89 FM comemora 30 anos celebrando o rock nacional

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Titãs (Foto: Marcos Chapeleta)

A história da 89 FM – A Rádio Rock se mistura com a ascensão do rock brasileiro. Foi em 1985 que houve a explosão de bandas nacionais, algumas delas estiveram na primeira edição do Rock in Rio. O festival foi o grande responsável por acreditar em bandas como Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho, na época em início de carreira. Nesse mesmo período, a cidade de São Paulo foi presenteada com a 89 FM. A rádio também abraçou esses grupos, além de Titãs, Ultraje a Rigor, Ira! e trouxe uma linguagem jovem em sua programação, assim aproximando mais o ouvinte. Os anos 1990 também foram marcantes com o rock divertido dos Raimundos e Mamonas Assassinas, como também o Charlie Brown Jr, com sua linguagem das ruas. Todos eles foram revelados pela 89 FM. Na década seguinte, o CPM 22 explodiu com seu hardcore e ainda teve o Capital Inicial que se renovou a partir do seu álbum desplugado. Mas em 2006, a 89 mudou seu perfil, deixando órfãos não apenas os ouvintes, como também as bandas do Brasil. Porém, em 2012 a rádio com sua cara original voltou a respirar.

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Urbana Legion com Rafael Bittencourt (Foto: Marcos Chapeleta)

Os ouvintes foram muito importantes por esse retorno da Rádio Rock, e estiveram em peso no aniversário de 30 anos da emissora paulista, que ocorreu no último sábado, 28. O Anhembi foi cenário da festa da 89 FM em um festival que contou com Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Titãs, Raimundos, CPM 22, Pitty, Vespas Mandarinas, Scalene, Supercombo, Urbana Legion e Nem Liminha Ouviu. O evento foi uma verdadeira celebração em um encontro de gerações. Aliás, encontros é que não faltaram durante os shows. O Urbana Legion, por exemplo, projeto que reúne integrantes do Charlie Brown Jr. e Tihuana, convidou músicos de diferentes momentos do rock para fazer uma grande festa em cima do palco. Egypcio (vocal), Marcão Britto (guitarra), Lena Papini (baixo) e PG (bateria), chamaram para uma jam session Rafael Bittencourt (Angra), Tavares (ex-Fresno), Kiko Zambianchi, Román Laurito e Leo (Tihuana). A trilha sonora desse encontro contou com sucessos do Legião Urbana, uma atrás da outra, no melhor estilo punk rock: “É feito de fã para fã”, disse Egypcio sobre o projeto.

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Raimundos (Foto: Marcos Chapeleta)

Falando em três acordes, o Raimundos representou muito bem ao relembrar os anos 1990 com clássicos como “Puteiro em João Pessoa” e “Eu Quero Ver o Oco”, além de novas canções do álbum “Cantigas de Roda”. Digão comemorou as 15 mil pessoas presentes no festival: “O rock está vivo e isso aqui é a maior prova”. Os caras fizeram a galera pular e abrirem grandes rodas de pogo. Sem dúvida foi um dos melhores shows do evento. No final da performance, os brasilienses convidaram Badauí (CPM 22) e Supla para um outro encontro. O Papito também subiu ao palco para cantar com os Paralamas do Sucesso. Herbert Viana lembrou da história dos Paralamas junto com a 89: “Levantamos o rock nacional nos anos 80, corremos juntos”. Já o baterista João Barone deixou um recado aos que não acreditam no rock brasileiro: “O rock nacional vai muito bem, obrigado. Se perguntarem, diga que ele esteve aqui”.

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Herbert Viana, dos Paralamas do Sucesso, e Supla (Foto: Marcos Chapeleta)

A música “Que País é Esse” foi a mais tocada entre as bandas participantes. O Urbana Legion e o Capital Inicial executaram a faixa, assim como os Paralamas. Todos demonstraram indignação pelo atual momento do país. Não muito diferente, e sem papas na língua, os Titãs “homenagearam” os políticos do Brasil com “Vossa Excelência”. Sergio Britto comentou que é inadmissível o país ter Eduardo Cunha como presidente da Câmara. “Desordem” foi dedicada ao político. O show dos caras cheio de atitude foi outro bem caloroso pelo público.

Das novas apostas estiveram o Supercombo e o Scalene, além do Vespas Mandarinas. Todas elas com músicas na programação da Rádio Rock. O CPM 22, com seu hardcore melódico e letras sentimentais, agitou a galera, assim como Pitty fez todo mundo cantar seus sucessos. Vale lembrar que o festival começou ao meio-dia e o público enfrentou um sol de rachar e também uma forte chuva. Porém, não arredou o pé do local, vibrando em cada apresentação.

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Dinho, do Capital Inicial (Foto: Marcos Chapeleta)

Por fim, o Capital Inicial subiu ao palco com um setlist que estava na boca dos fãs. O grupo tocou canções que servem facilmente como trilha sonora dessas três décadas de 89 FM e rock nacional. A banda soube se renovar durante todo esse período, não é por acaso que é considerada uma das maiores bandas do país. Dinho Ouro Preto lembrou da ditadura na década de 1980 e falou sobre a tentativa de censura do disco de estreia por causa da música “Veraneio Vascaína”. A banda ainda tocou novidades do novo álbum “Acústico NYC”. O último encontro da noite foi do Capital com o guitarrista Thiago Castanho, ex-Charlie Brown Jr. Chorão e Champignon foram lembrados na faixa “Só Os Loucos Sabem”, com a plateia cantando à capela o sucesso. Foi um dos melhores momentos do show.

Foi um dia inteiro de celebração ao rock nacional. Aliás, no mesmo dia teve um evento de música sertaneja na cidade, mas que não deixou a festa da 89 perder seu brilho, pelo contrário. Isso só comprova que o rock vai muito bem, obrigado.