados) — músicos que, como ele, participaram da gravação original. Lourenço Monteiro (bateria) e Marcos Suzano (percussão) reforçam o time. O coro de Solange Rosa, Eveline Hecker e Paulinho Soledade é o mesmo de 1987 — assim como o frescor dos versos de Cazuza.

“Eu e George tínhamos uma mesinha de quatro canais, que gravava em fita cassete, e vivíamos fazendo músicas, gravando ali e dando as fitas pro Cazuza”, lembra Nilo. “Ele era uma usina de fazer letra. Quando ele ouvia já cantava alguma coisa na hora, levava a fita e no dia seguinte trazia a letra pronta. Podia mexer depois, mas nunca sofria pra fazer, era muito solto”.

Observador agudo, olhar de cronista, Cazuza sempre se inspirava no que via e vivia. “Mina” condensa meninas que circulavam pelo Baixo Leblon e, Nilo conta, bebe de uma situação específica que eles vivenciaram depois de um show em Araxá: “Saímos para comer uma pizza e a determinada altura apareceu um cara querendo mandar numa das meninas que estava ali. ‘Esse aí me viu crescer e acha que é meu dono’, ela disse. Lá pelas tantas, o cara pegou uma faca, Cazuza defendeu todo mundo, jogou uma mesa nele, o segurança chegou… Um tempo depois, veio ‘Mina'”.

George vê em “Mina” a marca de originalidade que Cazuza (e sua geração do Rock Brasil) trouxe para a música brasileira, de crônicas da noite “ácidas, viscerais”: “Tem algo da crônica do Jagger, do Dylan, do Lou Reed… Ele ia mais nessa de desnudar as pessoas, na linha ‘Honky tonk women’, essas coisas da night. Mesmo em canções lindas como ‘Codinome beija-flor’ tem um tracinho disso. O mais legal é que ele conseguiu fazer isso de uma maneira muito popular. Dentro do hit tem toda a profundidade social da observação das pessoas”.