Simple Plan: nostalgia e pedido de casamento marcam show em São Paulo

Fotos: Manuela Scarpa/Brazil News

O Simple Plan subiu ao palco da Audio, em São Paulo, no último domingo (27). Os canadenses estão em excursão comemorando o aniversario de 15 anos de seu debut álbum, “No Pads, No Helmets… Just Balls”, lançado em 2002. Sem a presença do baixista David Desrosiers, em tratamento e enfrentando depressão, o grupo fez a alegria dos presentes em um show festivo e nostálgico, que contou até mesmo com um pedido de casamento de um fã em cima do palco.

Pontualmente às 20h e assim como no clássico registro ao vivo do grupo “MTV Hard Rock Live”, de 2005, sirenes anunciaram que o Simple Plan estava pronto para subir ao palco. “Como vocês estão, São Paulo?”, disse o vocalista Pierre Bouvier, antes de iniciar o repertório com a animada “I’d do Anything”, canção introdutória do trabalho de estreia, que seria executado na íntegra. “Bem-vindo à turnê de aniversário do ‘No Pads, No Helmets… Just Balls'”, concluiu. “The Worst Day Ever” fechou a dobradinha inicial.

Em um começo de show caloroso, tanto por parte da banda quanto pelos presentes, Pierre não precisou de mais do que duas músicas para ir literalmente aos braços de seus fãs. O vocalista desceu até a grade em “You Don’t Mean Anything”. “Vocês estão quentes hoje à noite”, comentou em seu primeiro grande diálogo com o público. “Esse álbum foi lançado 16 anos atrás, vocês acreditam nisso? Isso é muito tempo e me faz sentir bem velho, mas tudo bem, ainda tenho todo meu cabelo, ao contrário de Jeff”, brincou arrancando risos de todos. “Pelo menos ele tem uma cabeça bonita”, concluiu. “I’m Just a Kid”, uma das faixas de maior sucesso da banda veio a seguir. “Eu amo você, São Paulo”, declarou em um português um tanto quanto acentuado, para o delírio dos fãs.

Lançado em 2002, “No Pads, No Helmets… Just Balls” foi, e ainda é, um marco para o pop punk da década de 2000. Com sua temática voltada para problemas enfrentados pelos adolescentes e colegiais, o disco rendeu ao Simple Plan diversas premiações e certificações, entre eles o “Disco de Platina Duplo”, no Canadá e nos Estados Unidos. Neste último, bateu a marca de mais de 2 milhões de cópias vendidas. Na época do lançamento, Bouvier declarou que a ideia do disco era a de fazer com que os jovens sentissem que a banda estivessem escrevendo sobre suas próprias vidas. Apesar da temática abordada, os riffs e os power-chords presentes no disco fazem com que o disco seja um álbum festivo e dançante, assim como outros do estilo.

Voltando ao show, foi a vez de “When I’m With You”. Durante a faixa, Pierre brincou que na época do lançamento do álbum, muitos dos presentes eram apenas crianças. “Vocês já estão na casa dos vinte e poucos anos, mas anos antes tinham que pedir para suas mães para ir nos assistir”, disse. “Mãe, o Simple Plan está na cidade, eu amo eles, me deixe ir no show, por favor?”, brincou imitando a voz de uma criança. “NÃO!”, foi sua própria resposta como mãe, dessa vez engrossando a voz. Ainda rindo, o vocalista fez com que todos levantassem o dedo do meio e mandassem suas mães se foderem. Após ser repreendido por Sebastian, Pierre disse estar brincando e que era melhor os presentes não fazerem isso, ou alguém ficaria de castigo. “I Meet You There” veio na sequência.

Um dos momentos mais marcantes do show aconteceu em “Addicted”, um dos clássicos da banda. Em um dos trechos da faixa no qual o baixista David Desrosiers costumava cantar, o público levantou plaquinhas com as escritas de “David está aqui”, junto a um coração. Desrosiers não está excursionando com o grupo devido a problemas de depressão profunda, fazendo com que o músico se resguarde e foque no tratamento de sua doença. Diante do problema, a Simple Plan Foundation, fundação sem fins lucrativos criada pelos membros do grupo, está doando a maior parte de seus fundos arrecadados para organizações voltadas à saúde mental, manifestando total apoio ao baixista.

