Angra encerra turnê em São Paulo com repertório diferenciado

Angra encerra turnê em São Paulo com repertório diferenciado

Fotos: Felipe Gomes – Nerd Interior

No último domingo, 28, o Angra se apresentou no Templo Music, em São Paulo. O show marcou o encerramento da turnê ‘Magic Mirror’, com 115 shows marcados pelo mundo em 24 países durante um ano e três meses. Contando também com a banda The Secret Society, o evento foi realizado pela A Rádio Rock – 89,1 FM e contou com lotação máxima da casa.

Formado em Curitiba por Guto Diaz (baixo e vocal), Fabiano Cavassin (guitarra) e Orlando Custódio (bateria), o The Secret Society se denomina como uma união do vigor do hard rock com o pós-punk soturno, trazendo fortes influências do The Cult, The Cure, Sisters of Mercy e Danzig. Já conhecidos por boa parte do público, tendo em vista que abriram os shows recentes de Dee Snider pelo país, o grupo fez um show redondo e trouxe algumas de suas principais faixas, dentre elas ‘Beyond the Gates’, ‘Deciduous’ e ‘Rubicon’. Destaque também para a estética visual do show, criando uma atmosfera sombria e ampliando a performance de palco da banda. Uma pena a apresentação ter durado apenas 45 minutos. O trio saiu aplaudido e com certeza com a sensação de dever cumprido, apesar de alguns problemas técnicos no microfone de Guto.

O Angra dificilmente entra em campo sem estar com o jogo ganho. Sempre com excelentes músicos em suas formações e com a certeza de transitar por toda discografia em seu repertório, executando faixas de diferentes fases da banda, o grupo subiu ao palco reverenciado por um público caloroso no Templo Music. ‘Newborn Me’ e ‘Travelers of Time’, faixas dos dois trabalhos mais recentes do grupo, foram as escolhidas para a dobradinha inicial. ‘Boa noite São Paulo. Hoje é o último show dessa turnê mundial gigante e a melhor maneira de encerra-la seria aqui em São Paulo. O Angra agradece a todo mundo e vamos cantar agora uma do segundo trabalho da banda’, disse Fabio Lione em seus primeiros cumprimentos da noite. ‘Nothing to Say’, veio a seguir.

Sempre simpático e com técnica de sobra, o italiano Lione é um show a parte. O vocalista além de transitar com extrema facilidade por agudos e graves, passa boa parte do show interagindo com a plateia e fazendo com que o público se aproxime ao máximo do calor de suas performances. Após a execução de ‘Insania’, uma das melhores faixas do Ømni, o vocalista pediu para que Bittencourt repetisse o refrão final por mais uma vez, para que a plateia pudesse fazer uma versão acapella junto a dupla, com apenas guitarra e voz.

Bruno Valverde, apresentado pelo italiano como um jovem talento mundial da bateria, também se destaca desde os primeiros momentos de palco. Em seu momento de exibição, o baterista foi recebido pela plateia aos cantos de ‘Bruninho’, e mostrou o porque de ter sido o escolhido para ocupar o cargo que já pertenceu aos excelentes Ricardo Confessori e Aquiles Priester. ‘Black Widow’s Web’, faixa que foi gravada pela Sandy, veio a seguir, com Felipe Andreoli sendo destaque em seus guturais.

Apesar da comemoração de encerramento da turnê, o show marcava também um triste momento para o heavy metal mundial. O evento foi uma remarcação do show que aconteceria no dia 08 de junho, no mesmo local, mas que foi cancelado devido a morte do vocalista e compositor Andre Matos. Na data, fãs se reuniram junto a membros da banda para uma homenagem. Sendo assim, o esperado era de que o grupo se pronunciasse e trouxesse algo especial em seu repertório.

‘Hoje temos o encerramento de alguns ciclos. O encerramento da turnê coincide também com um ciclo que começou em 1991, comigo e com Andre Matos’, declarou Rafael enquanto era aplaudido calorosamente. ‘Esse show é uma reposição daquele da data do falecimento de Andre. Hoje é um dia de confluência astral. Não sei como explicar isso, mas com certeza deixa o show de hoje muito mais intenso e emocional’, finalizou. O guitarrista então pegou os holofotes para si e cantou a faixa ‘Lisbon’, que possui Andre Matos em sua assinatura.

Apesar da belíssima execução da faixa do álbum Fireworks, os momentos mais emocionantes do show viriam a seguir. O primeiro deles com ‘Silence and Distance’, canção do álbum Holy Land e que também não estava inclusa nos repertórios recentes da banda e com a clássica ‘Time’, do álbum Angels Cry e quase que uma faixa pessoal de Andre. Marcada pelos seus agudos, a sua lírica trata sobre o descobrimento da razão e a busca pelo significado da vida e de paz interior. Como não poderia ser diferente, a canção foi ecoada pelos emocionados presentes em uma só voz.

Já para o encore e conforme previsto, os clássicos ‘Rebirth’, ‘Carry On’ e ‘Nova Era’ foram executados.

O Angra se despediu do público paulista com mais uma performance empolgante e mostrou o porque de ser um dos principais representantes do heavy metal brasileiro pelo mundo. Destaque para o formato e a boa organização do Templo Music, que fizeram com o que o público e a banda ficassem bem próximos em um clima ao mesmo tempo caloroso e aconchegante. Quase para completar três décadas de carreira, o grupo agora entra em estúdio para preparar mais um álbum de inéditas, com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2020.

SETLIST 

1- Newborn Me

2- Travelers of Time

3- Waiting Silence

4- Nothing to Say

5- Insania

6- Millennium Sun

7- Solo de bateria

8- Black Widow’s Web

9- Upper Levels

10- Lisbon

11- Ømni – Silence Inside

12- Silence and Distance

13- The Bottom of My Soul

14- Morning Star

15- Time

16- Magic Mirror

Encore:

17- Rebirth

18- Carry On/Nova Era

19- ØMNI – Infinite Nothing