Bryan Adams – Get Up (Universal Music)
Nota: 8,0
Sete anos após o seu último disco de inéditas, Bryan Adams retorna com “Get Up”, 13º álbum da carreira do músico. Em uma indústria musical onde as bandas parecem estar pouco preocupadas com atitude e presença de palco, o “tiozão” canadense pegou a sua guitarra e mostrou o que sabe fazer de melhor: o bom e velho rock n’ roll.
“Get Up” é a prova de que muitas vezes a simplicidade pode superar a complexidade. Sem querer reinventar ou revolucionar a música, o álbum não soa inovador ou algo do tipo, mas sim vintage. Como o próprio cantor declarou em uma entrevista, a sonoridade do disco é tão “clássica” que ele poderia tocá-lo por completo em um show e os fãs ainda achariam que ele estaria tocando músicas do auge da sua carreira.
O single “You Belong To Me” foi o escolhido para dar início aos poucos mais de trinta minutos de rock que temos aqui, rock esse, em sua mais pura forma. Com um pé no rockabilly da década de 50, a faixa introdutória é dançante e faz total jus ao título do álbum, fazendo qualquer ouvinte dançar e ficar pra cima. “Go Down Rockin'” mostra toda a rebeldia e agressividade do músico, riffs marcantes e frases como “Se eu cair, vai ser fazendo rock” ou “Ninguém vai me dizer o que falar/fazer” nos remetem ao seu quarto álbum de estúdio, “Reckless” (1984). Como não poderia ser diferente, dando sequência temos a primeira balada do disco, “We Did It All”. Refrão pegajoso e frases do tipo “Dois corações são melhores do que um”, aqui temos mais uma para a lista de canções românticas do canadense.
“That’s Rock And Roll” pode ser resumida pelo seu próprio título ou até mesmo pelo seu penúltimo verso: “Uma pilha de Marshall’s e uma Fender ’55”. “Don’t Even Try” soa nostálgica e parece ter sido retirada de algum álbum do início da carreira dos Beatles. “Do What Ya Gotta Do” é a única música do trabalho que também foi composta por Jeff Lynne (ELO), que ajudou Bryan Adams na produção do álbum, e estava cotada estar na trilha sonora de “American Hustle”, mas acabou sendo rejeitada. “Thunderbolt” talvez seja o momento mais agressivo do disco: licks, solos de guitarra e bateria a mil, mais uma daquelas faixas que mostram a outra face de Bryan Adams, a mesma face que escreveu músicas como “Kids Wanna Rock” e “Ain’t Gonna Cry” em 1984. “Yesterday Was Just A Dream” é o momento do álbum em que Bryan Adams mais consegue soar como Bryan Adams, uma balada que poderia facilmente ter sido sucesso se tivesse sido lançado nos anos de ouro do cantor.
Fechando a lista de inéditas do álbum, temos o single e highlight do álbum, “Brand New Day”. Com seu clipe lançado em setembro de 2015, a música assim que saiu foi comparada com um dos maiores hits da carreira do cantor, “Summer Of 69”. As outras quatro faixas são belíssimas versões acústicas das canções previamente apresentadas, “Don’t Even Try”, “We Dit It All”, “You Belong To Me” e “Brand New Day”. A versão deluxe do iTunes ainda conta com uma entrevista de 12 minutos.
Bryan Adams mostra em “Get Up” que não é preciso de muito para fazer o bom e velho rock n’ roll. Alguns acordes de guitarra, um baixo e uma bateria, pronto, não precisa de frescuras. São canções curtas, a maioria delas com pouco mais de dois minutos e meio, mas são de uma qualidade inegável, qualidade essa que fez do canadense um dos maiores hitmakers da década de 1980. Se não fossem pelos pouquíssimos 25 minutos de trabalho inédito que temos aqui, o álbum teria uma credibilidade maior. Mas que seja, antes 25 minutos de atitude do que 40 “inescutáveis” minutos como o Sr. Jon Bon Jovi vem fazendo ultimamente.