“My Alien”, uma das canções preferidas dos fãs e sendo comumente executada apenas em trechos de medleys e afins, foi dessa vez executada em sua versão completa, para a euforia dos presentes. Logo após “God Must Hate Me”, Pierre perguntou quem estava assistindo ao Simple Plan pela primeira vez e, após ser correspondido, apresentou os membros da banda um a um. Na vez de Jeff, o vocalista brincou que apesar do estilo do grupo o limitar a tocar na maioria das vezes apenas power-chords, o guitarrista era um músico virtuoso. Stinco então solou para provar que o que Pierre dizia era verdade. “I Won’t Be There” veio a seguir, com enormes bolas de praia voando por toda a Audio, fazendo da casa uma verdadeira festa. Durante a faixa, o vocalista brincou que o show estava ótimo e agradável, mas que talvez faltassem caipirinhas. Aliás, muito provavelmente durante todas as vezes que o Simple Plan tenha se apresentado em São Paulo, Pierre teve o seu momento de alegria com o típico drink brasileiro.

Já na reta final do repertório de “NPNHBJ”, foi a vez de “One Day”. O vocalista então disse que a próxima música seria dedicada aos “fãs hardcore” de Simple Plan. Podendo resumir o álbum e a atmosfera do show em seu primeiro trecho, foi a vez de “Grow Up”. “Esse sou eu e isso é o que eu gosto. Good Charlotte, Sum 41, Blink e MxPx estão tocando em meu quarto. Se você quiser me encontrar, estarei nos shows, não existe lugar melhor para ir”, diz a faixa. Em seu último refrão, Pierre e Chuck trocaram de posições. O baterista se dirigiu ao centro do palco e agradeceu ao caloroso público que ali estava e ainda brincou dizendo que tinha certeza que o Brasil levaria a Copa do Mundo deste ano. Pierre então fez dois curtos solos de bateria, mas para Chuck isso não foi o suficiente. “Até que foi legal, mas assim como muitas coisas na sua vida, não foi longo o suficiente”, brincou. “Não foi isso que sua mãe me disse”, respondeu o vocalista, arrancando aplausos e gargalhadas dos presentes. Após o pedido de Sebastian, Chuck se jogou na plateia.

Muito provavelmente a faixa de maior sucesso do Simple Plan, “Perfect” foi tocada em uma versão acústica comandada por Pierre. A banda e os presentes se uniram para ecoar em uma só voz em outro momento emocionante do show. O vocalista então agradeceu a todos e disse estar muito feliz por estar na cidade de São Paulo, pois quase não conseguiram vir devido aos problemas que o nosso país está enfrentando por conta da greve. O grupo então se retirou do palco pela primeira vez.

Foi com “Shut Up!”, faixa de abertura de seu segundo disco “Still Not Getting Any…”, de 2005, que o Simple Plan apareceu novamente. Com um cachecol do Brasil enrolado em seu pescoço, Pierre pediu para que todos os presentes “saíssem do chão”. “Jump”, também do mesmo álbum, veio em sequência, fazendo com que as mais de três mil pessoas presentes pularem todas ao mesmo tempo. “Eu sabia que vocês não iriam me decepcionar”, disse o vocalista. “Boom!”, única faixa do disco “Taking One For The Team” a ser executada, veio a seguir. Após a canção, Pierre disse que chamaria alguém no palco para dizer algo especial, foi então que aconteceu uma grande surpresa. Henrique, um fã da banda, apareceu no palco e chamou sua namorada. Logo após, o rapaz se ajoelhou e a pediu em casamento, com uma caixinha de alianças, para o delírio do público. Felizmente, o pedido foi aceito. O casal então bateu uma foto com toda a banda e agradeceu a oportunidade. Pierre brincou ao dizer que estava emocionado.

“Jet Lag” e “Summer Paradise” foram as canções do disco “Get Your Heart On!” a serem executadas. Nesta última, a banda convidou alguns fãs que estavam na pista para se juntarem a eles no palco. Já em tom de despedida, foi a vez de “Crazy”. Durante a canção, e em questão de segundos, Pierre desapareceu do palco e apareceu na mesa de som localizada ao fundo da casa, para a euforia daqueles que ali estavam. “Welcome to my Life”, outro grande hit da banda, foi a canção escolhida para encerrar o repertório.

Depois de uma hora e quarenta minutos, o Simple Plan se retirou do palco da Audio, em São Paulo. Calorosamente aplaudidos, o grupo trouxe aos presentes a oportunidade de assistir e ouvir faixas que fizeram parte da adolescência de muitos, com um repertório nostálgico, fazendo deste um show único e especial. Convenhamos, a banda poderia continuar comemorando anualmente o lançamento de “No Pads, No Helmets… Just Balls” e não teríamos do que reclamar. Vamos torcer para que o Simple Plan retorne logo à capital paulista, desta vez com David Desrosiers e sua saúde recuperada.