A-ha – Cast in Steel (Universal Music)
Nota 7
É estranho ouvir falar em um álbum novo do A-ha. Muita gente vai se perguntar: “Mas eles ainda tocam juntos?” Na verdade, a última turnê terminou em 2010 e, de lá para cá, seus integrantes se dedicaram a trabalhos pessoais. Fato é que esta reunião de agora, foi influenciada pela apresentação que o trio norueguês fará na noite de encerramento da edição do Rock in Rio deste ano, no dia 27 de setembro. Em 1991, quando tocaram no festival, produzido por Roberto Medina, pela primeira vez, estavam em um momento “pós-auge” e tinham uma batelada de hits para colocar as quase 200 mil pessoas presentes no Maracanã para cantar.
A ideia dessa nova apresentação na Cidade Do Rock, que dá início a uma nova turnê, é comemorar os 30 anos do lançamento do disco de estreia, “Hunting High And Low”. Mas, há seis anos sem lançar material inédito, eles que sempre foram sucesso de público e vendas por aqui, desta vez, vão ter mais trabalho para empolgar a galera.
O novo álbum, “Cast in Steel”, décimo trabalho em estúdio, é certamente dirigido aos antigos fãs, tentando recuperar algum tipo de “aura” perdida no tempo. Quanto a novos seguidores, não é muito provável que o disco desperte a curiosidade de meninos e meninas que não viveram a época do tecnopop nas paradas. Ainda que tenha acabado de ser lançado, “Cast in Steel” às vezes parece datado demais.
O mais interessante após uma primeira audição, talvez seja a constatação de que a bela voz de Morten Harket continua limpa e impecável, melhor que a de muitos vocalistas de sucesso por aí. Obviamente que o sujeito já não alcança os agudos que foram sua marca registrada anteriormente, mas não deve fazer feio no palco.
O que acontece aqui é que o A-ha se mostrou um tanto pretensioso no final das contas. O grande intervalo sem discos parece ter encorajado o trio a voar mais alto. São 18 músicas distribuídas em dois CDs, totalizando 73 minutos. Para alguns – ou muitos – é esse o maior problema do álbum: é longo demais. Depois de escutar as 12 faixas do CD 1, a vontade é deixar para escutar o segundo em uma outra hora.
Se a ideia era recuperar um pouco daquela atmosfera característica da década de 1980, período de maior sucesso mundial do A-ha, o resultado pode ser considerado positivo. “Door Ajar” e “Mythomania” desenvolvem bem este papel. Da mesma forma, as baladas – que em se tratando de A-ha, não poderiam estar ausentes – “Under The Makeup” e a faixa que dá nome ao álbum são bons exemplos.
Mas não é só isso. Harket e companhia quiseram diversificar e tentar desvincular a imagem do grupo daquela época de teclados e sintetizadores em excesso. Não tiveram muito êxito. Tudo o que não parece anos 80, soa um pouco mais desanimado do que se poderia esperar. Falta vigor e energia na maior parte das canções. Exceção para “Forest Fire” ou “Giving Up The Ghost”.
Trata-se de um repertório um tanto melancólico, tanto em arranjos quanto em melodias e letras. “Living At The End Of The World”, por exemplo, vem nessa levada, mas se destaca como uma bela canção. É esse o caso também de “The End Of The Affair” e “Nothing Is Keeping You Here”. O que resta agora é aguardar o Rock in Rio para ver como pretendem misturar o velho e o novo repertório. Vai ser complicado conseguir uma mistura homogênea.