Carisma e técnica marcam show do Accept em São Paulo
Praticamente um ano depois da apresentação no festival Monsters of Rock, o Accept retornou ao Brasil com sua turnê solo. A nova passagem pelo país começou em São Paulo, na última sexta-feira (08), mais precisamente no Carioca Club. A banda cumpriu o seu dever e deu o que todos os presentes esperavam: um espetáculo com peso de sobra.
Não era de se duvidar que o Carioca Club estaria lotado. Em 2015, no Monsters of Rock, os alemães fizeram um show que foi eleito por muitos como o melhor do dia. Vale lembrar que naquela data ainda contaria com bandas de espetáculos inigualáveis como Manowar, Judas Priest e Kiss. Se na época, com um repertório de onze músicas e pouco mais de uma hora de show, os alemães surpreenderam, era óbvio que a plateia estava ansiosa para ver o que o Accept poderia fazer com um palco só para si.
Conforme o previsto, o grupo subiu no palco às 19h com a faixa “Stampede”, do álbum que a banda vem promovendo durante essa turnê, o “Blind Rage” (2015). Sem tempo para respirar, o grupo emendou as excelentes “Stalingrad” e “Hellfire”, com o vocalista Mark Tornillo balançando um mastro com a bandeira do Brasil. “Thank you Sâo Paulo, obrigado!”, disse Mark em suas primeiras saudações ao público brasileiro. Se o público já correspondia bem ao grupo, foi em “London Leatherboys”, o primeiro clássico da noite, que o Carioca Club realmente veio abaixo. A faixa serviu para abrir a porteira, dali pra frente foi clássico atrás de clássico.
Após uma tríade de faixas oitentistas – “Living for Tonite”, “Restless and Wild” e “Midnight Mover” – foi a vez de apresentar mais uma faixa do trabalho recente do grupo. “Dying Breed” é um tributo aos grandes nomes do heavy metal, nomes esses que a banda se refere como uma fiel raça em extinção, citando bandas como Led Zeppelin e Black Sabbath em sua letra. Como não poderia ser diferente, Mark dedicou a faixa para Lemmy Kilmister, o “herói do metal”, segundo o vocalista.
Um dos aspectos que fazem do show do Accept um grande espetáculo, é a presença de palco dos integrantes. Mark conduz o show com extrema confiança e movimentação, enquanto Wolf Hoffman (guitarra), Uwe Lulis (guitarra) e Peter Baltes (baixo) dão uma aula de simpatia. Os três estão o tempo todo em comunicação com a plateia, apontando, jogando palhetas e com sorrisos estampados de ponta a ponta em suas faces. A banda demonstra estar sempre bem à vontade, sabendo da qualidade daquilo que apresentam e abusando da técnica de seus integrantes, com batalhas de guitarra e baixo em diversos momentos do show.
Pelo resto da noite, o repertório da banda foi bem dividido entre faixas mais antigas e dos últimos discos. Não faltaram coros por parte da público, com destaque para “Princess of the Dawn”, clássico absoluto da banda e que certamente foi um dos pontos altos do show. “Metal Heart” conseguiu promover um canto generalizado por parte do plateia, que acompanhou cada nota de seu interlúdio com “Für Elise”, clássico de Ludwig van Beethoven, assim como em “Fast as a Shark”, com o tema folclórico “Ein Heller und ein Batzen” na sua introdução.
Já na reta final do show, o baterista Christopher Williams apareceu no palco com uma camiseta da seleção brasileira, sendo recebido por parte dos presentes com gritos de “7 a 1”. A dobradinha com “Teutonic Terror” e “Son of a Bitch” foi mais do que frenética e levou os fãs ao delírio, mas o último golpe veio com o maior clássico da banda, “Balls to the Wall”, que fez o Carioca Club realmente vir abaixo, fechando com chave de ouro a apresentação dos alemães.
Com praticamente duas horas de show, o Accept fez mais uma apresentação memorável em São Paulo. Com a promessa de um breve retorno, o que não é de se duvidar, já que a banda esteve por aqui quatro vezes nos últimos seis anos. O grupo deu o ponta-pé inicial na turnê brasileira com a sensação de dever cumprido. Vale ressaltar a ótima qualidade de som do Carioca Club, que dessa vez funcionou muito bem.
Confira a seguir o setlist:
01. Stampede
02. Stalingrad
03. Hellfire
04. London Leatherboys
05. Living for Tonite
06. Restless and Wild
07. Midnight Mover
08. Dying Breed
09. Final Journey
10. Shadow Soldiers
11. Starlight
12. Bulletproof
13. No Shelter
14. Princess of the Dawn
15. Dark Side of My Heart
16. Pandemic
17. Fast as a Shark
18. Metal Heart
19. Teutonic Terror
20. Son of a Bitch
21. Balls to the Wall