Blackmore’s Night – Nature’s Light | Resenha

Nota: 8,0

Com o já alcançado patamar de divindade do instrumento, Ritchie Blackmore e sua guitarra Stratocaster dispensam apresentações. Seja com o Deep Purple ou com o Rainbow, o músico nos presenteou por mais de três décadas com o mais puro, eloquente e inquestionável rock and roll. Até que, em 1997, junto a sua esposa Candice Night, o guitarrista fundou o Blackmore’s Night. Com uma proposta completamente diferente, o grupo se aventurou em redescobrir a música folk renascentista.

Voltando ao pandêmico período da atualidade, o Blackmore’s Night acaba de lançar o seu décimo primeiro álbum de estúdio Nature’s Light, via earMUSIC. Com a sua temática centrada nos poderes da Mãe Natureza, a ideia do grupo é entregar no disco uma válvula de escape aos difíceis tempos atuais. “Nossa música é um escape para o estresse e para a pressão dos tempos modernos. Viaje no tempo conosco, para um período simples e mágico, no qual a música penetra a sua alma e coração”, explicou Candice no release oficial.

Apesar dos já quase passados vinte e cinco anos desde o seu debut album, e seis desde o seu antecessor, a fórmula musical do Blackmore’s Night mantém-se intacta. Ritchie, no auge de seus 75 anos, segue responsável pelos diversos instrumentos de cordas e Candice, com sua pura e brilhosa voz, pelos incontáveis e impronunciáveis instrumentos de sopro e percussão. O álbum ainda conta com David Baranowski nos teclados, além de Autumn e Rory Blackmore, filhos de Candice e Ritchie, nos backing vocals e harmonias.

Once Upon December é a música que da o pontapé inicial da tracklist. Com o instrumental de Fuggi, Fuggi, Fuggi da Questo Cielo, uma tradicional e antiga canção italiana, a faixa foi reinterpretada por Candice e dessa vez ambientada em um longo e frio inverno, no qual o ouvinte está sentado na beira de uma fogueira enquanto ventos gelados o cercam por todos os lados. Four Winds mantém a atmosfera do folk dançante e fecha a dobradinha de início, dessa vez contando a história de duas almas distintas, que encontraram no mar e nas florestas o seu refúgio e um novo recomeço.

A faixa-título Nature’s Light soa como um poderoso cerimonial, celebrando a rainha Natureza e os milagres e beleza que acompanham a sua chegada. Destacam-se ainda os instrumentais elétricos Darker Shade of Black e Der Letzte Musketier, esse último puxado para o blues característico de Blackmore. A canção é uma homenagem ao seu primeiro grupo The Musketeers, originalmente formado por três integrantes. Como o segundo deles faleceu recentemente, Ritchie se tornou o último mosqueteiro (der letzte musketier em alemão).

O álbum ainda conta com uma versão mais encorpada da belíssima Wish You Were Here, cover do grupo country sueco Rednex e originalmente lançada pelo Blackmore’s Night em seu álbum de estreia Shadow of the Moon (1997), além também de uma versão de Second Element, da atriz e cantora britânica Sarah Brightman.

Nature’s Light conta com um total de dez faixas e se ambienta com cada uma delas em sua própria forma e maneira, mas sem deixar de lado o elo que as unem: a força da Natureza. Liderado por Candice Night, uma das mais encantadoras vozes da atualidade, o Blackmore’s Night entrega o prometido e nos leva a mais uma divertida e intensa viagem ao passado medieval. Aqui recebemos mais do mesmo – felizmente, o mesmo em questão é guiado pela versatilidade e genialidade de Ritchie Blackmore!